
José Zuquim, diretor da Ambiental Viagens
Hoje quero me dirigir exclusivamente aos agentes de viagem. Passeando pelo Facebook e por blogs, me deparei com um intenso e vibrante debate sobre as OTAs, ou melhor, sobre a facilidade que essas empresas têm tanto na promoção direta ao público, como nos eventos dos agentes de viagem. Em um blog – diga-se de passagem sensacional -, chamado Sou agente de viagem, percebi com muito cuidado que as postagens são de quem esta na trincheira, na luta, no “ face to face “ com o passageiro. Confesso que me sensibilizei. Coisa de gente que ama o que faz e que se dedica a prestar um bom serviço.
Nesse sentido, quero tecer meus comentários. O que sinto é que a concorrência desleal é clara e notória em muitos aspectos. O primeiro e mais gritante é a divulgação do preço. Promoviam um valor e depois vinham com as taxas, quase uma faca Ginsu ao contrário. No caso das facas você ia ganhando produtos, já no caso da OTAs você vai ganhando taxas. Mais uma taxa de embarque, mais uma taxa de emissão e mais e mais…. Com isso, o preço final era bem maior que o divulgado no início. Porém, mesmo assim se ligaram ao consumidor e garantiram a ele que o mais barato é sempre pela internet. Pura MENTIRA! Foi preciso ações jurídicas para poder igualar essa questão dos preços.
Um pouco disso que estamos falando foi comprovado com a recente ruptura de umas das principais companhias aéreas mundiais com uma das OTAs mais midiáticas do momento. O motivo? A descoberta de que a agência online em questão estava atuando com práticas desleais e duvidosas quanto às tarifas. Em minha opinião uma grande notícia, pois mostra que o mercado sério está abrindo olhos e se preocupando com o bem estar de seus clientes.
Impossível não citar também os já tão conhecidos problemas de falta de flexibilidade nos roteiros, que são engessados tanto em questão de datas como de conteúdo, e a ausência total de atendimento direto em casos de dúvidas ou, principalmente, imprevistos antes, durante e depois da viagem. O que por si só já mostra uma falta de respeito e compromisso com o consumidor. Não à toa, se procurar nesses importantes sites de reclamação, verá que as OTAs estão muito presentes, com diversos tipos de queixas feitas por turistas enganados de alguma forma por elas.
Mas não para por aí, são regras de selvageria de mercado sem nenhuma regulação por parte dos poderes que deveriam garantir no turismo qualidade, emprego e renda para os que atuam na área. Uma massa de mídia e de facilidades tributárias que nunca ocorreu em nosso mercado tradicional. Vejam o caso desses sites de hotel. A reserva é feita, garantida, paga lá fora e nada fica aqui. Nada. Nenhum um posto de trabalho. Apenas que o passageiro não percebe que lá vai pagar em moeda estrangeira, com cartão, IOFs da vida e ainda à vista.
Seria leviano de minha parte querer falar de todos os males e polêmicas desse novo processo e seria mais leviano ainda querer garantir mercado cativo para nós, agentes de viagem e operadores. Mas para que tudo flua positivamente para todos, temos que ter isonomia de competitividade e ainda apoio tanto do governo como de nossas associações representativas. Seria o mínimo para darmos sustentabilidade ao segmento de agenciamento que deve gerar bilhões de dólares por ano e milhares de empregos para nosso país.
José Zuquim
Diretor da Ambiental Viagens
José Zuquim