Algumas perguntas não querem e não podem calar. Por que construir um novo estádio na cidade de São Paulo se sempre houve como opção a reforma do estádio do Morumbi, em parceria com a iniciativa privada e por um valor infinitamente menor? Alguém cuidou da sinalização turística com foco na padronização da comunicação visual para melhor orientar os visitantes estrangeiros? Afinal, quais são os benefícios que a Copa trará para o turismo no Brasil, além do ingresso de 300 a 600 mil torcedores estrangeiros? Poderíamos ter feito mais? Sim.
É certo também que todos os estrangeiros, sem exceção, já sentem, como nós, torcedores brasileiros, os impactos negativos gerados pela elevação do custo Brasil. Quem, por amor ao futebol, é obrigado a se deslocar por horas de voo, os quais, em grande parte, excedem a duração média global das viagens aéreas, de até quatro horas, para chegar ao destino final, deveria ser o foco das atenções, o alvo para a difusão da política do bem receber.
Enquanto profissionais que somos, multiplicadores da imagem de um país pacífico, que é formado por um povo criativo, alegre e receptivo, nós temos, sim, muito para lamentar, especialmente em razão das constantes notícias transmitidas pela imprensa nacional e estrangeira, retratando os diferentes atos de violência e de mediocridade, exibidos em suas mais perversas formas de expressão. Os ônibus queimados, passando pela precária mobilidade urbana, a criticada falta de limpeza pública e os desnecessários entraves burocráticos e tributários, entre outros fatores, reduziram a oportunidade da consagração do Brasil como opção turística competitiva no cenário global, revelando prejuízos incalculáveis a serem mais uma vez pagos pela sociedade brasileira como um todo.
Mesmo assim, saibamos nós, agentes de viagens, reconhecer que a nossa missão é não esmorecer e procurar motivar os torcedores estrangeiros e brasileiros a se sentirem bem tratados; a desejarem estender sua estadia e se tornarem sinceros promotores da valiosa riqueza de atrativos naturais e culturais que possuímos, mas foram desperdiçados de maneira vexatória com as falhas desta Copa.
A exitosa experiência exemplificada por outros destinos permite verificar o quão valioso é o retorno obtido com o turismo quando a lição de casa é bem feita. Atualmente, quem se beneficia com o sucesso do turismo em Dubai, por exemplo, são países que jamais teriam os recursos próprios suficientes para promover ganhos crescentes com divisas geradas por meio do ingresso de turistas, que, agora, passam a realizar viagens para lá conjugando no roteiro Egito, Jordânia, Marrocos e Israel, entre outros atrativos dos Emirados Árabes Unidos e Região.
Contando com condições objetivas, as quais permitiriam proporcionar a relação preço-qualidade mais favorável para os nossos atuais e potenciais turistas, residentes e visitantes, as agências de viagens no Brasil fazem a diferença, tendo reconhecida e valorizada a real importância social, econômica, cultural e ambiental da atividade que desempenham.
Independente de tudo que deixamos de fazer ou poderíamos ter feito melhor, é extremamente necessário que nós nos mantenhamos unidos e recebamos todos os turistas estrangeiros da mesma forma como recebemos visitas em nossa casa. É nossa obrigação causar a melhor impressão possível e ter a certeza de que todos retornarão para seus países satisfeitos com os atrativos turísticos do Brasil e com a receptividade de seu povo.
Para tanto, repito, é preciso manter cada vez maior a força da nossa união!
Constantino Karacostas
Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens – ABAV-SP
Constantino Karacostas