
Alexandre Juniac, CEO da Iata
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) publicou uma análise atualizada dos impactos da pandemia de coronavírus na aviação comercial. A estimativa da entidade é de que a receita de passageiros caia 44% em 2020, na comparação com o ano passado, o que representa um impacto de US$ 252 bilhões. A projeção considera um cenário em que as restrições impostas por diversos países durem três meses e que sejam seguidas de uma recuperação econômica gradual no final deste ano.
Em sua última análise, a associação estimou uma perda de US$ 113 bilhões. A projeção, no entanto, foi feita no dia 5 de março, antes de grande parte das restrições de espaço aéreo anunciadas, principalmente em países da Europa e das Américas do Norte, Central e do Sul.
“O setor aéreo enfrenta sua crise mais grave. Em algumas semanas, o que era nosso pior cenário se mostra melhor do que as nossas estimativas mais recentes. Sem medidas imediatas de alívio por parte dos governos, a indústria não resistirá. As companhias aéreas precisam de US$ 200 bilhões em suporte de liquidez simplesmente para sobreviver. Alguns governos já deram um passo à frente, mas muitos mais precisam seguir o exemplo”, disse o diretor geral e CEO da Iata, Alexandre de Juniac.
A possibilidade de recuperação da demanda de viagens no final deste ano é enfraquecida pelo impacto da recessão global sobre empregos e confiança dos consumidores. De acordo com a Iata, a demanda de passageiros no ano inteiro (receita de passageiros-quilômetro ou RPKs) deve cair 38% em relação a 2019. Já capacidade da indústria (assento-quilômetro oferecido ou ASKs) nos mercados doméstico e internacional cairá 65% durante o segundo trimestre encerrado em 30 de junho, em comparação com o período do ano anterior.
O maior impacto na demanda será na Europa, com restrições a mais tempo no tráfego aéreo e ainda chegando ao pico da epidemia. A estimativa da Iata para o continente é de uma perda de 46%. Na sequência vem América Latina, com uma perda prevista de 41%, e Oriente Médio (39%). Já em receita, o maior impacto é na Ásia, berço da epidemia, como uma queda de US$ 88 bilhões, seguida por Europa (US$ 76 bi) e América do Norte (US$ 50 bi). A América Latina aparece em penúltimo lugar em relação as maiores perdas em valores absolutos, com US$ 15 bilhões, a frente apenas do continente Africano.
REGIÃO DE REGISTRO DE COMPANHIA AÉREA | % de variação nos RPKs (2020 VS. 2019) |
Impacto estimado na receita de passageiros 2020 X 2019 (BILHÕES DE US$) |
África | -32% | -4 |
Ásia-Pacífico | -37% | -88 |
Europa | -46% | -76 |
América Latina | -41% | -15 |
Médio Oriente | -39% | -19 |
América do Norte | -27% | -50 |
Indústria | -38% | -252 |