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Opinião

Classificação hoteleira: o cliente tem a palavra final

Não é de hoje que o governo federal tenta criar uma matriz de classificação para os hotéis brasileiros. A quantidade de estabelecimentos e as grandes diferenças regionais são fatores que; até hoje; dificultam qualquer iniciativa que vise classificar e comparar os meios de hospedagem. Embora reconheça ser importante definir uma padronização para a venda de pacotes para operadoras estrangeiras; especialmente agora que o Rio de Janeiro receberá uma série de grandes eventos esportivos; vejo essa obstinação do governo em rever o sistema classificatório da hotelaria com ressalvas.
 
Desde minha primeira passagem à frente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ) e; posteriormente na ABIH-Nacional; sempre me opus ao tema. Embora a discussão seja antiga; minha argumentação à época se mantém atual: estabelecer via padrões determinados pelo governo; ou mesmo pelo setor; uma classificação aos empreendimentos hoteleiros; é algo; no mínimo; delicado e; acima de tudo; extremamente complexo. Por isso; apesar dos recentes avanços ; em que o governo pouco a pouco se mostra mais flexível em suas demandas; mantenho-me atento às perspectivas de implementação do sistema mas temeroso quanto ao processo e resultados.
 
A justificativa é simples: o Brasil é um país continental; o que torna qualquer tentativa de padronização de um setor uma tarefa hercúlea. Cumpre acrescentar que não existe nenhum outro tipo de estabelecimento comercial sujeito à classificação oficial no Brasil. Por que; então; a hotelaria deveria ser submetida?
 
Voltemos; então; ao ponto inicial. Neste país continental; um hotel urbano no Rio de Janeiro; por exemplo; não é a mesma coisa que um similar em Manaus e até mesmo em Belo Horizonte ou São Paulo. Mais ainda: como classificar um hotel ícone do setor como; por exemplo; o Copacabana Palace? Portanto; a chance de haver erros ou injustiças nas avaliações é proporcionalmente igual à dificuldade de classificar os hotéis Brasil a fora; ou seja; gigantesco.
 
Há ainda outro ponto que merece ser avaliado pelas autoridades: o custo. Pelo que vem sendo discutido; a classificação vai demandar visitas técnicas e auditorias para verificar se o empreendimento analisado realmente se encaixa em todos os critérios estabelecidos pela matriz declarada. Com a confirmação; o MTur e o Inmetro emitem um selo para o hotel; mostrando qual sua categoria e quantas estrelas ele recebeu. Esta primeira classificação; inicialmente sem custos; terá a validade de três anos; podendo ser renovada após este prazo. Será que esse processo; que envolve de forma contínua; auditorias; fiscalizações e um detalhado processo de análise; não impactará sensivelmente a receita de um pequeno meio de hospedagem – lembrando ainda que ele deve repeti-lo após três anos; quando terá que renovar sua certificação? Em que pese todas as ressalvas; reafirmo que a ABIH-RJ está aberta a discussões. A participação de toda a hotelaria é fundamental para que se chegue a um consenso. Defendo; no entanto; um modelo em que a classificação seja conduzida única e exclusivamente pelo cliente. Entendo que o próprio consumidor; pela liberdade de escolha; pelo princípio de livre iniciativa; é quem deve ser o senhor de sua decisão; afinal; é ele quem usufrui; e avalia os produtos e serviços oferecidos.
 
Com o avanço da internet e das atuais mídias sociais; o hóspede está mais próximo do que nunca da informação. Talvez; a opinião de terceiros; partilhadas; por exemplo; no Twitter; ou em um site de relacionamento; seja atualmente muito mais determinante para sua escolha do que propriamente a classificação oficial do hotel selecionado. Não podemos excluir a força crescente que é a opinião do cliente e sua capacidade de repercuti-la em nossa sociedade globalizada. Com esse procedimento; sendo a classificação espontânea<

Alfredo Lopes é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ).

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