Com grande parte do setor de Bares e Restaurantes na informalidade, Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), acredita que o país tem um grande desafio pela frente. “Nós temos o desafio da formalização. Temos grande parte do setor na informalidade, o que é ruim para o empresário e para o país. Então, o grande desafio é trazer esse enorme contingente para a formalidade”, afirma.
Segundo Paulo, o país ainda tem outros desafios. “Existe uma coisa que chamamos de produtividade. Tivemos um aumento de custo porque os salários aumentaram, sem conseguir, na mesma velocidade, colocar um ganho de qualidade e produtividade de uma maneira que isto não onerasse impostos. O aumento do salário não veio acompanhado do aumento de produtividade. O setor teve que repassar um aumento de custo e, durante dois anos seguidos, tivemos que aumentar os preços no setor de bares e restaurantes acima da inflação, o que é muito ruim, pois isso vai pesando no bolso do consumidor”, avalia.
Para o presidente da Abrasel, a mão de obra também merece uma atenção especial. “Não existe uma política de qualificação para os profissionais já empregados. Existe o Pronatec, dedicado aos que saem do ensino médio. Sem a liderança do Ministério do Turismo (MTur) ficamos preocupados. Lamentavelmente o grande líder desse processo, que seria o MTur, está aí parado”, critica. De acordo com o dirigente, o setor está em busca dessa qualificação. “Ele exige uma atenção especial do ponto de vista da demanda, hoje temos uma população na busca por emprego e precisamos qualifica-la”.
Estimativas da Abrasel apontam que neste ano o setor de bares e restaurante deve crescer 6% em faturamento e, em 2013, o crescimento deve ser mantido.
ICMS reduzido por mais tempo: grande conquista
Uma importante conquista do setor de bares e restaurantes nesse ano de 2012 foi a manutenção do ICMS reduzido no estado do Rio de Janeiro. Pelos próximos dez anos a taxa continuará em 2%, anteriormente eram 4%. “Tivemos êxito ao assegurar que a arrecadação mínima se mantivesse e, por conta disso, o prazo foi estendido por dez anos.”
O presidente da Abrasel revela que a busca por esse acordo acontece em outros estados. “Da mesma forma, conseguimos recentemente um acordo com o governo de Pernambuco para reduzir o ICMS de 4,5% para 2%. Mostramos para o governo que a redução de impostos permite uma maior formalização, mais pessoas pagam um valor menor e isso gera uma profissionalização maior e, logo, um crescimento. Atuamos em todos os estados para sensibilizar o governo de que esta redução não traz perda para a arrecadação do estado, mas sim um grande benefício de permitir a formalização de mais empresas e redução da carga daqueles que estavam pagando sozinhos essa conta”, justifica.
“As mídias sociais tem um papel extraordinário”
Outra ferramenta que tem ajudado a Abrasel são as mídias sociais. Segundo o presidente, elas hoje têm um papel extraordinário. “Tanto para o bem quanto para o mal. Pois são grandes propagadoras da informação. Elas conseguiram ampliar o papel do boca a boca. A Abrasel usa as mídias sociais para promover os serviços, a valorização da gastronomia, a defesa do setor. Confesso que a Abrasel ainda trabalha de uma forma muito acanhada, ainda pode atuar de forma mais ativa nessas redes. O grande retorno é o alinhamento do discurso com o pequeno e médio empresário. E seria impossível se não fossem as redes sociais”, conclui.
Filipe Cerolim