
Número inclui 2 mil comissários, 700 pilotos e 5,2 mil aeronautas
A crise financeira provocada pela pandemia de Covid-19, somada a uma previsão de lenta recuperação na demanda, deve levar a Latam Brasil a demitir cerca de 8 mil funcionários, entre pilotos, comissários e aeroviários (trabalhadores que atuam nos aeroportos). Somente entre pilotos e comissários podem ocorrer cerca de 2,7 mil demissões.
A companhia negocia com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) reduções de jornada e a flexibilização da convenção coletiva, além de mudanças nos modelos de remuneração para pilotos e comissários. No entanto, o acordo passa por impasse, que levou inclusive o presidente do SNA, Ondino Dutra, a pedir publicamente a demissão de Jerome Cardier, presidente da Latam Airlines Brasil, durante um transmissão vivo realizada na última quarta-feira (17).
“Estamos descrentes sobre a real intenção da empresa em buscar o consenso na medida em que propõe uma redução permanente no salário para uma situação que é temporária”, afirmou Dutra, ao jornal O Globo.

Live do SNA, realizada no último dia 17 de junho. Ondino Dutra aparece no canto esquerdo inferior.
Na última semana, a Latam apresentou duas propostas ao sindicato. Ambas começam com programas de licença não remunerada e demissão voluntária. Na primeira, caso a adesão aos programas voluntários não alcance 2,7 mil tripulantes (2 mil comissários e 700 pilotos), a empresa fará demissões até atingir o número. E os 4.965 tripulantes restantes terão a jornada reduzida em 50%. Já a segunda proposta prevê trabalho meio período (redução de 50% de jornada) para todo o quadro de tripulantes até dezembro de 2021.
No entanto, a principal resistência às propostas da Latam, segundo Dutra, não tem a ver com as regras temporárias, mas está relacionada à tentativa de promover mudanças permanentes na forma de remuneração da categoria, além de outras flexibilizações nas regras da convenção trabalhista vigente. Dutra afirmou que as negociações continuam, mas com a resistência da Latam sobre o tema, a expectativa é de que o acordo seja rejeitado pela entidade.
Aeroviários
Já em relação aos aeroviários as demissões devem chegar a 5.529 em todas as bases brasileiras. A Latam já comunicou o sindicato da decisão e deve iniciar os desligamentos a partir de 1º de julho. Assim como na negociação com aeronautas, a Latam quer aproveitar o momento para flexibilizar regras da convenção coletiva. Os sindicatos também tentam melhorar as condições dos programas voluntários de licença não remunerada apresentados não só pela empresa, como também por Azul e Gol.