
Orlando de Souza, presidente do Fohb, apresentou dados do segmento hoteleiro e deu dica aos gestores (Eric Ribeiro/M&E)
SÃO PAULO – O presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), Orlando de Souza apresentou, durante o Summit 22 – que acontece nesta terça-feira (6), o painel “Hotelaria no Brasil – O que esperar e como se preparar”, traçando um panorama do setor hoteleiro no País e o que os gestores do setor podem fazer para continuar alavancar o crescimento. De acordo com dados apresentados por Orlando, a ocupação (demanda da hotelaria) está evoluindo, mas a diária média ainda luta para acompanhar o crescimento.
“A ocupação está evoluindo e mostra que já superamos 2019. Alguns lugares retomaram mais e outros menos, alguns setores da hotelaria retomaram melhor e mais rápido, e outros nem tanto. A demanda também já está acima do pré-pandemia. Por outro lado, o aumento da demanda é uma coisa positiva desde que ela esteja alinhada a uma evolução das diárias médias. A diária média ainda está muito resistente em conseguir estabelecer uma retomada como a demanda – e isso é normal acontecer”, explicou Orlando.
“A demanda já está acima do que foi 2019. Por outro lado, a diária média ainda está muito resistente em conseguir estabelecer uma retomada como a demanda”
Segundo Orlando, as diárias têm mais dificuldades de crescer – hoje estão com um gap de 7% se comparado ao que era a diária média no pré pandemia, em 2019. “E isso é preocupante. Pois o que importa na hotelaria é o RevPAR – geração de receita que o hotel consegue fazer – em função da demanda x aquilo que ele consegue cobrar pela demanda. Na pandemia os hotéis sofreram muito, tiveram os caixas debilitados. A grande preocupação nessa retomada da pandemia pra hotelaria não é só retomar a demanda, mas aumentar a geração de receita. Hoje, ela está a nível de 2019 mas não é uma coisa extraordinária. Nos gestores de hotéis seremos avaliados pela nossa capacidade de gerar receita mais do que de gerar demanda”, completou.
Questionado pelo M&E sobre como realizar este aumento na diária média sem que isso impacte de forma brusca no bolso dos hóspedes, Orlando respondeu que é necessário que um movimento seja realizado para crescer as diárias, mesmo que cause desconforto.
“Há duas respostas para isso. No caso da hotelaria de lazer, você consegue trabalhar com preços públicos e muita dessas reservas são feitas diretamente, logo você consegue ter uma gestão mais eficiente na possibilidade da evolução das diárias. Quando falamos no corporativo, isso fica mais difícil, pois você tem contratos. As velocidades são diferentes, mas o que é importante é que seja feito um movimento de evolução das diárias. Se voce é um gestor de hotel você tem que raciocinar o seguinte: eu estou criando demanda suficiente para criar valor para o meu investidor? É necessário fazer uma conta para manter este ativo de maneira saudável e sustentável e remunerar meu investidor e cada um vai encontrar sua politica comercial adequada. Claro que isso vai gerar um desconforto, ninguém gosta de pagar mais. Mas é algo que tem que ser feito”, respondeu de Souza.
Sobre aumento da Diária Média: “Claro que isso vai gerar um desconforto, ninguém gosta de pagar mais. Mas é algo que tem que ser feito”
De acordo com os dados apresentados pelo presidente, as viagens de lazer e o doméstico ainda são os principais responsáveis pelo crescimento do setor hoteleiro. O lazer chega a receitas de +30% acima de 2019 em valores reais – graças a demanda reprimida – e promove uma geração de receita grande. Já o corporativo tem um delay nesta evolução. Para Orlando, isso acontece pois o corporativo tem uma série de fatores envolvidas que atrasam o processo, como negociações, contratos, prazos. A ocupação no corporativo tá na média de 2019, mas a diária e o Revpar estão um pouco abaixo.
Boa notícia: os eventos estão voltando!
Apesar disso, há muitos eventos voltando a acontecer de forma presencial e o segundo semestre promete ser aquecido. “Temos muitos eventos voltando a acontecer – tivemos a parada LGBTQIA+ em São Paulo que movimentou bastante o setor hoteleiro da capital paulista, o Rock in Rio acontecendo com 700 mil participantes e outros eventos que não podem ser substituídos e tem de ser presenciais, como a Fórmula 1 em São Paulo, o show do Justin Bieber, a Comic Con, a Beauty Fair, a São Silvestre e outros”, afirmou.
“São eventos que trazem um fluxo de visitante para as cidades – e para São Paulo principalmente e esse é o objetivo principal do SPCVB. Grande parte desses visitantes ocupam as instalações hoteleiras, que é o que o FOHB defende. A volta dos eventos é muito importante para uma cidade como São Paulo e para o nosso setor”, continuou o executivo.
O que fazer em 2023, hoteleiros?
Ficar de olho nas megatendências é o caminho para a contínua evolução da hotelaria. Orlando apresentou algumas dessas tendências identificadas pelo FOHB, sendo elas:
- Trabalho remoto e hibrido;
- Viagens vs Reuniões virtuais – que irão impactar o turismo de negócios;
- Desaceleração econômica – todo o mundo tem sofrido este processo;
- Short Term Rentals e o boom de multipropriedades – algo que tem que ser considerado pela hotelaria principalmente pela de lazer pois é um modelo que vem para ficar e tem sua oferta muito grande;
- Trabalhar com a incerteza pois ela é a nova certeza – não podemos dar como certa qualquer previsão;
- A ruralização das viagens;
- O redimensionamento de eventos globais.