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Hotelaria / Manchete

Além da Hard Rock, há outras redes interessadas em cassinos no Brasil?

cassinos no Brasil

Casas de jogos ou cassinos ainda esperam aprovação de Projeto de Lei pelo Congresso Nacional para se instalarem no país (Divulgação/Freepik)

A Hard Rock, popular rede global de hotéis anunciou recentemente seu interesse em abrir cassinos no Brasil, caso o Congresso Nacional aprove o funcionamento de cassinos através do projeto de lei (PL) 2.234/2022, chamado de “PL dos jogos de azar”, que está há mais de um ano em tramitação no Congresso.

Outras bandeiras nacionais e internacionais de hotéis com unidades no país ainda não se manifestaram publicamente sobre a possibilidade de construir empreendimentos para essa finalidade no Brasil, e muitas afirmam que preferem aguardar a votação do PL.

Contudo, cassinos de Las Vegas, como MGM Grand e Caesars Palace, estão prestes a obter licença para operar apostas online no Brasil. Essas empresas visam não apenas lucrar com apostas digitais, mas também explorar o potencial do Brasil para abrir cassinos em locais turísticos quando – e se, legalizado.

O Brasil legalizou as apostas online antes de regularizar o jogo presencial, o que tem gerado debate no Congresso. O Caesars Palace já possui licença para operar no Rio e está expandindo suas operações em São Paulo. As empresas planejam oferecer jogos exclusivos e um alto depósito mínimo. A Big Brazil, representante do Caesars, tem capital de R$ 36 milhões, com parte destinada ao governo. O presidente da Caesars Sportsbook no Brasil, André Feldman, afirmou que a expansão para o jogo físico é uma prioridade.

O MGM Resorts também investe no Brasil com a BetMGM e espera replicar a experiência de Las Vegas. O setor de apostas online cresceu rapidamente, com brasileiros gastando mais de R$ 50 bilhões em 2023, o que levou à ação da CNC contra a regulamentação das apostas.

O senador Irajá Abreu afirma que a discussão sobre apostas não deve impedir a legalização dos cassinos, com propostas que podem ser votadas ainda neste mês de outubro. O projeto prevê a instalação de cassinos-resorts em estados com base na população, com exigências como hotéis e restaurantes.

Entidades representativas do setor hoteleiro e resorts, em boa medida, já se posicionam favoráveis à chegada ou abertura de cassinos como propõe o PL, de liberar a instalação de casas de jogos em polos turísticos ou complexos de lazer, como hotéis de luxo, resorts, restaurantes, bares e locais de reuniões e de eventos culturais.

De acordo com o PL, os cassinos deverão estar integrados a complexos de lazer, como prédios ou embarcações, e atender a requisitos como ter hotéis com 100 acomodações, shoppings, salões para eventos sociais e restaurantes. A proposta prevê autorização para até três cassinos-resorts por estado, dependendo do tamanho da população ou da extensão do território.

São Paulo poderá instalar três cassinos-resorts, devido à sua população de mais de 25 milhões de habitantes, enquanto Minas Gerais e Rio de Janeiro, com entre 15 milhões e 25 milhões de habitantes, poderão ter dois cassinos cada. Amazonas e Pará, apesar de não atenderem à população mínima, poderão instalar dois empreendimentos por uma exceção que permite mais cassinos em territórios com mais de 1 milhão km². Os demais estados e o Distrito Federal poderão ter apenas um cassino-resort cada.

As empresas precisarão ser credenciadas pelo Ministério da Fazenda para operar seus cassinos por 30 anos, com possibilidade de renovação pelo mesmo período.

Leia também: Ministro do Turismo diz que regulamentação dos cassinos pode gerar até 1 milhão de empregos e US$22 bilhões em subsídios

Mas afinal, o que dizem as entidades?

Resorts Brasil

“A Resorts Brasil acompanha muito de perto o tema cassinos, sua tramitação no Congresso, no sentido de tentar garantir que os associados tenham a possibilidade de pleitear alguma concessão”, explica Thiago Borges, VP de Relações Institucionais da Resorts Brasil.

Dentro do processo de concessão, continua Borges, o processo de liberação de cada estado para receber cassinos é um tema pouco mais complexo e de muita análise. Ao mesmo tempo, a Resorts Brasil “ainda não tem a informação se algum resort associado vai se candidatar a essas vagas, se vai participar dos leilões, até porque não temos ideia ainda de lance, de valor, se vai ser economicamente viável para cada produto”.

Como representante institucional da associação, Thiago Borges tem orientado os associados e os empreendimentos que têm algum tipo de interesse a acompanhar a tramitação da lei.

“A Resorts tem feito esse acompanhamento, dado todo o suporte para cada associado que se interessa pelo tema. E, com alguma articulação, com algum tipo de atuação política, conseguimos colocar no texto da lei que os empreendimentos já existentes possam participar desses pleitos. Na realidade não nos resta muito além de esperar a tramitação final do PL para que possamos entender como vão ser esses processos de leilão, de venda de concessões, para aí sim ter alguma resposta mais concreta sobre a participação ou não de resorts já existentes”, explicou.

O executivo também adiantou que tem conversado com alguns empreendimentos, mas preferem que, por enquanto, não divulguem o nome deles. Mas, de modo geral, “existe sim o interesse de sediar cassinos, ainda que muito provavelmente possam buscar parcerias para tanto, que por sua vez essas parcerias provavelmente serão com alguma instituição já existente”.

Em um primeiro momento, calcula Thiago Borges, e partindo do pressuposto de que a grande maioria das operações de cassino vem de fora, “imagino que em princípio serão empresas de outros países que já operam cassinos no exterior, e os resorts brasileiros possam somente ceder espaço, alguma área para que atividade seja explorada e atraia hóspedes”.

