
Sérvulo Clermont, diretor-presidente da DNA Turismo e STB Vitória
No ano passado a classe C, ou seja, quem tem renda de três a dez salários mínimos, representava 54% da população brasileira. Estima-se que em 2010, 2,7 milhões de brasileiros mudaram o perfil de renda, saindo das classes D e E para integrar a C.
O aumento da renda somado à ampliação do crédito aumentou a possibilidade de consumo dessas pessoas. Isso se reflete em todos os seus hábitos, desde itens de necessidade básica passando, de forma significativa pelo lazer e o turismo.
Falando especificamente do lazer e do turismo, área em que atuo há quase 20 anos, percebemos a crescente participação desses ‘novos’ consumidores e, com eles, novos hábitos, novas exigências, novos serviços e produtos. Novos desafios para o trade de turismo – agências, operadoras de turismo, companhias aéreas, entre outros – e para o poder público que precisa oferecer infra-estrutura adequada para esse público viajar, se divertir e, claro, consumir.
A classe C já possui participação significativa em viagens de avião, antes restrita às classes A e B. Porém, a hospedagem, na maioria das vezes, é em hotéis três e quatro estrelas ou na casa de familiares e amigos, forma mais econômica. O produto é diferente, até pelo perfil de renda. Da mesma forma, a forma da prestação dos serviços.
O nível de exigência se equivale entre as faixas de renda. O que muda é a forma que agrada mais a um e a outro. A classe C, por exemplo, é muito exigente porque tem menos dinheiro no bolso, mas quer uma solução mais completa, com boa relação custo x benefício. Exemplo disso são os destinos classe A que podem ser vendidos para a classe C em períodos de baixa temporada, devido à sazonalidade dos produtos.
Mas a pergunta é: estamos preparados para isso? Para essa nova forma de consumir? Para esse volume de consumo que esta chegando ao mercado? E, mais, em que posição o Espírito Santo se encaixa nesse cenário?
Ora, são novos consumidores em busca do novo. E nosso estado ainda é uma novidade para o mercado de turismo. É o momento de aproveitarmos para mostrar que podemos ser um bom destino, que temos uma beleza natural ímpar, que vai do litoral maravilhoso às montanhas de clima ameno. Que temos uma culinária incomparável. Que o capixaba é um povo acolhedor.
Mas para isso, precisamos de infra-estrutura e do setor preparado para receber. De um aeroporto melhor. De estradas mais bem conservadas e bem sinalizadas. De empresas que saibam entender o que o turista quer para oferecer produtos e serviços que o surpreendam e que o façam nos recomendar aos amigos e voltar. De profissionais capacitados, desde o taxista que atende o turista até o garçom, e que saibam falar um segundo idioma.
Poderíamos chamar a classe C de o novo El Dourado do turismo do Espírito Santo.
Sérvulo Clermont, diretor-presidente da DNA Turismo e STB Vitória