
Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, mostrou dados importantes do primeiro semestre e refletiu sobre assuntos em alta como o Short Term Rentals, modelo de multipropriedade e o boom do lazer (Eric Ribeiro/M&E)
SÃO PAULO – Durante o IV Fórum Nacional da Hotelaria, que acontece nesta segunda-feira (12), Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, apresentou dados do Fohb e Hotel Invest sobre as principais capitais do Brasil. O objetivo foi ajudar a entender a evolução de desempenho dos mercados a partir do comparativo do primeiro semestre de 2022 com dados históricos, bem como abordar topic points de interesse do segmento.
A palestra foi dividida em três assuntos:
- Desempenho hoteleiro no primeiro semestre de 2022;
- Discussão de assuntos em alta (trending topics), sendo eles o Short Term Rental, o lazer e a multipropriedade;
- Uma reflexão sobre o que esperar do futuro.
Panorama em 2022
No primeiro semestre de 2022, quatroo das dez principais cidades brasileiras já ultrapassaram o RevPar de 2019, sendo elas:
- Goiânia;
- Vitória;
- Rio de Janeiro;
- Recife
“O Rio de Janeiro tem um destaque positivo principalmente em ocupação. Já o caso de Goiânia, se explica por que o destino não teve uma ocupação muito forte em 2019, por isso o RevPar de Goiânia dá este salto. Já São Paulo é um grande destaque negativo, por conta das diárias – é uma das cidades mais distante do RevPar de 2019, assim como Belo Horizonte, que tem o corporativo dominante, então também está mais distante de 2019”, explicou Cristiano.
A recuperação é forte e clara, mas muito distante do pico de desempenho
De acordo com Cristiano, se contentar a retornar aos patamares de 2019 não é uma decisão saudável. A média móvel – apesar de ter mostrando um crescimento, ainda é muito baixa e isso ameaça os preços das diárias e a criação de novos empreendimentos.
“De fato, a hotelaria brasileira não sofre com a pandemia, ela vem sofrendo de antes – sequelas da Copa do Mundo, das Olimpíadas e da recessão que vivemos. Em 2019, vinhamos em um processo claro de recuperação mas muito abaixo do que víamos em 2012, 2013 – nós tínhamos que crescer pelo menos mais uns 50% para chegarmos num momento de pico. Ai veio a pandemia”, comentou Vasques.
“De fato, a hotelaria brasileira não sofre com a pandemia, ela vem sofrendo de antes – sequelas da Copa do Mundo, das Olimpíadas e da recessão que vivemos”
“Exatos R$ 2339 é a média móvel de agosto – um mês forte – e é o dado mais recente que temos. Este mês de setembro, já vemos uma media móvel de R$ 600 e isso é muito pouco – pois não dá para criar mais investimentos. Hoje, a renda que o hotel gera está muito baixa para se fazer um hotel novo e, se não tem este estímulo, o que veremos é demanda crescendo, oferta estável, hotéis cada vez mais cheios e teremos que novamente repensar as tarifas”, explicou.
Trending Topics
SHORT TERM RENTAL PREOCUPA – A ocupação das hospedagens no estilo de Short Term Rentals aumentou 55,2% desde fevereiro de 2021. Somente em São Paulo, 44,5 mil estúdios e apartamentos de 1 dormitório foram lançados entre 2019 a 2021. Empresas como Airbnb e Vrbo possuem atualmente 8.948 quartos disponíveis e uma ocupação de 67%. “Isso é uma tendência e pode ser preocupante para os hoteleiros, temos que continuar monitorando isso”, explicou Vasques.
LAZER PASSA POR ‘BOOM’ – A valorização do dólar desde janeiro de 2020 é um dos principais responsáveis pelo impulsionamento do turismo de lazer no Brasil. Nos últimos anos, hotéis voltados ao público de lazer tiveram crescimentos incríveis, em ocupação e em faturamento, de acordo com dados apresentados por Cristiano. O desempenho de hotéis de luxo, por exemplo, anima o setor.
LUXO – O desempenho de hotéis de luxo cresceu 57% em ocupação em 2021, superando os níveis pré pandemia, quando alcançou 53% em 2019. Em 2021, o ADR e o RevPar também apresentaram aumento significativo se comparados a 2020 e 2019.
TENDÊNCIA CONTINUA EM 2023 – Para Vasques, 2023 continuará sendo um bom ano para o mercado de lazer. “O dólar vai continuar alto – passagens aéreas também, então acho que o brasileiro médio não gastará tanto para o exterior e se fizermos um trabalho bom com o trade, com o Vai Turismo, com as entidades, conseguimos trazer mais estrangeiros para o Brasil, bem como estimular o turismo doméstico e será muito promissor para o lazer”, disse.
O executivo ainda acredita que esta euforia do mercado de lazer traz novos atrativos para o País.
Multipropriedade
Os níveis de investimento Brasil afora no segmento de multipropriedade tem crescido. O País já possui 115 empreendimentos, mais de 22 mil UHS e um VGV potencial de R$34,1 bilhões.
“Há várias coisas acontecendo neste mercado – temos alguns destinos como Olímpia que vem crescendo a partir da implantação deste modelo de multipropriedade. Esta consolidação que tem acontecido no mercado criará um gigante do turismo de lazer. Vemos que todo ano surgem novos empreendimentos e novos players e que gira muito dinheiro”, explicou.
Vasques finalizou deixando uma aposta positiva para o próximo ano. “Acho que temos passado toda a turbulência, excelentes motivos para comemorar, RevPar crescendo e o panorama de 2023 teremos números ainda melhores”.