
O estudo também mostra que, juntas, as companhias aéreas apresentam desempenho inferior ao retorno financeiro que um investidor normalmente esperaria
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) e a McKinsey & Company publicaram um estudo sobre as tendências de lucratividade em toda a cadeia de valor da aviação, mostrando que a rentabilidade varia amplamente de acordo com o setor. O estudo também mostra que, juntas, as companhias aéreas apresentam desempenho inferior ao retorno financeiro que um investidor normalmente esperaria.
Embora não haja um caminho claro para reequilibrar rapidamente a cadeia de valor, o estudo conclui que existem algumas áreas principais, incluindo descarbonização e compartilhamento de dados, em que o trabalho em conjunto e o compartilhamento de responsabilidades beneficiarão todos os participantes da cadeia de valor. Os destaques do estudo Understanding the Pandemic’s impact on the Aviation Value Chain (Impacto da pandemia na cadeia de valor da aviação) incluem:
- Queima de capital: Apesar de apresentar lucros operacionais consistentes antes da pandemia (2012-2019), as companhias aéreas coletivamente não produziram retornos econômicos acima do custo médio ponderado de capital (WACC, na sigla em inglês) do setor. Em média, o retorno sobre o capital investido (ROIC) coletivo gerado pelas companhias aéreas ficou 2,4% abaixo do WACC, queimando coletivamente a média de US$ 17,9 bilhões de capital a cada ano.
- Geração de valor: Antes da pandemia, todos os setores da cadeia de valor, exceto as companhias aéreas, apresentaram ROIC acima do WACC, com os aeroportos liderando o pacote no valor absoluto de retorno, pagando aos investidores a média de US$ 4,6 bilhões anualmente acima do WACC (3% da receita). Quando consideradas como uma porcentagem da receita, as empresas de sistemas de distribuição global (GDS)/tecnologia de viagem lideraram a lista, com retornos médios de 8,5% das receitas acima do WACC (US$ 700 milhões por ano), seguidas por ground handlers (5,1% da receita ou US$ 1,5 bilhão por ano) e provedores de serviços de navegação aérea (ANSPs), com 4,4% das receitas (US$ 1,0 bilhão por ano).
- Mudanças causadas pela pandemia: Embora a pandemia (2020-2021) tenha causado perdas em toda a cadeia de valor, em termos absolutos, as perdas das companhias aéreas foram maiores, com o ROIC ficando abaixo do WACC, em média, US$ 104,1 bilhões a cada ano (-20,6% das receitas). Os aeroportos apresentaram queda do ROIC, que ficou US$ 34,3 bilhões abaixo do WACC, gerando as maiores perdas econômicas como porcentagem da receita (-39,5% das receitas).
“Esta pesquisa reafirma que as companhias aéreas melhoraram sua lucratividade nos anos seguintes à crise financeira global. Mas também mostra que as companhias aéreas, em média, não conseguiram se beneficiar financeiramente no mesmo grau que seus fornecedores e parceiros de infraestrutura. As companhias aéreas são as mais sensíveis aos impactos, mas têm lucros limitados para criar uma reserva financeira”, disse Willie Walsh, diretor geral da Iata.
Por que as companhias aéreas geram retornos econômicos insuficientes?
Uma análise atualizada das forças que influenciam a lucratividade das companhias aéreas que foram originalmente avaliados em 2011 pelo Professor Michael Porter, da Harvard Business School, mostra que houve poucas mudanças positivas. É o caso da Indústria Competitiva Fragmentada, sujeita a altas barreiras à saída com baixas barreiras à entrada.
Já a estrutura de fornecedores, compradores e canais conta com uma alta concentração de fornecedores poderosos, o surgimento de alternativas cada vez mais eficientes às viagens aéreas, ofertas de commodities com baixos custos de troca e uma comunidade de compradores fragmentada são características do ambiente operacional.
Uma pesquisa recente da IATA mostra a compreensão pública da necessidade de regulamentar os fornecedores monopolistas. Cerca de 85% dos consumidores de 11 países entrevistados em uma pesquisa concordaram que os preços cobrados pelos aeroportos deveriam ser regulamentados de forma independente, como serviços públicos.