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Entidades do Turismo Nacional se unem para reerguer setor no Rio Grande do Sul, entenda

Área afetada por enchentes no Rio Grande do Sul (Ricardo Stuckert/PR)

Dois meses após as chuvas que assolaram Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o turismo segue sentindo reflexos negativos. A atual situação do Aeroporto Salgado Filho é de cooperação com o Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que a recuperação ocorra da forma mais célere possível, disse Edgar Nogueira, vice-presidente de operações da Fraport Brasil ao MERCADO & EVENTOS.

“Todos os nossos esforços estão voltados para a pronta recuperação do aeroporto”

A administradora do terminal aéreo concluiu, no último dia 30 de junho, a limpeza do terminal de passageiros como parte dos esforços para a retomada das operações na primeira quinzena de julho. Desta forma, as atividades que estão acontecendo no Terminal ParkShopping Canoas serão encerradas.

“Acreditamos no trabalho de nossos funcionários e na capacidade de recuperação do aeroporto, fator essencial para a economia do estado. Assim, todos os nossos esforços estão voltados para a pronta recuperação do aeroporto”, adiciona Nogueira.

rio grande do sul Edgar Nogueira, COO da Fraport Brasil (Reprodução redes sociais/Linkedin)

Edgar Nogueira, COO da Fraport Brasil (Reprodução redes sociais/Linkedin)

Enquanto o retorno efetivo não acontece no terminal aéreo, os voos continuam a ser operados a partir da Base Aérea de Canoas até a liberação da pista do aeroporto de Porto Alegre, prevista para dezembro. Vale adicionar que a ampliação das operações em Canoas incluiu voos noturnos para São Paulo.

“Com o diagnóstico, poderemos avaliar o impacto e, assim, definir o plano de recuperação e o investimento necessário”

“Estamos fazendo a análise da pista de pouso e decolagem com extrações de amostras de solo e asfalto e ensaios não destrutivos. Os resultados devem ficar prontos na primeira quinzena de julho. Com o diagnóstico, poderemos avaliar o impacto e, assim, definir o plano de recuperação e o investimento necessário”, disse Nogueira.

Ao MERCADO & EVENTOS, o executivo também relembrou que, devido à característica do solo e nível do terreno onde se encontra o aeroporto, a Fraport Brasil, em junho de 2020, finalizou a construção de um novo sistema de drenagem, dividido em cinco bacias de acumulação de águas da chuva (BD), com um custo total de R$ 170 milhões.

Com o sistema, a água é acumulada nos reservatórios e, por meio da gravidade e de casas de bombas, é direcionada ou para o Rio Gravataí ou para a Casa de Bombas 6 da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. A cinco bacias coletam água da chuva do aeroporto, mas as bacias 1, 2 e 5 coletam também águas das chuvas recebidas do município de Porto Alegre, principalmente da Zona Norte. Somadas todas as bacias, o volume de armazenamento chega a 1.015.371,2 m³, o equivalente a 406 piscinas olímpicas, em uma área de 422.165,7 m², ou 50 campos de futebol.

Sem reservas

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Estudos preliminares apontam uma queda de receita superior a R$ 180 milhões (Banco de imagens Unsplash/Runnyrem)

No que tange à hotelaria do Rio Grande do Sul, o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, aponta que o estado sofre com a falta de reservas. “Em levantamentos informais, nas áreas atingidas e entorno, a taxa de 95% é a estimativa de perdas de receita nos negócios do turismo, e alguns estudos preliminares apontam uma queda de receita superior a R$ 180 milhões, considerando somente a Serra Gaúcha e a região Metropolitana.

“A estimativa de perdas de receita nos negócios do turismo, e alguns estudos preliminares apontam uma queda de receita superior a R$ 180 milhões”

Existem negócios no Rio Grande do Sul atingidos diretamente pelas chuvas, onde as perdas materiais chegam a 100%, e os que foram impactados por esta catástrofe se viram sem consumidores. O estado parou no mês de maio”, afirmou ao M&E.

A fim de auxiliar os negócios impactados pela catástrofe, a FBHA tem atuado com o encaminhamento de demandas emergenciais fundamentais ao governo para a manutenção dos negócios e empregos. Destacam-se pedidos para a isenção de tributos, linhas de crédito e medidas trabalhistas.

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Alexandre Sampaio da FBHA (Eric Ribeiro/M&E)

“Estamos trabalhando em conjunto com filiados de todo o país, arrecadando recursos para apoiar hotéis que abrigam gratuitamente equipes de bombeiros, da saúde, da segurança, etc. Além disso, planejamos um encontro com nossos representados para ouvir e buscar alternativas para enfrentamento de catástrofes como esta que assola o Rio Grande do Sul.