“O grande objetivo de todos os resorts, sem dúvida, é ter uma boa ocupação, hóspedes por um bom período e tempo, o maior possível, e com esse atrativo a mais, o cassino, seja possível atrair hóspedes e atrair eventos finaliza.

Setor hoteleiro se mostra favorável a instalação de cassinos no país (Divulgação/Freepik)

FOHB

“O Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil junto com as demais entidades da hotelaria nacional estão atuando junto ao Congresso Nacional para que o texto do PL que trata dos cassinos, seja modificado permitindo a implantação de cassinos em resorts já em operação no Brasil e que tenham condições de expansão para esse fim”, diz o presidente executivo do FOHB, Orlando de Souza.

Abih-SP

Por sua vez, Ricardo Roman Jr, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo, diz que a instalação de cassinos no Brasil “tem total apoio da Abih-SP em consonância com o que defendem os hotéis que tem estrutura para esse fim e que em sua maioria tem interesse em instalar cassinos”.

HotéisRIO

Para o presidente do HotéisRIO, Alfredo Lopes, a eventual liberação dos jogos deve aumentar significativamente o número de turistas. “Muitas capitais do turismo mundial têm em seus cassinos mais um atrativo para os visitantes. No caso do Rio de Janeiro, não será diferente. No entanto, é preciso analisar como será feita a implantação das casas de jogos, para garantir que elas efetivamente dinamizem a cadeia do turismo, gerando postos de trabalho e aumentando a arrecadação tributária.

O modelo que está sendo sugerido hoje consiste em empreendimentos que reúnem cassino, shopping e hotel. Mas em lugares como Rio de Janeiro e São Paulo, onde já existem muitos shoppings e hotéis, isso será danoso para a hotelaria. O ideal é seguir o exemplo português, onde os cassinos só ocupam prédios, e os turistas se hospedam nos hotéis locais”.

Cassinos em Fortaleza, Jericoacoara e Sertaneja? Quem sabe…

Três hotéis da Hard Rock já estão em obras no Brasil de olho na abertura do país para os cassinos, caso a legislação seja aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente da República, Luís Inacio Lula da Silva. A ideia seria integrar os cassinos aos empreendimentos já em construção: em Fortaleza e Jericoacoara (CE) e Sertaneja (PR).

  • Hard Rock Hotel Fortaleza – O resort à beira-mar terá duas piscinas, três restaurantes e bares. O empreendimento recebe o nome de Fortaleza, mas fica na Praia de Lagoinha, no município de Paraipaba, a mais de 100 quilômetros da capital.
  • Hard Rock Hotel Jeri – Na Lagoa do Paraíso, um dos destinos turísticos mais populares de Jericoacoara, o hotel terá 575 acomodações e duas mega piscinas.
  • Hard Rock Ilha do Sol – A unidade fica em Sertaneja, na Ilha do Sol, região turística no norte do Paraná. Serão 509 acomodações, incluindo chalés e bangalôs.

Grupo Wish aguarda regulamentação para pensar em possíveis investimento em cassinos no Brasil

Vinicius Lummertz, chairman do Grupo Wish fala sobre a importância da aprovação da lei (reprodução/Instagram)

Em uma recente entrevista ao M&E, Vinicius Lummertz, chairman do Grupo Wish, expressou o interesse da rede em explorar a construção de cassinos em seus hotéis no Brasil, caso a legalização dos jogos de azar seja aprovada. Lummertz destacou que a expectativa é que a regulamentação que venha a ser elaborada seja cuidadosa e focada no desenvolvimento econômico, especialmente em resorts integrados, que combinam cassino e entretenimento.

“Temos que priorizar a regulamentação dos cassinos em resorts integrados, um modelo que pode fomentar a economia e gerar grandes estruturas de lazer e entretenimento”, afirmou. Ele citou Cingapura como um exemplo de sucesso nesse modelo, onde os cassinos impulsionam o turismo e a economia local.

O chairman criticou a abordagem atual em relação à regulamentação dos jogos de azar no Brasil, que, segundo ele, tem sido ampla e descontextualizada. “Estamos sendo atropelados por uma regulação que ignora o potencial de desenvolvimento econômico que os cassinos podem trazer”, disse. Para Lummertz, a discussão se resume erroneamente a um debate sobre “jogo de azar”, sem considerar os benefícios econômicos associados.

Ele também mencionou que há uma demanda reprimida no Brasil, com jogos clandestinos operando e brasileiros viajando para outros países em busca de entretenimento. “Quem disse que o Brasil não precisa disso? Temos um dos melhores mecanismos de controle fiscal do mundo. As pessoas aqui já jogam – seja clandestinamente, ou viajando à outros países para este fim”, acrescentou.

Lummertz alertou para os riscos do populismo nas discussões sobre jogos de azar e fez um paralelo com as dificuldades que seriam enfrentadas em outros projetos turísticos, como a instalação do Cristo Redentor no Corcovado e os bondinhos do Pão de Açúcar caso fossem propostos hoje. “Criamos problemas e afastamos soluções. O governo não tem dado os meios necessários para avançarmos. Consegue imaginar se o Cristo Redentor seria instalado hoje no Rio de Janeiro? Haveriam discussões ambientais, sobre estado laico, entre outras questões…Jamais seria aprovado. Isso mostra um atraso. É aquela velha frase: ‘O Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade”, criticou.

O chairman concluiu que o Grupo Wish tem capacidade para se expandir e se tornar um polo de turismo e entretenimento, e que a possibilidade de investir em cassinos é uma perspectiva viável, mas ainda não discutida devido à falta de aprovação da legalização. “Estamos prontos para contribuir, mas precisamos de um ambiente regulatório favorável”, finalizou.

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