
A Microsoft e a CrowdStrike rebateram as alegações da aérea e afirmaram que a Delta recusou ajuda oferecida (Divulgação/Delta)
Pelo visto, a novela Delta-Crowdstrike-Microsoft está longe de acabar! Na última semana, em uma entrevista para a CNBC, o CEO da Delta, Ed Bastian afirmou que a interrupção do CrowdStrike custou à Delta US$ 500 milhões. Na mesma entrevista, Bastian afirmou que a aérea sofreu mais com a falha do CrowdStrike porque é a companhia mais dependente do CrowdStrike e da Microsoft, cujos sistemas operacionais Windows foram afetados pela interrupção e que a Delta não teria outra opção a não ser processar as duas empresas pelos danos causados.
Contudo, as duas empresas se pronunciaram e rebateram as alegações da Delta. As empresas envolvidas tem ‘trocado farpas’ desde o início do problema, tentando achar o verdadeiro ‘culpado’. Enquanto a CrowdStrike afirma que não é culpada pelo colapso da Delta, a Microsoft revelou ainda que a companhia aérea teria recusado ajuda durante o apagão cibernético e que as declarações da Delta seriam incompletas, falsas, enganosas e prejudiciais à Microsoft e à sua reputação.
A gigante da tecnologia acusou a Delta de não ter modernizado sua tecnologia no período que antecedeu a interrupção da TI. Mark Cheffo, sócio da Dechert, o escritório de advocacia que representa a Microsoft, disse nesta terça-feira (07), em uma carta ao advogado da Delta, que a Microsoft está se perguntando por que a American Airlines, a United Airlines e outras companhias aéreas conseguiram se recuperar do colapso global de TI mais rapidamente do que a Delta.
A falha na atualização do software CrowdStrike em 19 de julho resultou em mais de 6,3 mil cancelamentos entre a Delta e sua subsidiária regional Endeavour nos cinco dias seguintes.
“Nossa análise preliminar sugere que a Delta, ao contrário de seus concorrentes, aparentemente não modernizou sua infraestrutura de TI, seja para o benefício de seus clientes ou de seus pilotos e comissários de bordo”, disse Cheffo na carta, de acordo com a CNBC.
A companhia aérea rebateu as novas alegações da Microsoft, ressaltando que tem “um longo histórico de investimentos em serviços seguros, confiáveis e elevados para nossos clientes e funcionários”.
“Desde 2016, a Delta investiu bilhões de dólares em despesas de capital de TI, além dos bilhões gastos anualmente em custos operacionais de TI”, disse a Delta em resposta à carta de terça-feira da Microsoft, de acordo com uma declaração emitida pela companhia aérea. Além disso, em julho, os advogados da Delta disseram à Microsoft: “Temos motivos para acreditar que a Microsoft não cumpriu com os requisitos contratuais e agiu de forma extremamente negligente, na verdade intencional, em relação à atualização defeituosa” (da CrowdStrike), que desencadeou o problema de TI.
Cheffo rejeitou a afirmação da Delta, declarando em sua própria carta que, embora a Microsoft “tenha empatia com a Delta e seus clientes… os comentários públicos da Delta são incompletos, falsos, enganosos e prejudiciais à Microsoft e à sua reputação”. Cheffo também disse que a Microsoft se ofereceu para fornecer assistência gratuita à Delta após o incidente técnico de 19 de julho. Mas, de acordo com a carta de Cheffo, a companhia aérea rejeitou o suporte.
A CrowdStrike também rejeitou as alegações de negligência da Delta durante o colapso da TI e afirmou que a Delta não aceitou sua oferta de ajuda durante o colapso. Michael Carlinsky, advogado da CrowdStrike, escreveu para o advogado da Delta, David Boies, no domingo (04), que a “ameaça pública de litígio desvia a atenção deste trabalho e contribuiu para uma narrativa enganosa de que a CrowdStrike é responsável pelas decisões de TI da Delta e pela resposta à interrupção”.
Na carta, Carlinsky também solicitou que a Delta respondesse por que seus concorrentes conseguiram se recuperar da interrupção muito mais rapidamente. Embora uma atualização do software CrowdStrike tenha feito com que as companhias aéreas de todo o mundo cancelassem milhares de voos, a maioria se recuperou em poucos dias.
A Delta se recusou a comentar a carta.
O Departamento de Transportes também está investigando a resposta da Delta às interrupções e suas práticas de atendimento ao cliente. Bastian disse aos funcionários em uma carta na semana passada que a Delta conduziria uma análise intensiva sobre o colapso e sua resposta.
*Com informações do TravelPulse, Skift, CNBC.