A sumária suspensão dos voos fretados para a Paraíba veio fragilizar; ainda mais; a estrutura de turismo de um estado que; há anos; se mantém fora da programação dos operadores e agentes de viagens. Ante a anunciada tragédia – a suspensão dos voos fretados – os hotéis que; tradicionalmente; já amargavam taxa de ocupação inferior a 60%; mesmo na mais alta temporada; viram o movimento despencar outros 25%.
De nada adianta; porém; chorar o leite derramado. Melhor é ouvir aquilo que diz o senso comum: se você só tem um limão; faça uma limonada!
A Paraíba não merece a inércia do poder público e da iniciativa privada diante do desmonte da sua infraestrutura de turismo. É hora; isso sim; de reverter essa situação de abandono! Brasileiros ou estrangeiros; os turistas merecem conhecer a Paraíba! E não apenas a Paraíba das belas praias de Tambau e Manaira; onde o Sol; sempre generoso; nasce primeiro; na Ponta do Seixas; às quatro da manhã; para se pôr às 18 horas; ao som do Bolero de Ravel; na Praia do Jacaré. Não falamos; tão-somente; da Paraíba onde a quota de espaço verde per-capita é superior a 85 metros quadrados. Não apenas a Paraíba onde taxa de violência é das mais baixas do mundo e ainda se pode caminhar de madrugada pelas ruas. Sem medo!
Nós falamos da Paraíba que descobre e revela o turismo rural no mais alto estilo! Um turismo rural que se sustenta nas fazendas e sítios de valor histórico; onde; além do contato com os modelos mais modernos de produção agroindustrial – o que; por si só; já bastaria para fascinar o homem urbano –; as atividades de lazer desafiam a imaginação mesmo das pessoas mais criativas. Se é verdade que as pessoas se lembram das experiências vividas nas viagens de férias por até dez anos; com certeza; quem se entregar à experiência do turismo rural no sertão da Paraíba há de pelo menos dobrar esse tempo de memória afetiva. Assim promete a Brasil Rural; que sai na frente não apenas no que diz respeito à iniciativa de desenhar produtos atraentes; tomando como pano de fundo o sertão da Paraíba. O ineditismo da operadora também se refere à maneira como desenha os produtos; pacotes de três a sete dias – rigorosamente; a partir de estudos desenvolvidos pelo Idestur (Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural). Eles investigam não apenas o ambiente rural da Paraíba; mas a expectativa dos diferentes públicos; potenciais turistas; suas preferências e sonhos. Um modelo que reproduz as melhores práticas internacionais; testadas; por exemplo; com enorme sucesso; pelos operadores e agentes de viagens que promovem o turismo rural na Amazônia Peruana.
O Roteiro Paraíba Rural leva o visitante em viagem fantástica pelo brejo; cariri e agreste do estado. No sertão; de paisagem surpreendente; misteriosa e bela; ele pode escolher cavalgar; pedalar ou; simplesmente; observar as aves; e experimentar aromas e sabores peculiares da culinária cabocla. Uma cozinha que cheira a coentro. Carne de sol com macaxeira ou jerimum; inhame com melado; farinha com castanha; tapioca com café preto e… muita; muita rapadura! Tudo isso sem falar nos queijos; pães; manteigas e doces deliciosos; com acesso ao sagrado mistério das receitas. Quem quiser; ali mesmo; pode pôr a mão na massa ali mesmo; nas oficinas aromáticas. A cavalo é possível; por exemplo; percorrer os engenhos de açúcar; até o sertão do Cariri; para conhecer “Cumpadre”; um dos mais entusiasmados divulgadores da culinária local.
Atrações à parte; a fazenda Carnaúba; do escritor Ariano Suassuna; autor de “Vidas Secas”; e os sítios arqueológicos; entre os mais procurados no mundo; nos transformam em personagens do fantástico enredo dos filmes. Na área frequentada por estudiosos do mundo inteiro; o destaque é o impressionante Lajedo de Pai Mateus. Mas os jardins de cactos e bromélias; que pintam a paisagem agreste da caatinga; são a memória viva dos povos nativos daqueles sertões; nossos antepassados. Difícil é dizer quando é que eles são mais bonitos; se na seca ou na cheia.
A presença solene e tranquila das cabras vai além de emprestar mais vida à paisagem; fundamentando uma ciência típica dos sertões da Paraíba – a Genética das Cabras Moxotó Branca; Parda e a Craúna.
Nos limites terminais do Brejo; o clima gostoso – de matas; engenhos; cachoeiras; boa comida e cachaça especial – surpreende o turista. Um verdadeiro oásis; justo prêmio ao espírito de aventura de quem aposta na “Paraíba masculina; mulher-macho”; mas que; acima de tudo; na viagem fantástica do turismo rural; é um show de beleza; misteriosa; rara; delicada; surpreendente e… inesquecível!
Andréia Roque é presidente do Idestur (Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural) e diretora da operadora Brasil Rural