
Número representa uma queda de 50,9% em relação às projeções para o ano e um impacto de US$ 108 bilhões.
O avanço da vacinação e os sinais de recuperação de importantes mercados domésticos ainda não são suficientes para reduzir o impacto da pandemia de Covid-19 na movimentação do aeroportos. Dados da sétima avaliação trimestral de impactos da pandemia do Conselho Internacional de Aeroportos (ACI – sigla em inglês) apontam que o setor deve fechar 2021 com 4,8 bilhões de passageiros, 5 bilhões a menos que o projetado para o ano antes da crise do coronavírus.
O número representa uma queda de 50,9% em relação aos 9,8 bilhões de passageiros projetados para o ano, e de 47,3% em relação a 2019, quando o setor registrou 9,1 bilhões de passageiros em todo o mundo. Na comparação com 2020, no entanto, a expetativa é de um aumento de 33,4%. No ano passado, a perda de passageiros foi de 5,9 bilhões, de acordo com as projeções do ACI.
No entanto, esta expectativa de melhora para 2021 ainda não se traduziu em números reais. Em uma comparação trimestral, o primeiro trimestre de 2021 registrou resultados piores que o os dois últimos trimestres de 2020, enquanto o segundo trimestre do ano (ainda com dados preliminares) apresentou uma pequena melhora em relação aos três trimestres anteriores.
“Embora fosse esperado que o primeiro trimestre de 2021 mostrasse poucos sinais de melhoria em comparação com o quarto trimestre de 2020, havia algumas esperanças de que o segundo trimestre de 2021 surgisse como o ponto crucial e o início de uma recuperação real. Essas expectativas não se concretizaram, e o segundo trimestre terminou apenas ligeiramente melhor do que o quarto trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2021. No entanto, como a vacinação continua a ser implementada e as restrições de viagem são lentamente reduzidas, mais passageiros devem retornar ao viagens no terceiro e quarto trimestre de 2021”, diz o relatório.

Projeção de perda dos aeroportos 2020 e 2021.

Perda de passageiros 2020/2021, por região. (Fonte: ACI)
Apesar do fraco desempenho no primeiro semestre, a expectativa do ACI é de uma melhora mais acentuada a partir do terceiro trimestre, com um crescimento de 50% no tráfego de passageiros em relação ao segundo trimestre. Este melhor desempenho e estruturado principalmente na recuperação do mercado doméstico, que representará cerca de 3,3 bilhões de passageiros no ano, de acordo com o estudo.
“O tráfego doméstico de passageiros está se recuperando mais rapidamente do que o tráfego internacional. Os principais mercados domésticos iniciaram uma trajetória de recuperação em 2020, acelerando o ritmo em 2021, especialmente os EUA, de longe o maior mercado doméstico. Globalmente, o tráfego doméstico continuará a aumentar em 2021, atingindo cerca de 3,3 bilhões de passageiros no final de 2021, correspondendo a 61,4% do nível de 2019”, destaca a ACI no levantamento.
O ACI espera que o tráfego global de passageiros se recupere aos níveis de 2019 até o final de 2023, o que será impulsionado principalmente pela retomada do tráfego doméstico de passageiros, mas amortecido por uma recuperação mais lenta das viagens internacionais. No longo prazo, prevê-se que o tráfego global possa levar até duas décadas para retornar aos níveis projetados anteriormente.
“Apesar dos crescentes sinais positivos, a Covid-19 continua sendo uma crise existencial para aeroportos, companhias aéreas e seus parceiros comerciais, e a aviação ainda precisa de apoio e decisões políticas razoáveis dos governos para que haja uma recuperação uniforme e sustentada”, destaca o diretor-geral do ACI, Luis Felipe de Oliveira.

Luis Felipe de Oliveira, diretor-geral do ACI
PERDA FINANCEIRA
A previsão para 2020, antes da pandemia, era de que os aeroportos faturassem cerca de US$ 200 bilhões (valores em dólares. O impacto da crise nas receitas do aeroporto foi sem precedentes, reduzindo as receitas em mais de US$ 129 bilhões em 2020 uma queda de 64,7%. Somente no segundo trimestre de 2020, pior mês da pandemia globalmente, o impacto foi de US$ 46 bilhões.
O ACI aponta que este impacto significativo também ocorrerá em 2021, com um perda estimada em US$ 108 bilhões até o fim do ano. A expectativa é de que cada trimestre de 2021 apresente melhorias em relação ao anterior, passando de uma queda de 71,4% no primeiro trimestre de 2021 para uma queda de 37,2% no quarto trimestre, na comparações com as projeções pré-Covid.