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Destinos

Valé do Café (RJ) quer se posicionar como santuário cultural e natural do Brasil

Ações do CVB para 2022 visam colocar o destino como destaque nacional.

Ações do CVB para 2022 visam colocar o destino como destaque nacional.

Localizado entre os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o Vale do Café é um destino ainda pouco explorado no Brasil, mas com um enorme potencial turístico. Com o objetivo de atrair cada vez mais turistas para a região, o Vale do Café Convention & Visitors Bureau está apostando em diversas ações durante o ano de 2022.

Fundado seis meses antes do início da pandemia, a entidade optou por ser 100% privada e não depender de nenhum recurso público. Por este motivo, durante os últimos meses, a grande questão do CVB foi focar na sustentabilidade da estrutura.

Luciana de Lamare, diretora executiva do Vale do Café Convention & Visitors Bureau, revelou os planos da entidade para 2022.

Luciana de Lamare, diretora executiva do Vale do Café Convention & Visitors Bureau, revelou os planos da entidade para 2022.

“Nós, como terceiro setor, precisamos adotar ações internas para que essa estrutura fosse viável e que a gente conseguisse levar o Vale do Café ainda mais longe. O percurso do nosso CVB está sendo diferente dos outros CVBS que estão circulando”, explicou Luciana de Lamare, diretora-executiva do Vale do Café Convention & Visitors Bureau.

Esse fato contribuiu para a definição das estratégias de 2022, que a entidade está apostando como o ano oficial da retomada. “2021 teve seus altos e baixos, mas trouxe um interesse muito importante para região – de públicos mais exigentes, que estava acostumado a viajar pra outros países inclusive e que se viram na necessidade de buscar destinos mais próximos”, afirmou Luciana.

Vale do Café: Santuário cultural e natural do Brasil

Segundo a diretora, o objetivo principal da entidade neste ano é despertar a curiosidade do trade e dos turistas para que eles “pensem em um Brasil diferente e muito importante”, através da história e experiências que a região tem a oferecer.

Entidade quer resgatar o legado deixado pelos povos originários e africanos enquanto valoriza a história e recursos naturais da região.

Entidade quer resgatar o legado deixado pelos povos originários e africanos enquanto valoriza a história e recursos naturais da região.

“Gostamos de usar o termo santuário cultural e natural do Brasil porque estamos inseridos em um contexto privilegiado, de uma natureza exuberante que é a Mata Atlântica, com um dos rio mais importantes do sudeste brasileiro, o Rio Paraíba do Sul – uma bacia hidrográfica que abastece as cidades do Rio e de São Paulo. Nossa região conta com o legado deixado pelos povos originários e pelos africanos – é um local onde há a maior concentração de fazendas históricas. Quase 600 fazendas já estiveram nessa região do vale do Paraíba fluminense paulista e mineiro e um levantamento aponta que dessas, atualmente 150 fazendas ainda estão ali de alguma forma preservadas”, explicou Lamare.

“São números expressivos de uma cultura que não pode se perder e precisamos o tempo todo homenagear e valorizar isso, afinal estamos falando da região que mais produziu café no mundo. Mais de 75% do café do mundo vinha do Vale no Século 19 – as maiores fortunas do mundo viviam aqui – isso atraiu artistas, arquitetos, intelectuais. Dentro desse microcosmos, incluindo a relação desses africanos que vieram, da miscigenação racial e cultural e aos povos originários, o destino é um antro de cultura, história e riquezas”, completou.

Ações e expectativas para 2022

A promoção da região é uma coisa ainda muito nova – mas a proposta é evidenciar aquilo que preconiza a OMT e o MTur, através do plano de regionalização. “Nossa meta é divulgar a região. O Vale do Café pode ser pronunciado em qualquer idioma e é a segunda bebida mais consumida do mundo. Atualmente, nossa produção de café especial é baixa e a região ficou muito tempo sem produzir café pós declino e isso impactou a economia da região. Muitas fazendas ficaram abandonadas, então o trabalho que fazemos é evidenciar o retorno deste café através da agricultura, agroecológica, com certificação orgânica”, disse a diretora.

“Durante o ano de 2022, iremos focar muito em divulgar o que tem sido feito para retomar a temática café no Vale do Café, associando a narrativa também a um turismo de bem-estar, de isolamento, porque vemos que esse é o  público que lotam nossos hotéis. Essa sintonia com a natureza e a região tem uma vocação boa para atrativos de bem estar”, continuou.

Rota Afro

A Rota Afro será o principal produto do destino deste ano.

A Rota Afro será o principal produto do destino deste ano.

Um dos projetos que será lançado este ano é a rota afro – que contará com uma narrativa de resiliência, de coragem, de luta pela liberdade do povo africano da região. “Acredito que seja nosso principal produto este ano. Não queremos contar mais uma história da escravidão que pode ofender e não transmitir a importância deste povo para o nosso país e especificamente pro Vale do Café, onde 100% da criação de todo esse legado foi por meio de mão de obra africana”, explicou Luciana.

