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Portal Brasileiro do Turismo

Opinião

50 anos de Nascimento Turismo

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Trabalhei como despachante no escritório de meu pai; desde 1957. Certo dia; em 1961; uma tradicional cliente encomendou cinco passaportes; mas na hora de pagar por eles resolveu solicitar à empresa aérea Air France que me desse a comissão das passagens que adquiriu ao invés de quitar a fatura. Ao invés de receber o equivalente a 250 dólares; recebi 2.500 de comissão. Mas; para tanto; fui obrigado a abrir minha a agência de viagens. Achei que havia descoberto a mina que me faria rico em pouco tempo. Ledo engano; mas insisti e acabei me apaixonando pelo ramo. Daí não acreditar muito em vocação e sim no bom aprendizado; pois hoje estou convencido que o desconhecimento traz o desinteresse; assim como também; o conhecimento provoca o amor.

Nestes 50 anos superei muitos obstáculos; em especial os planos econômicos que proliferaram nos anos de 64 a 99. Entre eles; a proibição de financiamento de viagens ao exterior; depósitos compulsórios para viajar; proibição de pagamentos no exterior; Plano Collor; Plano Sarney e não sei mais quantos outros planos; sem falar nos períodos de inflação altíssima; nos quais não havia como planejar o futuro de qualquer empresa.

Minha trajetória mistura a vida empresarial e política; política de classe!
Iniciei os primeiros embates públicos ao discordar do registro das agências no Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária; o que convenhamos não fazia nenhum sentido. Depois; entrei na luta pela criação da Embratur e desde então; nunca mais deixei  a política de classe. Aprendi a defender o direito de todos para defender os meus e defendendo os meus defendia o de todos. Assim me dediquei à luta contra a implantação de Depósito Compulsório e a proibição de remessas em 1976; propondo a implantação do Cambio Viagem (originada no Conselho de Turismo da Federação do Comércio de São Paulo); após 12 anos de intensa pregação e que acabou por vingar na criação do Dólar Turismo; graças ao apoio de João Dória Jr.; então presidente da Embratur.

Tive participação ativa durante quase todas as gestões dos vários presidentes da Embratur; desde Paulo Protásio; passando por Said Farhat; Miguel Colassuono; João Dória Jr.; só para citar alguns; até com o então ministro Mares Guia.

Tive a oportunidade de criar com Raul Radu e José Augusto Franco o 1º Salão Profissional de Turismo; pelo Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo; que gerou a Braztoa – Associação das Operadoras no Brasil – entidade na qual tive a honra de ter sido eleito o seu primeiro presidente.

Criei com companheiros; como Ilya Hirsch; Renê Hermann; Martin Jensen; Guilherme Paulus e outros; a Abremar quando representávamos no Brasil a Royal Caribbean Cruises  Line; Island Cruses e Celebrity Cruises.

Na condução da Nascimento Turismo; sem falsa modéstia; eu posso afirmar que nossa atuação sempre esteve marcada pela inovação. Fomos pioneiros em organizar grupos para as etapas de Fórmula 1 na Argentina e em outros países; fomos os primeiros a fretar voos para excursões de curta duração rumo à Europa e Estados Unidos; assim como também; fomos pioneiros na Disneyworld; junto com a Vovó Stella; nos tempos de Braniff.

Fomos ainda os primeiros a divulgar os destinos caribenhos e a publicar o primeiro manual turístico do Caribe; em 1982; lançando primeiramente Aruba e Curaçao; Ilhas Virgens e; anos depois; Cancun. Fizemos o 1º Campeonato Brasileiro de Ski na Neve; em Termas de Chillán; com a colaboração de meu irmão Fernando Nascimento e fomos os primeiros a explorar San Martin de Los Andes.

Mas a empresa chega agora aos seus 50 anos com a colaboração de meus dois filhos: Eduardo; mais conhecido como Dado; e Plínio; sem os quais já teríamos encerrado nossas atividades.

Em 97; nos aventuramos na compra de um Airbus A-320 em sociedade com a Panexpress; Ati; Visual e Costa; que voou durante algum tempo sob a bandeira da Passaredo. Mas não tivemos a mesma sorte da AirBlue. Ao contrário; recebemos um avião sem manutenção e sofremos uma campanha cerrada contra. Naquela época; achei que havia chegado o fim. Nossas dívidas; geradas com as tremendas perdas ocasionadas com este avião; eram impagáveis. Meus filhos; que nunca forcei que viessem trabalhar na empresa; decidiram; por conta própria; dedicar empenho aos negócios. Foram eles que enfrentaram a barra e deram a volta por cima; de modo a propiciarem impulso extraordinário à nossa empresa.

Dado inovou com os cruzeiros temáticos; com os DJs importados e Plínio com a ampliação de destinos e abertura de novas frentes de negócios.

Mas o que mais deu força à nossa existência foi; sempre; pautar a gestão da empresa pela transparência no trato com nossos clientes; dando-lhes a mais completa assistência e; assim; ter feito de nossa equipe uma família. Contrariamos muitas regras de sucesso empresarial; uma vez que não temos rotatividade; somos uma empresa familiar. Parece que deu certo.

 Aprendemos; também; que a grande malandragem é ser honesto.

Eduardo Vampré do Nascimento é fundador da Nascimento Turismo e presidente do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP)

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