“Planejamos um encontro com nossos representados para ouvir e buscar alternativas para enfrentamento de catástrofes como esta que assola o Rio Grande do Sul”

Também atuamos em parceria em ações da Fecomércio RS/CNC, como apoio ao programa Mesa Brasil e da campanha de sensibilização com o tema: ‘Não cancele sua viagem ao RS’. Nós da FBHA estamos solidários com o povo gaúcho e negócios que vivem um momento muito desafiador. O momento ainda exige foco no suporte às pessoas atingidas e aos negócios para manutenção da renda e empregos”, complementa.

Não cancele, remarque!

Campanha da Abav em solidariedade ao Rio Grande do Sul (Divulgação/Abav Nacional)

Campanha da Abav em solidariedade ao Rio Grande do Sul (Divulgação/Abav)

A Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav Nacional) lançou a campanha “Não Cancele. Remarque!” com o objetivo de manter o turismo vivo e apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul após a maior catástrofe natural de sua história. A ação incentiva os passageiros a remarcarem suas viagens para outra data.

A Abav Nacional promove a hashtag #nãocanceleremarque em suas redes sociais para divulgar a iniciativa, além da chave PIX da Abav-RS (financeiro.rs@abav.com.br) para doações. A associação enfatiza a importância da união nessa causa, afirmando que o apoio à recuperação do Rio Grande do Sul fortalece o turismo e ajuda as pessoas a reconstruírem suas vidas.

“As expectativas para a retomada do turismo no Rio Grande do Sul são positivas, embora reconheçamos os desafios significativos que as enchentes trouxeram para a região. Estamos confiantes de que, com esforços conjuntos, o turismo conseguirá se restabelecer.

Ana Carolina Medeiros, presidente da Abav Nacional (Eric Ribeiro/M&E)

Ana Carolina Medeiros, presidente da Abav Nacional (Eric Ribeiro/M&E)

Existe um planejamento conjunto entre o setor privado e o governo para auxiliar na recuperação. Esse plano inclui ações coordenadas para restaurar a infraestrutura turística, campanhas de promoção para atrair visitantes e medidas de apoio direto às empresas afetadas”, declara a presidente do Conselho da Abav Nacional, Ana Carolina Medeiros.

“A colaboração entre o setor público e privado será fundamental para garantir que essas agências possam se reerguer e voltar a operar com normalidade o mais rápido possível”

Segundo a executiva, as agências de viagens do Rio Grande do Sul precisam de diversos tipos de apoio neste momento crítico. “Em primeiro lugar, é essencial a disponibilização de linhas de crédito com condições favoráveis para ajudar na recuperação financeira.

Outro ponto crucial é a implementação de campanhas de promoção e incentivo ao turismo na região, para estimular a demanda e atrair visitantes de volta. A colaboração entre o setor público e privado será fundamental para garantir que essas agências possam se reerguer e voltar a operar com normalidade o mais rápido possível”, observa.

Rio Grande do Sul e o esforço público-privado

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O MTur disponibilizou R$ 200 milhões para apoiar a reconstrução da infraestrutura turística do estado (Banco de imagens/Ron Lach)

O cenário crítico torna o discurso de união entre atores das esferas pública e privada ainda mais necessário. Em conversa com o M&E, Luiz Rodrigues, secretário de Turismo do Estado, disse que o prejuízo para o setor ainda não foi totalmente contabilizado, mas a estimativa inicial é de R$ 1 bilhão, e o período previsto para retomada das atividades é de no máximo um ano.

“Estimamos que o prejuízo total seja de R$ 1 bilhão, com 82% das empresas de turismo tendo suas operações reduzidas ou cessadas. Além disso, houve danos a pelo menos 73,1% dos atrativos privados e a 55,5% das atrações públicas.  Porto Alegre, por ser a principal porta de entrada do turismo no estado, foi a cidade mais impactada. No entanto, outras regiões também sofreram danos consideráveis, como a Serra Gaúcha e o Vale do Sinos”, compartilha Rodrigues.

Uma pesquisa realizada pelo Observatório do Turismo e pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) revelou que 65,6% dos eventos turísticos foram afetados pela crise e 82% das empresas de turismo reduziram ou cessaram suas operações.

A catástrofe afetou 478 municípios, mais de 2,3 milhões de pessoas, o que dá cerca de 20% da população do estado, e dessas, 423,4 mil estão desalojadas e 18,8 mil em abrigos. Vale ressaltar que 73,1% dos atrativos privados e 55,5% das atrações públicas foram afetados.

Luiz Fernando Rodriguez Júnior, secretário de Turismo do Rio Grande do Sul (Arquivo:M&E)

Luiz Fernando Rodriguez Júnior, secretário de Turismo do Rio Grande do Sul (Arquivo/M&E)

A fim de auxiliar na melhoria do cenário, o Ministério do Turismo disponibilizou R$ 200 milhões para apoiar a reconstrução da infraestrutura turística do estado. O crédito emergencial é acessado por meio do Novo Fundo Geral de Turismo (Fungetur), linha de financiamento direcionada principalmente para micro, pequenas e médias empresas, e pode ser utilizado para obras, reformas, compra de equipamentos e capital de giro.

