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Aviação / Manchete

Dança dos assentos na aviação: desafios e oportunidades marcam aquisições e fusões aéreas

aviação

Rumores e realidades nas aquisições aéreas tem transformado a aviação em um intricado balé (Freepik/chevanon)

O mercado de aviação vive em constante movimento, e fusões, aquisições e acordos de codeshare são bastante comuns. No último ano, temos visto rumores frequentes de companhias aéreas interessadas na compras de outras. No entanto, as intenções e negociações podem mudar rapidamente e a aviação global vive uma verdadeira ‘dança das cadeiras’ – ou melhor, de assentos.

Adquirir uma outra aérea pode significar muito para uma companhia. E os motivos são óbvios: maior alcance e conectividade, mais assentos, mais receitas. As oportunidades surgem e há sempre alguma companhia preparada para fazer uma proposta. A oficialização de acordos, no entanto, é mais complexa e muitas vezes o interesse se esvai. Alguns dos principais fatores que podem impedir ou dificultar uma aquisição são:

1. Regulamentação e aprovações regulatórias

  • Antitruste e concorrência: Autoridades regulatórias antitruste, como o Departamento de Justiça dos EUA ou a Comissão Europeia, revisam fusões e aquisições para garantir que não criem monopólios ou reduzam a concorrência de forma prejudicial. Se a fusão ou aquisição for considerada anticompetitiva, pode ser bloqueada ou condicionada a certas mudanças. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) monitora o tema.
  • Regulações de aviação: Agências reguladoras de aviação, como a FAA (Federal Aviation Administration) nos EUA ou a EASA (European Union Aviation Safety Agency) na Europa, podem ter requisitos específicos para fusões e aquisições, especialmente no que diz respeito à segurança e operação. No Brasil, a responsável pela regulação é a ANAC.

2. Questões financeiras

  • Avaliação e financiamento: As partes envolvidas precisam concordar sobre o valor da companhia-alvo. Se houver discordâncias significativas sobre a avaliação ou se a empresa compradora não conseguir garantir o financiamento necessário, a aquisição pode ser comprometida.
  • Dívidas e passivos: A companhia-alvo pode ter dívidas significativas ou passivos que tornam a aquisição menos atraente ou inviável.

3. Questões culturais e operacionais

  • Integração de culturas: A integração cultural entre as duas organizações pode ser desafiadora. Diferenças na cultura corporativa, práticas de gestão e estilos de trabalho podem criar conflitos e dificultar a fusão bem-sucedida.
  • Integração operacional: A fusão de sistemas operacionais, processos e tecnologias pode ser complicada e dispendiosa. A gestão eficiente das operações combinadas é crucial para o sucesso da aquisição.

4. Reações do mercado e dos stakeholders

  • Reação dos funcionários: Os funcionários das duas companhias podem resistir à mudança, especialmente se houver preocupações com demissões ou mudanças nos termos de trabalho.
  • Opinião dos clientes: Mudanças significativas podem afetar a lealdade dos clientes e a percepção da marca. A integração das bases de clientes e a manutenção da qualidade do serviço são aspectos importantes a serem considerados.

5. Questões políticas 

  • Regulações governamentais: Em alguns países, o setor aéreo é altamente regulamentado e pode haver restrições à propriedade estrangeira ou outras barreiras políticas.

6. Concorrência e oferta de mercado

  • Ofertas alternativas: Outras companhias podem fazer ofertas competitivas pela mesma companhia-alvo, o que pode complicar ou impedir a aquisição.
  • Condições de mercado: Condições econômicas desfavoráveis ou crises no setor aéreo podem afetar a viabilidade e atratividade da aquisição.

Esses fatores, entre outros, precisam ser cuidadosamente avaliados pelas partes envolvidas e pelas autoridades regulatórias para determinar se uma aquisição pode ser concluída com sucesso.

Rumores ou realidades na aviação: oportunidades e interesses existem – mas nem sempre se concretizam

Algumas das grandes companhias aéreas que frequentemente estão em busca de oportunidades de aquisição são

  • Delta Air Lines: Conhecida por sua estratégia de expansão e alianças.
  • American Airlines: Que possui um histórico de fusões e aquisições.
  • United Airlines: Sempre ativa na expansão e parcerias estratégicas.
  • IAG (International Airlines Group): O grupo por trás da British Airways e Iberia tem mostrado interesse em crescer por meio de aquisições.

Recentemente, alguns rumores tem despertado maiores interesses do mercado, que acompanha de perto as possibilidades e negociações. Entre eles, está a possível aquisição da Gol Linhas Aéreas – que se encontra em processo de Chapter 11 nos EUA, pela Azul Linhas Aéreas. Os rumores ganharam ainda mais força quando as aéreas anunciaram um acordo de cooperação comercial. Apesar disso, para a Veja Negócios, em maio deste ano, o presidente da Azul, Abhi Shah, negou o interesse da Azul na laranjinha.

Um possível interesse da Latam, Azul e Avianca na Aerolíneas Argentinas também tem sido veiculado na mídia na última semana. O M&E entrou em contato com as aéreas para a confirmação do interesse, mas não recebeu resposta até o momento.

A TAP também tem sido objeto de desejo de diversas aéreas. De acordo com o jornal italiano Corriere della Sera, a Lufthansa estaria de olho em uma participação de 19,9% na aérea portuguesa. Por outro lado, o International Airlines Group (IAG), que engloba as companhias aéreas Iberia e British Airways, estaria em melhor posição para a compra da TAP do que os seus concorrentes, de acordo com informações da imprensa espanhola, baseada em dados avaliados por analistas do banco Sabadell. Vale relembrar que neste ano, o grupo IAG desistiu da compra da Air Europa, após a Comissão Europeia expressar preocupação que o acordo reduzisse a concorrência na aviação comercial na Europa. Esta novela se estendeu por quase dois anos antes da desistência.

À medida que o mercado aéreo continua a sua dança frenética, as aquisições permanecem um jogo de xadrez complexo, onde cada movimento deve ser meticulosamente calculado. Com interesses divergentes, regulamentações rigorosas e dinâmicas culturais intrincadas, a busca por fusões e aquisições revela-se um desafio multifacetado. Enquanto as grandes companhias aéreas como Delta, American, United e IAG avaliam suas estratégias, e rumores sobre a Gol, Azul, Latam, e TAP ganham força, uma coisa é certa: o cenário de aviação está longe de ser monótono. A próxima jogada pode redefinir o mapa das rotas globais e moldar o futuro do setor. Em um ambiente onde a estabilidade é rara e a concorrência acirrada, a habilidade para voar por áreas turbulentas determinará quais companhias realmente se elevarão aos céus. Cabe a nós acompanhar.

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