A pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos no Brasil, o país mostra mais uma vez sua incapacidade de organização e, principalmente, fiscalização, no que tange à classificação hoteleira. Assim como na Copa do Mundo, estima-se que a movimentação de turistas internacionais e nacionais durante os dias da maior competição esportiva do planeta seja grande, o que deve resultar no montante recorde de 6,5 milhões de estrangeiros, no final de 2016.
O problema é que ao programar sua viagem, o turista não possui um sistema oficial no qual possa se basear para escolher sua hospedagem. O tal Sistema Brasileiro de Classificação (SBClass), lançado pelo governo em 2012, se mostrou um fracasso no número de adesões. O modelo, que adotava a simbologia de estrelas (em uma escala que variava de uma a cinco), era de adesão voluntária, sendo que cada meio de hospedagem deveria se autoavaliar e propor o tipo de categoria pretendida. Resumo da história? Poucos interessados e nenhum resultado prático.
A adoção do SBClass, que envolvia diversas categorias (hotel, resort, hotel-fazenda, cama e café, hotel histórico, pousada e flat/apart hotel) foi justificada na época como a melhor opção, resultado da análise de casos de sucesso adotados em países como França, Espanha, Portugal, Chile e Alemanha, entre outros. No Brasil, não funcionou. Após seis meses do lançamento, o sistema de classificação tinha apenas 33 cadastrados.
Em meados de 2014, o secretário Nacional de Políticas de Turismo do MTur, Vinícius Lummertz, revelou que a ideia do MTur seria então adotar uma nova versão, feita em parceria com a editora Abril e que seguiria o modelo utilizado pelo Guia Quatro Rodas. Ou seja, funcionaria como uma terceirização, a exemplo de concessões feitas em outros segmentos. O ano terminou, 2015 chegou, e o projeto até o momento não saiu do papel, o que tem preocupado as associações hoteleiras.
Esse é mais um exemplo de que o país, mesmo já tendo sediado um evento do porte da Copa do Mundo e de receber as Olimpíadas em 2016, ainda tem muito dever de casa a fazer no setor do turismo. No caso dos hotéis, é preciso criar um modelo que agrade aos empreendimentos e sirva como parâmetro de escolha para os viajantes. Atualmente, cabe aos turistas confiar nas avaliações feitas pelos próprios visitantes em sites como o TripAdvisor, entre outros.
O Brasil pode fazer mais que isso, e precisa correr contra o tempo para mostrar que é um país sério e bem estruturado, capaz de receber da melhor forma possível aqueles que nos visitam.