O turismo internacional é um segmento econômico muito competitivo. Em 2010; recebemos 7;48% mais visitantes do que em 2009; melhor resultado obtido desde 2005. As receitas em divisas cresceram 11;58%; chegando a US$ 5;919 bilhões. Esse montante é recorde. O crescimento do número de visitantes foi impactado; em grande parte; pela entrada de turistas vindos de nossos países vizinhos.
É natural que; por causa da proximidade geográfica; a América do Sul tenha maior potencial para embarcar turistas para o Brasil. Porém; não se pode ignorar que o bom desempenho econômico desses países no ano passado; associado à intensificação da promoção da Embratur nos mercados sulamericanos; incentivou as viagens de lazer e negócios. Para se ter uma ideia; o fluxo de visitantes dos países da América do Sul teve uma elevação de 13;7%; total de 2;3 milhões de pessoas; sendo o continente que mais contribuiu para o crescimento do número de entradas de turistas no país em 2010.
No ano passado; 1.399.592 de argentinos vieram para o Brasil; número 15;6% maior que em 2009; quando recebemos a visita de 1.211.159 milhão. O Uruguai ficou em 4° lugar; emitindo 228.545 turistas; 20;7% mais que em 2009; e o Chile saltou da 11ª para a 6ª posição (crescimento de 17;7%; passando de 170.491; em 2009; para 200.724 turistas; em 2010) no ranking dos países emissores para o Brasil. Este resultado revela que a política de se investir no continente tem trazido bons frutos.
O volume dos aportes em promoção cresceu para R$ 17 milhões em 2010; quase 70% superior aos R$ 10;24 milhões registrados no ano anterior. Os números são positivos e só não mais expressivos em função do valor da cotação do dólar que encarece o produto Brasil.
A análise do cenário mundial nos mostra uma grande competição entre países e uma qualificação maior na busca de visitantes cada vez mais exigentes e experientes. Buscamos nichos; segmentos e mercados que tragam turistas com um gasto médio mais alto; ainda mais tendo em conta o perfil de custo que o destino Brasil oferece.
Mesmo com os números apontando o bom desempenho é preciso trabalhar mais a América do Sul. O crescimento das economias de vários países desta região foi bastante significativo nos últimos anos e reforça a possibilidade de aumentar a entrada de turistas dessas nações no Brasil. Um dos principais obstáculos a superar é ter maior acessibilidade aérea com nossos vizinhos. Sendo assim; a acessibilidade ainda é um desafio a ser superado. Temos um litoral enorme; com variadas opções e não há; por exemplo; uma frequência sem escalas que leve os nossos vizinhos diretamente para o nordeste brasileiro.
Outra ação que deve ser desenvolvida é a atuação mais intensa em mercados que; proporcionalmente; enviam poucos turistas ao Brasil. O Peru; por exemplo; apresentou um crescimento de 2% de 2009 para 2010 (78.975 para 81.020); mas é possível atrair mais turistas desse país ao Brasil. Lembramos que para a promoção gerar resultados; a oferta de destinos deve ser adequada às preferências de cada público consumidor. Um exemplo é o sucesso que a Serra Gaúcha e suas cidades começam a fazer no Peru; pela arquitetura; influenciada pela imigração europeia; e pela natureza; muito diferentes do que se encontra naquele país. Como resultado disso; já há oferta de voos entre Lima e Porto Alegre; e novas rotas vão se abrindo. O Peru já tem 57 frequencias e 8.991 assentos semanais para o nosso país.
O Brasil como destino tem uma riqueza cultural; natural e do jeito de ser do seu povo que estão presentes na nossa estratégia de comunicação. É também fundamental inovar; agregar conteúdo e valor de informação para fazer promoção de destino. O cenário competitivo vai continuar forte e; para colhermos bons frutos; é preciso trabalhar muito.
Mário Moysés é presidente da Embratur