O primeiro semestre de 2021 se encerrou com o maior percentual de famílias endividadas no País desde 2010. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que em junho de 2021 essa porcentagem chegou a 69,7%, alta de 1,7 p.p em relação a maio e de 2,5 pontos em comparação a junho de 2020.
O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou 25,1% em junho, acima do nível de maio, porém 0,3 ponto percentual abaixo do apurado em junho de 2020. A parcela das famílias que declararam que não terão condições de pagar contas ou dívidas e que permanecerão inadimplentes também aumentou de 10,5% para 10,8% na passagem mensal. O indicador está, no entanto, 0,8 ponto abaixo do observado em junho de 2020.
“Ainda que os indicadores de inadimplência se encontrem mais baixos na comparação anual, os números mostram que as famílias têm se endividado mais ao longo do ano para conseguir manter algum nível de consumo, respaldadas por uma frágil segurança no mercado trabalho, e preços mais altos dos itens de primeira necessidade”, disse José Roberto Tadros, presidente da CNC.
O endividamento por grupos de renda apresentou novamente tendências semelhantes em junho, com as famílias nos dois grupos de renda atingindo proporções recordes de dívidas. Para as que ganham até dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas saltou de 69% para 70,7% do total de famílias.
Em junho de 2020, 68,2% das famílias nessa faixa estavam endividadas. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, a proporção do endividamento também teve incremento forte: de 64,2% para 65,5% em junho, ante 60,7% em junho de 2020. A proporção das famílias que se declararam muito endividadas segue aumentando desde março e chegou a 14,7%, maior parcela desde julho do ano passado.