“Desde o início das chuvas, o Ministério do Turismo tem atuado em articulação com outras pastas do governo federal, com o governo do Rio Grande do Sul e o trade turístico da região, prestando todo o apoio necessário para que a retomada turística do estado aconteça o mais breve possível”, disse Celso Sabino, ministro do Turismo, em entrevista exclusiva ao MERCADO & EVENTOS.

Outra portaria editada pela Pasta foi a que flexibiliza a aplicação dos recursos para as novas operações e àquelas já contratadas no estado, envolvendo medidas como a suspensão, por até seis meses, do pagamento pelo crédito.

No caso da realização de obras, o texto amplia de 240 para 246 meses o prazo de amortização, além de elevar de 60 para 66 meses o prazo de carência. Já quanto à aquisição de equipamentos, a amortização foi aumentada de 120 para 126 meses e a carência, de 48 para 54 meses. O financiamento de capital de giro, por sua vez, teve o prazo de pagamento igualmente dilatado de 120 para 126 meses, com prazo de carência expandido de 24 para 30 meses.

Para ampliar a promoção turística do estado, o MTur apoia e veicula a campanha “Não Cancele, Remarque”, além de lançar o movimento “Um Novo Destino”, que conta com a parceria de artistas nacionais para promover as potencialidades turísticas do Rio Grande do Sul em festejos juninos e grandes shows no país.

Celso Sabino, ministro do Turismo (Eric Ribeiro/M&E)

Celso Sabino, ministro do Turismo (Eric Ribeiro/M&E)

O estado ainda terá um espaço de visibilidade diferenciada no Salão Nacional do Turismo, marcado para agosto, no Rio de Janeiro (RJ), e em feiras internacionais do setor, como a FIT, da Argentina, um dos maiores emissores de turistas estrangeiros para o estado.

“Entre os principais desafios para a retomada turística no Rio Grande do Sul está a reabertura dos acessos ao estado. Para minimizar os efeitos da atual paralisação no aeroporto Salgado Filho, o MTur tem articulado com a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do RS o aumento no número de voos para o estado, por meio do uso da estrutura de bases aéreas de cidades da região. Entre as possibilidades em debate está a ampliação do aeroporto de Caxias do Sul e a implantação de um aeroporto de porte médio nas cidades de Torres e Canela”, salienta.

Vale destacar que o Governo do Rio Grande do Sul tem atuado em algumas frentes, com medidas de mitigação dos danos. Dentre elas:

  • Mapeamento dos impactos: Realizamos um estudo detalhado para identificar os danos causados ao setor turístico em cada região do estado.
  • Transferência de recursos federais: Buscamos recursos junto ao Governo Federal para auxiliar na reconstrução da infraestrutura turística e na promoção do estado.
  • Crédito emergencial: Disponibilizamos crédito emergencial para empresas de turismo e empreendimentos turísticos afetados pelas chuvas.
  • Redução de alíquotas do IPI: Solicitamos ao Ministério da Fazenda a redução das alíquotas do IPI para produtos e serviços turísticos.
  • Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos: Ampliamos o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) para atender todo o setor de turismo e eventos do estado.
  • Promoção turística: Intensificamos a promoção do Rio Grande do Sul como destino turístico, nacional e internacionalmente.

“Acreditamos que, com um esforço coordenado e o comprometimento de todos os envolvidos, poderemos ver sinais significativos de plena recuperação em no máximo um ano. Nossa prioridade é garantir que o Rio Grande do Sul continue a ser um destino acolhedor e seguro para os turistas.

O estado tem um enorme potencial turístico e estamos confiantes de que o setor se recuperará rapidamente e voltará a ser um dos pilares da nossa economia. Temos uma rica cultura, paisagens deslumbrantes e um povo hospitaleiro que recebe os turistas de braços abertos”, complementa o secretário do estado.

Retrospectiva

Vista para a cidade, a partir do Rio Guaíba (Divulgação MTur/Renato Soares) Rio Grande do Sul

Vista para a cidade, a partir do Rio Guaíba (Divulgação MTur/Renato Soares)

Eventos climáticos extremos não são novidade no Brasil. Em 1941, por exemplo, houve uma enchente similar em Porto Alegre, enquanto o Pantanal enfrentava uma seca severa. Esses padrões climáticos são cíclicos, mas especialistas como o climatologista Carlos Nobre alertam que atividades humanas, incluindo o aquecimento global, aumentam a frequência desses eventos.

As chuvas excepcionais foram desencadeadas por um sistema de alta pressão que bloqueou frentes frias, permitindo a formação de intensos sistemas de tempestades sobre o sul do Brasil, semelhante ao ocorrido no ano de comparação.

A enchente deste ano em Porto Alegre superou a marca histórica de 1983, com mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas, superando as 1,3 milhão de indivíduos atingidos no ano de comparação. Além disso, aproximadamente 179 pessoas vieram a óbito e pelo menos 38 continuam desaparecidas, segundo a Defesa Civil estadual.

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