Os problemas de infraestrutura portuária comprometem a dinâmica dos trabalhos nos portos brasileiros e o crescimento do turismo no Brasil. A declaração foi feita pela coordenadora do grupo de estudos técnicos de infraestrutura de operações da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar); Márcia Leite; durante a audiência pública realizada ontem; pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR); com a finalidade de discutir a melhoria dos portos brasileiros.
De acordo com a coordenadora da Abremar; Márcia Leite; o governo brasileiro precisa solucionar problemas como gargalos na infraestrutura portuária; altas taxas operacionais e a necessidade de prorrogar os vistos dos tripulantes; pois os armadores que já operam no Brasil – e outros que poderão vir a atuar – ainda não definiram se agendarão cruzeiros marítimos para o país; durante a realização da Copa do Mundo de 2014.
Márcia Leite declarou ainda que o Porto de Santos; o maior do país; enfrenta grande gargalo operacional. “A situação é tão grave que o terminal de embarques conta apenas com cinco aparelhos de raios-X para fiscalizar as bagagens dos passageiros. Estando sete navios atracados; aproximadamente 22 mil malas são escaneadas por esses poucos equipamentos”; ressaltou.
O diretor de modernização portuária da Secretaria de Portos; órgão vinculado à Presidência da República; Antonio Maurício Ferreira Neto; informou que os investimentos na infraestrutura dos portos cresceram após a criação da secretaria. Ele citou o exemplo dos serviços de dragagem que não eram feitos há 15 anos. Segundo o diretor; de três anos e meio para cá; época da implantação do órgão; foram gastos nesse tipo de serviço R$ 2;6 bilhões.
“Por causa da realização da próxima Copa do Mundo; o governo federal vai investir em portos localizados nas proximidades das cidades-sede: Manaus; Mucuripe (CE); Natal; Recife; Salvador; Rio de Janeiro e Santos. O fundamental na execução das obras programadas é deixar um legado que possa atender a demanda crescente do turismo marítimo”; destacou.
Para o diretor da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo; do Ministério do Turismo; Ricardo Martini Moesch; se o Brasil pretende se transformar em um importante concorrente internacional no que diz respeito ao turismo marítimo; tem que qualificar os seus serviços. “Se o turista visita um país e não se considera bem recepcionado; além de ele não retornar; ainda faz propaganda negativa”; lembrou.
Ricardo Moesch argumentou que a Copa do Mundo e a Olimpíada do Rio podem deixar um importante legado; muito além do mero crescimento do número de visitantes durante a realização das duas competições esportivas.
O presidente da CDR; senador Benedito de Lira (PP-AL); defendeu o estabelecimento de parcerias do governo federal com a iniciativa privada para melhorar a infraestrutura portuária do país. “Precisa haver essa parceria entre a iniciativa privada e o Poder Público; para que possamos ter; realmente; instalações compatíveis; oferecer conforto e dignidade às pessoas que se deslocam tanto interna quanto externamente e; assim; as coisas possam acontecer no Brasil. A nossa preocupação não é apenas com a Copa do Mundo; pois a Copa do Mundo dura um mês; depois; vai embora; e o que fica? As coisas têm de ficar; para continuarem acontecendo”; frisou.
Já a senadora Ana Rita (PT-ES) observou que através do diálogo entre parlamentares; governo e representantes de empresas podem ser encontradas soluções para resolver os problemas nos portos.