
Na inadimplência, a proporção de famílias brasileiras com contas atrasadas cresceu de 30% para 30,3% (Arquivo Público)
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou queda de 0,1 ponto percentual na proporção de endividados em outubro, após três altas seguidas. No total, 79,2% das famílias pesquisadas relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa).
Na inadimplência, a proporção de famílias brasileiras com contas atrasadas cresceu de 30% para 30,3%, quarta alta mensal seguida. Em um ano, o avanço de 4,6 p.p. no indicador foi o maior desde março de 2016. O endividamento está menor tanto entre as famílias de rendas média e baixa (até 10 salários mínimos) quanto para aquelas na faixa de maiores rendimentos (acima de 10 salários mínimos).
A redução, na passagem mensal, foi mais expressiva entre os consumidores de renda elevada, para quem houve queda de 0,5 p.p. Porém, em um ano, a proporção de endividados cresceu mais, justamente, nesse grupo – a alta foi de 5,8 p.p., ante 4,3 p.p. para os que recebem até 10 salários mínimos.
“A geração progressiva de vagas no mercado de trabalho, a queda da inflação nos últimos meses, além das políticas de transferência de renda mais robustas têm aumentado a renda disponível, o que explica a desaceleração da proporção total de endividados”, indica o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Em 17 das 27 unidades federativas, a proporção de endividados cresceu entre setembro e outubro. Dos cinco estados com os maiores volumes de consumidores endividados, dois estão na Região Sul. No Paraná, 95,8% das famílias estão endividadas, enquanto, no Rio Grande do Sul, esse percentual chega a 91,9%. Os três estados seguintes no ranking são do Sudeste: Rio de Janeiro, onde 89,7% possuem dívidas, Espírito Santo, com 88,5%, e Minas Gerais, que atingiu o índice de 87,2%. Os consumidores capixabas e fluminenses apontaram as maiores altas do endividamento em um ano, de 20,8 p.p. e 14,4 p.p., respectivamente.
Estados do Nordeste lideram o ranking da inadimplência
O percentual de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas cresceu em doze Estados brasileiros entre setembro e outubro. Bahia (43,7%), Rio Grande do Norte (42,4%), Minas Gerais (42,2%), Ceará (41,9%) e Roraima (38,5%) registraram as maiores proporções de famílias com contas atrasadas. Em relação a outubro de 2021, foi entre baianos e gaúchos que se observou o maior aumento de famílias que atrasaram dívidas (11,1% e 12,6%, respectivamente).
Já entre os estados que tiveram redução do indicador, o destaque é o Ceará, que, mesmo sendo a quarta localidade com mais inadimplentes, teve queda de 4,3 p.p. na proporção de consumidores com dívidas atrasadas. Em outubro do ano passado, os consumidores cearenses eram os que apontavam as maiores dificuldades para quitação de dívidas no País. O Pará e o Maranhão também registraram quedas mais expressivas do volume de inadimplentes em um ano (reduções de 5 p.p. e 4,3 p.p., respectivamente).