“Sentíamos que isso era necessário, é necessário falar sobre esse assunto, mas contando isso de forma de fortalecimento. A verdade é que muito se fala da historia do barão do café, da princesinha, do poderio econômico através das fazendas históricas e a rota afro vem para falar dos quilombos, do patrimônio imaterial, do jongo – que é uma manifestação que poucas pessoas conhecem. Precisamos fazer como os baianos fizeram com a capoeira”, finalizou.

Photobook

Outro projeto é a criação de um livro feito com fotos que ao longo desses dois anos e meio, o CVB foi coletando, de artistas da região e também de artistas que foram convidados para fotografar a região, para divulgar as belezas do destino. A previsão é que o lançamento do photobook aconteça no segundo semestre.

Slow Food

Com objetivo de promover o slow travel e slow food, recuperando traços da gastronomia ancestral que vem em parte dos indígenas da região e também dos africanos, o destino também criou a rota dos sabores. “Essa é a melhor forma de proporcionar uma interação dos empresários do setor, com a agricultura familiar e comunitária e fazer com que essa cozinha do Vale do Café seja resgatada com um toque de contemporaneidade”, afirmou Lamare.

Transmundi conhece a região

Recentemente, a operadora Transmundi realizou visitas técnicas para conhecer melhor os atrativos e produtos da região.

Recentemente, a operadora Transmundi realizou visitas técnicas para conhecer melhor os atrativos e produtos da região.

A operadora Transmundi esteve recentemente na região para explorar os produtos oferecidos. Segundo Luciana, “a vinda da Transmudi significa a construção de um destino turístico com um enorme potencial. Essa visita tem muito a ver com nosso desejo de reposicionamento de mercado, já que a Transmundi é um grande expoente nesta questão e exemplo de construção de destinos sustentáveis – como fizeram com pantanal”.

“Eles perceberam que a região está localizada perto dos principais aeroportos do Brasil, em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas, e ainda não emplacamos a região como um destino consolidado. A vinda deles significa reposicionamento em um contexto nacional – como um dos grandes destinos brasileiros para o mercado nacional e internacional. Acredito que eles tenham essa força de movimentar o trade pra fazer com que o destino seja destaque nacional”, explicou a diretora.

Acredito que eles [Transmundi] tenham essa força de movimentar o trade pra fazer com que o destino seja destaque nacional.

Na primeira etapa, a visita da operadora durou quatro noites e cinco dias – e na segunda etapa, realizada nesta semana, foram três dias de visitas a alguns dos produtos da região.

Captação e participação em eventos 

O CVB ainda não definiu todos os eventos que promoverá e participará este ano, pois aguardam ainda um projeto de captação de recurso. Mas o calendário da região já conta com alguns eventos gastronômicos confirmados.

“A ideia é captar mais eventos – já temos confirmado um evento gastronômico no primeiro semestre, o Festival Gastronômico Delícias do Vale do Café, de 5 a 8 e de 12 a 15 de maio de 2022. Além disso, a região também realiza entre 22 a 29 de maio, o Festival de Cinema de Vassouras. Para o segundo semestre, também já estamos programando um novo evento gastronômico”, disse Luciana.

Público alvo e segmentação

As ações de promoção do CVB tem sido feita de forma cuidadosa, levando em consideração os segmentos que o destino decidiu trabalhar, sendo eles:

  • Sabores do vale;
  • Família e grupos;
  • Saúde e bem estar;
  • Movimentos na natureza;
  • Vale do Café romântico;
  • Cultura e Patrimônio;
  • Mice.

“Definimos estes segmentos pela demanda e não pela oferta. Não queremos focar mais só na questão da fazenda histórica – que é importante, mas hoje em dia, sozinha ela não atrai todos esses públicos que pretendemos seduzir”, afirmou a diretora.

O destino recebe atualmente um público muito grande das próprias cidades do Vale, que são atraídos pelos atrativos turísticos. “Turistas advindos do Rio (capital) e grande Rio também, de cidades como Barra Mansa, Volta Redonda…há também bastante procura de Juiz de Fora, e São Paulo – que tem crescido bastante”, disse Lamare.

Já entre o público estrangeiros – os turistas internacionais que mais se interessam pelo destino são franceses, luxemburgueses, belgas, suíços, alemães, americanos e japoneses, segundo o CVB.

Hotéis fazenda e hospedagens de excelência são os preferidos dos turistas e tiveram uma média de 80% de ocupação nos finais de semana de 2021.

Hotéis fazenda e hospedagens de excelência são os preferidos dos turistas e tiveram uma média de 80% de ocupação nos finais de semana de 2021.

“Percebemos também que nos produtos de excelência, tivemos no último ano, muito mais procura – por exemplo,  uma fazenda com uma diária de R$1500, fica lotada, até as vilas particulares. Em 2021 aumento barbaramente, acima dos 80% de ocupação aos fim de semana”, explicou Luciana.

“Já os hotéis de cidade tem tido menos procura. Há uma tendência, que constatamos, de que os hotéis fazendas/fazendas históricas e os hotéis rurais tem tido uma procura cada vez maior, mas queremos também trabalhar os hotéis urbanos que hoje enfrentam alguns desafios”, completou.

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