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Aviação

Uso do SAF será responsável por 65% da descarbonização da aviação mundial

Daniel Oliveira, diretor da Iata no Brasil (Foto: Ana Azevedo/M&E)

Daniel Oliveira, diretor da Iata no Brasil (Foto: Ana Azevedo/M&E)

SÃO PAULO – A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) anunciou, nesta quarta-feira (14), que o futuro da aviação depende do desenvolvimento e uso amplo do Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e nessa linha, o Brasil tem potencial para a produção do combustível.

“O Brasil, por suas dimensões continentais e densidade demográfica, tem potencial para ser um dos países mais desenvolvidos mundialmente no setor da aviação. 2022 foi o primeiro ano real de resiliência desta indústria, desde a pandemia de Covid-19, com destaque para o mercado nacional, que se sobressaiu sobre o internacional. A conectividade está nos níveis de 2019 e o desafio agora é lutar para a descarbonização e uso do SAF”, diz Daniel Oliveira, diretor da Iata no Brasil.

Conforme o executivo, a América Latina deve somar US$ 2 bilhões em receita em 2023, apesar de a demanda na região ter, neste ano, retração de 12,6% sobre 2019. Já para o ano que vem, a Iata projeta queda de 4,4% do indicador na mesma base de comparação. A oferta na região em 2022 deve apresentar um declínio de 11,4% sobre 2019, nível pré-covid. Para 2023, a queda sobre o patamar pré-pandemia ainda deve ser de 5,8%.

(Foto: Unsplash/Gautam Ramuvel)

Outras formas de combustíveis estão sendo pensadas para uso nas aeronaves comerciais (Foto: Unsplash/Gautam Ramuvel)

Sustentabilidade

Conforme dados das Iata, o objetivo para 2050 é que a indústria da aviação, em termos de sustentabilidade, tenha a divisão de impacto formada 65% pela queima de combustível sustentável (SAF), 19% pela compensação de carbono, 13% de novas tecnologias e 3% de infra-estrutura. A combinação de tais vertentes somado ao esforço conjunto e global da Aviação será responsável pela mudança de comportamento do nicho.

Em relação a criação de novas aeronaves, veículos elétricos, híbridos e movidos a nitrogênio estão sendo cogitados como alternativas aos usados hoje em dia. A formatação para as aeronaves elétricas, que seriam entregues até 2025, variaria de nove a 19 assentos, com tempo de voo inferior a uma hora, o que seria inviável para uso na aviação comercial, diante da relação demanda x distância x tempo de voo.

Até 2030 os aviões híbridos, movidos tanto à base de eletricidade quanto de hidrogênio, seriam entregues e operariam com capacidade de transporte variável entre 50 e 100 pessoas, e tempo de voo acima de 90 minutos.Já os veículos aéreos abastecidos com combustível feitos de hidrogênio, que no plano estão com entrega estimada para 2050, teriam de 100 a 150 assentos e tempo de voo acima de 120 minutos.

“vemos no SAF a saída mais plausível para a aviação e para o planeta”

“Nas três opções abordadas, vemos que não há viabilidade para operações de longas distâncias ou que atendam ao alto volume de passageiros. É por isso que vemos no SAF a saída mais plausível para a aviação e para o planeta”, diz Eduardo Calderon, diretor de Cargas da GOL.

(Foto: Unsplash/ Dan Meyers)

Na aviação, o custo do combustível consome de 45% a 50% do orçamento das empresas (Foto: Unsplash/ Dan Meyers)

O executivo aponta, que a precificarão do SAF no Brasil ainda não é previsível, pois no mundo há dois modelos de negócio, o europeu que culminaria no alto valor do combustível e por consequência na alta das passagens aéreas, e o modelo norte-americano, que usa incentivo governamental, não afetando na tarifa e reforçando o custo-benefício do SAF, tanto para o mercado quanto para o meio-ambiente.

Atualmente, embora o Brasil produza o próprio querosene de aviação, a venda é feita em dólar, considerando a variação cambial e o frete do mercado mais próximo com produção do insumo, em uma espécie de simulação do que seria a necessidade de importação, ao mesmo tempo em que há uma demarcação de território, para que o produto nacional seja mais barato e compense como opção de compra, minando o interesse em empresas concorrentes.

“A aviação é o único setor em que o custo de um único produto, o QAV, varia de 45% a 50% das despesas e isso impacta no valor do bilhete. Nosso país, a diferença de 10 reais para mais na tarifa faz, muitas vezes, com que o passageiro abandone a compra do ticket aéreo”

“A aviação é o único setor em que o custo de um único produto, o QAV, varia de 45% a 50% das despesas. Precisamos lembrar que o país tem um potencial enorme para o desenvolvimento da aviação comercial, principalmente por não termos outros modais como concorrentes, como os trens de viagens. No entanto, no nosso país, a diferença de 10 reais para mais na tarifa faz, muitas vezes, com que o passageiro abandone a compra do ticket aéreo”, aponta Thiago Pereira, diretor da Agência Nacional de Aviação (Anac).

Nessa linha, é interessante esclarecer que o processo de confecção do SAF representa um ciclo virtuoso de compensação da queima, visto que uma das possibilidade é por meio do plantio, que gera áreas verdes, as quais são responsáveis pela captação do carbono na atmosfera, mesmo elemento que é emitido durante a queima do combustível, que faz a aeronave voar.

(Foto: Unsplash/Jose Lebron)

Conforme a visão da GOL, o SAF, embora também entre no processo de queima de combustível, tem um ciclo de criação mais sustentável (Foto: Unsplash/Jose Lebron)

“Uma das coisas mais interessantes do SAF é que ele pode ser misturado com o JET [combustível comumente usado na aviação] sem que haja qualquer dano ao motor ou diferenciação de qualidade, pois as moléculas se unem, sem distinção”, complementa.

Segundo Daniel, embora inicialmente o custo do SAF se mostre um pouco mais alto, diante da escassez de oferta, a tendência é que isso mude e como abordado, o fator determinante para essa conta será a política adotada na precificação. Sobre esse ponto, o executivo endossa a importância de políticas voltadas ao desenvolvimento do setor, bem como a parceria governamental.

“Temos que pensar sustentabilidade não como uma corrida rápida e sim uma maratona de muitos quilômetros que talvez não tenha fim”

“Temos que pensar sustentabilidade não como uma corrida rápida e sim uma maratona de muitos quilômetros que talvez não tenha fim. Até 2030 nosso objetivo é reduzir e compensar as emissões domésticas e hoje trabalhamos sob os pilares da Mudança Climática, Economia Circular e Valor Compartilhado, acreditando que como companhia aérea, temo o compromisso de impactar positivamente na esfera social, econômica e ambiental”, complementa Lígia Sato da Latam, coordenadora de Relações Internacionais.

Legislação e judicialização

Thiago Pereira apontou que a entidade tem como objetivo, no próximo ano, a desburocratização da aviação, implementação de medidas que disciplinem os passageiros, prevenindo episódios de violência a bordo, e redução do valor do combustível, culminando no barateamento das passagens aéreas e democratização do serviço.

“Algumas das questões que estamos discutindo é como ampliar a oferta de distribuidores de combustíveis nos aeroportos, permitindo às companhias a escolha da empresa fornecedora e a competitividade no valor do combustível, e assim, esperamos o barateamento da passagem. Temos algumas medidas da Lei do Voo Simples [Lei nº 14.368] para serem implementadas e estamos preocupados também em como criar legislações que garantam a segurança, aplique punições cabíveis aos infratores e, ao mesmo tempo, garanta a liberdade de expressão”, explica.

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