Nem tudo são flores quando o assunto é o turismo no Brasil. Apesar do país sediar ainda neste mês a Copa do Mundo da Fifa e, em 2016, os Jogos Olímpicos, os primeiros meses deste ano tem sido duros. A International Congress and Convention Association (ICCA) divulgou, em meados de maio, o ranking dos destinos que mais sediaram eventos em 2013. Uma surpresa ‘non grata’ para o Brasil. O país caiu duas posições e passou de 9º para 7º. Num momento de tamanha exposição, o esperado deveria ser exatamente o contrário. Quem sabe ganhar duas posições? Bom, como diz o ditado no futebol: “quem não faz gol, leva”. China e Japão – diga-se de passagem duas potências quando o assunto é turismo – aproveitaram para arrancar na nossa frente.
Entre as cidades, o Rio de janeiro é a mais bem colocada, à frente de São Paulo, mas ainda sim atrás de Buenos Aires. Ou seja, há muito que avançar. O governo estima que os próximos anos e rankings devam ser mais positivos para o nosso país, levando em conta os megaventos que teremos pela frente. Isso não deixa de ser verdade, mas, para que tudo seja revertido em ganhos futuros, teremos que fazer bonito tanto na Copa quanto nas Olimpíadas, e aí que mora o perigo.
Balanços feitos a poucos dias do Mundial de Futebol mostram que apenas metade dos projetos inicialmente propostos ganhou vida. Não há mais tempo, não há mais o que fazer. A Copa de 2014 é agora. Neste momento não nos resta outra alternativa a não ser torcer para que tudo dê certo. O que podemos esperar é que os problemas enfrentados neste Mundial sirvam de lição.
Mais uma vez, o país está atrasado na preparação para o próximo grande evento, em 2016. Durante o Fórum Olímpico, que aconteceu no final de abril, em Sidney, na Austrália, o vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), John Coates, afirmou que os preparativos para as Olimpíadas de 2016 são os “piores” na história recente dos jogos. De acordo com Coates, o COI teve que adotar uma postura de ‘mãos na massa’, o que é sem precedentes na história da instituição.
Dois dias após a declaração de insatisfação com a organização brasileira, o vice-presidente do COI deu uma entrevista em que se retratava, destacando que a cidade sediará “excelentes Olimpíadas”. Aí já era tarde. O estrago já estava feito e se transformou numa onda de especulação. A idéia? De que o Rio de Janeiro pode perder o direito de sediar as Olimpíadas já que, até o momento, somente 10% das obras necessárias para o evento foram executadas. A situação é grave, mas não podemos aceitar tamanha “humilhação”. Perder os Jogos seria um retrocesso e banho de água no turismo do Brasil.
Natália Strucchi é jornalista, pós-graduada em Relações Internacionais e editora-chefe do M&E e da Folha do Turismo