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Portal Brasileiro do Turismo

Opinião

Impactos negativos do Custo Brasil

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O avanço da atividade de cruzeiros marítimos no Brasil é notório nos últimos anos. O setor registra expansão média de 33% ao ano; índice que poderia ser bem maior se não fossem os percalços enfrentados. A temporada 2010/2011; iniciada na primeira quinzena deste mês já apresenta os primeiros sinais de sucesso; como os 415 cruzeiros e a expectativa de 886 mil cruzeiristas; 23% a mais em relação à anterior; quando foram embarcados 720 mil hóspedes.

A chegada dos cruzeiros marítimos movimenta a costa brasileira. Nas cidades onde os navios fazem escala mais dinheiro é injetado na economia; beneficiando; principalmente; os setores de transporte; alimentação e o comércio de produtos típicos. Além disso; muitos dos insumos necessários à operação dos navios são repostos nos destinos; fator que contribui para a geração de novos empregos.  Mas; esta modalidade de turismo tão apropriada ao país; devido à extensão de sua costa; corre o risco da estagnação. O Brasil; que já é o quinto mercado mundial de cruzeiros; segundo o ranking da Cruise Lines International Association (Clia); e o único país da América do Sul na lista dos 40 destinos mais procurados; de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT); pode desperdiçar o seu potencial por causa da infraestrutura e dos altos custos operacionais.

Importante lembrar que os portos do país foram planejados para atender cargueiros e não para receber turistas. O retrato dessa situação se revela nas filas para embarque e na falta de cobertura; em caso de chuva; para citar apenas alguns desconfortos aos quais é submetido o turista. Cidades brasileiras; que merecem ser visitadas; estão fora dos roteiros por não apresentarem condições de receber navios de grande porte.

No ranking de qualidade dos portos; o Brasil ocupa a 123ª posição entre 134 países; de acordo com a Fundação Dom Cabral.  No país; o custo de praticagem é muito alto. No porto de Santos; por exemplo; paga-se 94% a mais do que em Florença;  92% mais do que em Santorini; 88% acima do que no porto de Roma e 83% a mais do que em Barcelona. As taxas portuárias seguem o mesmo caminho. Em Santos; são 162% mais altas do que em Lisboa; 122% acima das de Washington e 70% mais caras do que em Veneza.

Há muito a ser revisto no país para o pleno desenvolvimento do mercado de cruzeiros marítimos. A atividade precisa de melhores acordos tributários;  alfandegários;  trabalhistas  e  de imigração. Com o visto de trabalho das tripulações; as armadoras gastam; em média; R$ 10 milhões de reais por ano e; devido à incidência de PIS/Cofins sobre o combustível; só na temporada do ano passado os impostos chegaram a cerca de US$ 7 milhões. É hora de analisar seriamente o Custo Brasil.

Ricardo Amaral é presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar)

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