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Opinião

Leia o artigo de Bayard Boiteux sobre “O Day after do Rock in Rio”

Ao fazermos uma avaliação do turismo carioca, nos damos conta de que os eventos contribuem cada vez mais para melhorar a ocupação hoteleira e ajudar na promoção da cidade. Um país em que os preços estão exorbitantes precisa dos eventos para sobreviver, sobretudo quando acontecem na baixa estação, como ocorreu com o Rock in Rio. Cabe aqui um elogio ao programa de turismo, desenvolvido pela Riotur, ajudando a resolver o problema da sazonalidade. É uma grande colaboração para o maior produto turístico do país, que ainda conta com a atuação do Rio Convention and Visitors Bureau.

A cidade do Rock, como um legado para a cidade e para os moradores da área vai, sem dúvida alguma, ajudar na valorização dos imóveis construídos no entorno, além de criar uma área de lazer. Tenho perfeita ciência de que o boom imobiliário na área do autódromo e da Abelardo Bueno nasce em parte pelos futuros eventos, que terão lugar. No entanto, embora o esquema de transporte com rotas preestabelecidas, distribuição de selos para os moradores que têm carro, tenha funcionado bem, houve uma mudança drástica de hábitos de deslocamento dos moradores, que se viram, de certa forma, ilhados, além de terem sido obrigados a participar dos shows, com um barulho ensurdecedor, sobretudo para pessoas doentes, crianças e a melhor idade, que se fixou na área, pela qualidade de vida.

Na primeira semana, tivemos alguns problemas na organização e na segurança. Filas enormes antes do início dos shows são normais mas assaltos não deveriam fazer parte de um evento, com ingressos caros. A tematização do Rock in Rio foi um dos melhores achados do Medina, além da área de entretenimento. Mas a Rock Street não foi bem dimensionada para o número de pessoas que ali circulou. O serviço de alimentação era moroso e pode ser aprimorado.

O aspecto eclético dos cantores e bandas que se apresentaram foi vital para o sucesso do evento. Os diversos palcos permitiram também uma segmentação e uma visão plural de interação, das diversas pessoas que gostam de shows. Notei públicos diferentes nos diversos dias, inclusive dos turistas nacionais, que vieram prestigiar o evento. Muito pouca demanda internacional, embora a promoção nos ajude na fixação de uma imagem positiva do Rio.

O transporte público, para moradores e trabalhadores dos condomínios foi ruim. Viram-se obrigados a descer bem longe de seus empregos e residências, assim como andar para eventualmente se deslocar para outros locais. Há uma necessidade de se rever tal componente vital do evento.

Como profissional de turismo e sabedor de que doravante vamos sediar grandes eventos, tomo a liberdade de sugerir aos organizadores do Rock in Rio que avaliem os horários dos shows, que poderiam acontecer no máximo até as 23 horas, para reduzir os impactos na população anfitriã do entorno. Entendo também que deva existir uma maior fiscalização nas vans e taxis, que cobravam valores abusivos, assim com o estacionamento irregular nas vias públicas dos condomínios da região.

Esperamos que tais considerações abram um debate profícuo, salientando que não somos contrários à realização de grandes concertos, que no caso específico permitiram uma ocupação de quase 100% dos hotéis, apenas gostaríamos de um melhor dimensionamento dos mesmos para a população anfitriã. Uma cidade só é boa para turismo e eventos se for, antes de mais nada, boa para os que nela moram.

* Bayard Do Coutto Boiteux é diretor do curso de Turismo da UniverCidade e preside o Site Consultoria em Turismo. Sua página online é www.bayardboiteux.pro.br

Bayard Do Coutto Boiteux*

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