ESPECIAL: Mario Carvalho e os 50 anos de carreira na aviação comercial

Mario Carvalho completa 50 anos de aviação

Um dos maiores nomes da recente história da aviação comercial brasileira (e portuguesa) completa 50 anos de carreira neste 1° de fevereiro de 2022. Estamos falando de Mario Augusto de Carvalho, para os mais íntimos apenas Mario, que vem ladrilhando sua história de sucesso no setor desde 1° de fevereiro de 1972. Em um bate-papo descontraído, o M&E mergulhou na história do executivo, quis saber mais sobre suas intimidades e conta tudo agora nesta entrevista exclusiva.

Mas antes de começar a contar a história do Mario Carvalho, ele gostaria de agradecer. Vamos ao que ele tem a dizer. “Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer por ter feito tantos amigos no turismo. Digo que foi fundamental para minha trajetória ter esse ambiente de amizade, essa intimidade, não só durante o tempo que fiquei na TAP, mas durante toda a minha carreira. É este relacionamento que vale, que levo para a vida”, disse.

O início da carreira: perto da TAP, mas ainda longe da aviação

Mario começou sua carreira na aviação comercial em fevereiro de 1972. Mas antes, ele trabalhou na Philips, empresa do ramo de eletroeletrônicos, onde de fato teve sua carteira assinada pela primeira vez. Por lá, Mario atuava no departamento de Vendas, mas a história iria colocá-lo no lugar em que sempre sonhou estar. A gente vai explicar nos próximos parágrafos, mas a vida de Mario, pelo menos neste começo, foi repleta de coincidências.

Mario Carvalho, da TAP, no estande do M&E, com Mari Masgrau e Natalia Strucchi

Antes de mais nada, é preciso explicar que Mario sempre foi um apaixonado por aviação, desde criança. O sonho dele era trabalhar nessa indústria, mas acredite, não como piloto, que na época de ouro da aviação era visto com aquele glamour, e sim na parte de manutenção de aeronaves. “Certa altura da vida, eu queria ser um dos profissionais de manutenção de aeronaves.  Nunca consegui”, disse Mario, aos risos, ao lembrar deste começo.

“Certa altura da vida, eu queria ser um dos profissionais de manutenção de aeronaves.  Nunca consegui”, disse Mario, aos risos, ao lembrar deste começo

Então vamos as coincidências. A primeira delas é que o escritório, na época, de uma subsidiária da Philips, ficava no centro de São Paulo, na Avenida São Luís, no edifício Lineu Gomes. Para quem não sabe, Lineu Gomes ficou conhecido no Brasil por ser um dos precursores da aviação. Era aeronauta, empresário e fundador e presidente da Real Transportes Aéreos. Ou seja, Mario Carvalho, antes mesmo de entrar para a aviação, já trabalhava no prédio que celebrava a indústria.

Tudo bem, mas por que o início da carreira de Mario foi perto da TAP, mas longe da aviação? Justamente porque o escritório da TAP ficava na mesma Avenida São Luís que Mario trabalhava, na época na subsidiária da Philips. Por dentro já das vendas na Philips e ávido para entrar na aviação comercial, Mario foi lá no escritório da companhia portuguesa deixar seu currículo. Não é que deu certo? “Mas não foi na hora não (risos), eles demoraram um pouco a me chamar”, disse.

O início da história na aviação e o primeiro capítulo dela na TAP

Fernando Pinto, Mario Carvalho e David Neeleman

Do tempo em que Mario deixou o currículo no escritório da TAP Air Portugal, até ser chamado, não foi tão rápido como todos nós imaginávamos. Mas aconteceu! No dia 1° de fevereiro de 1972, Mario começava enfim a trilhar sua carreira na aviação comercial brasileira e portuguesa, neste primeiro momento como executivo do departamento de reservas da TAP. Um tempo depois, Mario foi para o departamento de Promoção da companhia.

Foi neste momento que a carreira de fato começou a decolar. De São Paulo, Mario foi para Campinas inaugurar o escritório da TAP que seria o quartel general da companhia no interior do Estado, na época já forte em emissão de turistas, respondendo à capital paulista. Pouco tempo depois, Mario voltou para a base em São Paulo onde se tornou gerente. Não demorou muito e Mario foi para Buenos Aires, em 1982, e logo depois foi representar a TAP em Toronto, no Canadá.

Agência de viagens, Canadian Airlines e VASP

O primeiro capítulo da história de Mario Carvalho terminou em 1987. O executivo voltou para o Brasil e, por incrível que pareça, abriu uma agência de viagens. É claro que sua nova aventura iria durar pouco tempo. O coração de Mario batia mesmo pela aviação. Um ano depois, Mario foi apresentado como representante da Canadian Airlines no Brasil, empresa canadense que encerrou suas operações em 2000, onde permaneceu por cinco anos.

