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Opinião

​Hora de assumir responsabilidades e valorizar a indústria do turismo

Durante a última reunião do Global Summit, em Hainan, na China, o presidente do WTTC, David Scowsill, deixou claro que o setor precisa assumir suas responsabilidades, mas ressaltou também que é hora das autoridades e governantes reconhecerem a força desta indústria, que a seu ver não tem o justo reconhecimento e valorização. Confira nesta entrevista ao M&E sua opinião também sobre o desempenho do setor no Brasil que, para ele, carece de mais investimentos em infraestrutura. O dirigente também se mostra otimista em relação a uma gradual recuperação da economia e do turismo para esta década e já antecipa a perspectiva de 4,3% de crescimento em comparação ao ano passado (veja mais detalhes no Turismo em Dados na página 21). Confira aqui sua opinião sobre temas relevantes do setor, tanto no que diz respeito ao turismo mundial como no Brasil.

Perspectivas – “Os resultados obtidos neste primeiro trimestre mostram crescimento do setor com base numa gradual retomada da economia. A contribuição do setor de viagens e turismo para a economia mundial cresceu pelo quarto ano consecutivo em 2013. O segmento de viagens e turismo deve manter a média de crescimento de 4% nos próximos 10 anos e gerar pelo menos um volume próximo de 75 milhões de novos empregos. Os governos precisam contar com a força desta indústria que tem uma grande contribuição para dar à economia mundial, tanto no setor público como privado, trazendo inúmeros benefícios. Os números, a meu ver, não apenas comprovam a força do turismo na economia dos países, como revelam também boas expectativas para este ano, tanto na geração de empregos como nos investimentos do setor. Também temos boas perspectivas no segmento de viagens internacionais diante de um volume maior de pessoas viajando pelo mundo, tanto a lazer como a negócios, o que comprova essa perspectiva de recuperação. Então não há como negar que os governos precisam da indústria de viagens e turismo”.

Desafios – “Para manter esta tendência de crescimento é importante manter uma cooperação internacional. Então fica a questão: O que fazer para o incremento da indústria de viagens e turismo? Precisamos de uma indústria capaz de investir no turismo sustentável. Também já é hora dos dirigentes e governantes reconhecerem a força da indústria do turismo. Entender o turismo como uma força positiva Esse reconhecimento foi feito no ano passado pelo ex-ministro Tony Blair durante a nossa última conferência. É necessário que os líderes mundiais, seja nas grandes potências ou economias emergentes, efetivamente possam tomar conhecimento da força desta indústria. Já em relação ao papel dos players desta indústria, diria que devemos assumir nossas responsabilidades nas diversas áreas: preservação ambiental, nos investimentos públicos e privados, nos programas de inclusão social e sustentabilidade. Tudo iss se quisermos manter o ritmo de crescimento do nosso setor”.

Brasil – “Acredito que a chave para o desenvolvimento da infraestrutura e aumento de turistas estrangeiros no Brasil está justamente no investimento do segmento doméstico. Se você melhorar a infraestrutura para estimular viagens domésticas, então os visitantes internacionais virão automaticamente. O Brasil tem uma grande oportunidade com a realização da Copa do Mundo e a tendência é que a indústria de viagens e turismo nacional seja impulsionada, apesar dos problemas de infraestrutura que o Brasil enfrenta. Existe um entrave que diz respeito ao visto, porque o Brasil pede vistos para a maioria dos visitantes internacionais. A flexibilização do visto é, de fato, o melhor caminho contra o processo burocrático. Além disso,os gastos desencorajam o turista a vir. Falta ao Brasil ampliar a capacidade dos voos internacionais e melhorar a infraestrutura dos principais aeroportos. Os investimentos em infraestrutura no país deveriam ter ocorrido na época em que o Brasil foi escolhido país sede do Mundial e das Olimpíadas. Creio que o Brasil perdeu algumas oportunidades de construir essa infraestrutura antes dos eventos, porque essas decisões deveriam ter sido tomadas há dez anos. Isso está acontecendo muito tarde, mas ainda assim esses eventos terão um impacto positivo. Já em relação aos Jogos Olímpicos de 2016, a questão principal sobre o evento é saber como esse desenvolvimento será usado depois da competição. Se isso for feito de maneira eficaz, será um grande estímulo para a cidade e para o país. Há também que se trabalhar mais os investimentos em promoção no exterior. Veja o caso dos EUA, que mudaram sua ação publicitária drasticamente há dois anos e decidiram que iriam usar uma parte do seu lucro para investir em publicidade. Esse exemplo deve ser tomado como base para políticas de promoção”.

Países emergentes – “Durante o Global Summit destaquei a importância do turismo na China, que representa atualmente a segunda economia mundial no setor de viagens e turismo no mundo, com 65 milhões de empregos gerados e com um patamar que chega a 9% na contribuição do PIB. A expectativa é de que haja um incremento deste setor superior a 7%, bem acima da média mundial nesta década. Entre os países emergentes, a Ásia tem despontado, de fato, com as melhores perspectivas de crescimento do nosso setor. Nesta próxima década o mercado de viagens e turismo deve movimentar 90 milhões de pessoas naquele país. Isso faz com que o turismo se transforme num importante fator de desenvolvimento da economia da China. Creio que na mesma medida em que as perspectivas de crescimento do turismo em países como Rússia, Índia e o próprio Brasil são as melhores possíveis, há que se ressaltar a importância de investimentos em infraestrutura e políticas de promoção internacional adequadas e que tenham efetivamente resultados junto aos principais destinos emissores”.

Presidente do WTTC, David Scowsill

David Scowsill

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