De lá, foi direto para a saudosa VASP. Mario chegou à empresa para cuidar das vendas internacionais e logo virou diretor Internacional da VASP. Neste período da carreira, Mario foi morar em Bruxelas, na Bélgica, e posteriormente em Barcelona. Quando a companhia encerrou suas operações internacionais, focando apenas no nacional, Mario foi obrigado a voltar para o Brasil e logo depois deixou a companhia, que encerrou as operações em 2005.

O segundo capítulo da TAP na vida de Mario Carvalho

A segunda passagem de Mario Augusto de Carvalho pela TAP é muito mais duradoura e especial para sua carreira. Ele retornou para onde tudo começou no dia 1° de junho de 2001, como diretor de Marketing baseado no Rio de Janeiro. Um ano depois, Mario foi nomeado como diretor geral da TAP no Brasil, cargo que ocupava oficialmente até o dia 21 de janeiro, quando Carlos Antunes chegou para assumir o posto e voltar às suas origens.

Mario Carvalho com Juarez Cintra Neto e Juarez Cintra Filho, da Ancoradouro

“Neste tempo, abrimos uma série de bases, como Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Maceió, Belém e Manaus”, disse ele. Em 2010, a TAP inaugurou também a rota de Campinas, inclusive foi a primeira empresa a utilizar a estratégia de promover traslados entre a capital e o aeroporto no Interior.

“A minha maior conquista na empresa durante todos estes anos, o que me dá orgulho, é ter colocado a TAP como uma referência nos voos para a Europa. Conseguimos mudar a percepção de que a TAP serviria apenas Portugal e a ex-colônia portuguesa e, com tempo, confiança e perseverança, começamos a ligar o Brasil todo a Europa”, disse.

Neste tempo, além da abertura de bases, Mario acumulou expansão de oferta de voos e uma série de prêmios. Enquanto a TAP chegava a incríveis 83 frequências semanais em todo o Brasil até antes da pandemia, em 2018 e 2019, o ex-diretor da TAP acumulava prêmios, comendas, medalhas e títulos. Mario foi condecorado também com o título de cidadão de São Paulo, de Gramado, de Recife, de Belo Horizonte e recebeu outros prêmios como a medalha de Santos Dumont, do governo de Minas Gerais e do Governo de Pernambuco.

Mais de 60 fotos de parte da carreira de Mario

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Missão cumprida, Mario?

Mario se orgulha de ter colocado a TAP em outro patamar no Brasil, tornando-se de fato uma queridinha dos brasileiros, quase uma companhia de bandeira quando o assunto é viagens para a Europa. Não é para menos. Antes da pandemia, de cada 10 brasileiros que iam para a Europa, três viajavam com a TAP. Além de Portugal, Mario conseguiu o feito de apresentar a Europa para o viajante brasileiro através da TAP.

“A TAP hoje é uma queridinha dos brasileiros, recebeu um grande apoio dos agentes de viagens, é a companhia de bandeira do Brasil em viagens para a Europa”

“Deixo a direção geral com o sentimento de dever cumprido. Me gratifica ter recebidos tantos prêmios ao longo da carreira pelo fato de eu ter trabalhado incessantemente para fazer de Portugal um destino da moda, colocar a TAP não só como uma aérea europeia que transporta viajantes para o Brasil, e sim colocar no Brasil uma companhia que transportasse viajantes para Europa. Fomentamos o turismo e passamos a encher os voos de ida e volta”, lembra Mario.

O executivo celebra ainda o reconhecimento por parte dos órgãos turísticos brasileiros pelo esforço em desenvolver o turismo e lembra dos diversos anos de sucesso da TAP no Brasil, com volume de vendas acima do que a própria sede em Portugal. “A TAP hoje é uma queridinha dos brasileiros, recebeu um grande apoio dos agentes de viagens, é a companhia de bandeira do Brasil em viagens para a Europa. Com o fim da Varig, a TAP sobre trilhar o caminho e ocupar este lugar”, frisou.

Mario Carvalho, diretor da TAP

No Nordeste, então, segundo Mario, a TAP foi considerada a companhia da região, com efetiva presença nestes mercados e aproximando de vez a Europa. “Digo que o Nordeste não teria o turismo que tem hoje, de forma alguma, se não fosse a TAP. É algo que me orgulho muito de ter contribuído”, destacou. “E sempre tivemos um relacionamento com trade, uma intimidade, inclusive com os órgãos representativos”, completou Mario.

Futuro de Mario e da TAP

Ainda é cedo para saber o futuro de Mario Carvalho no Turismo. Mas, uma coisa é certa: sua aposentadoria está por ora descartada. “Vou ser assessor da TAP e também abraçar outros projetos, embora não tenha nada definido”, disse. “Com relação a TAP, estou muito feliz que Carlos Antunes chegou para me substituir. Ele trabalhou comigo muitos anos e agora vai dar continuidade ao trabalho que desenvolvemos juntos”, finalizou o agora ex-diretor da TAP no Brasil.

Contato: mariocarvalho@tap.pt