O anuário divulgado nesta terça-feira (20) pela Associação Brasileira de Operadoras de Turismo (Braztoa) mostrou um crescimento expressivo da participação das viagens domésticas no faturamento do setor, fenômeno esperado em virtude das restrições de fronteira de diversos países, em vigor desde o ano passado.
O segmento, que em 2019 representou 59,7%, em 2020 passou para 77% dos R$ 4 bilhões de faturamento das empresas associadas, ou seja R$ 3,09 bilhões, queda de 65,6%. Já a participação do doméstico no número de passageiros passou de 73,8% em 2019 para 96% em 2020. Foram 3,1 milhões de embarques no segmento, 35,1% a menos que em 2019.
Percentual das viagens domésticas no faturamento das operadoras ano a ano

Percentual das viagens domésticas no faturamento das operadoras ano a ano
O cenário de pandemia e a ampliação do market share fez com que algumas operadoras, que antes tinha como atividade principal, ou quase que total, a comercialização de produtos internacionais, voltassem sua atenção para o mercado doméstico. Esse movimento levou algumas empresas a registrar aumento de faturamento no segmento.
Para o presidente da Braztoa, Roberto Nedelciu, esse fenômeno deve contribuir não só para manter o market share das viagens nacionais em níveis muito parecidos nos próximos anos, mas para a criação de novos produtos em padrões compatíveis aos de grandes destinos internacionais.
“É uma tendência que vai ficar, a de divulgar produtos nacionais. A gente começou a desenvolver produtos internos e algumas operadoras passaram a desenvolver produtos nos padrões internacionais. Com isso, vamos conseguir fazer produtos diferenciados, que inclusive serão mais atrativos para turistas internacionais”, analisa Nedelciu.
Esse desenvolvimento do mercado passa não só pela criação de padrões e produtos diferenciados, mas pela identificação de experiências de alto nível que estavam foram da prateleira das operadoras. “Com essa mudança, o mercado conseguiu descobrir os produtos de grande qualidade que o Brasil tem e não eram comercializados pelas operadoras”, ressalta Frederico Levy, vice-presidente da Braztoa.

Roberto Nedelciu e Frederico Levy, presidente e vice-presidente
DESTINOS E TÍQUETE MÉDIO
Do faturamento de R$ 3,09 bilhões do segmento, R$ 2,1 bilhões (70%) foram somente em viagens para a região Nordeste, totalizando mais 1,9 milhões de embarques. A região também ficou com os destinos mais comercializados pelas operadoras: Salvador (1º), Maceió e Natal (dividindo a 2ª posição). Na sequência, entre as regiões, aparecem Sul (14%), Sudeste (12%), Centro-Oeste (3%) e Norte (1%). Entre os destinos completam o pódio São Paulo e Rio de Janeiro, dividindo o terceiro lugar.
Os mais de 30 pontos percentuais de diferença entre a queda de faturamento e de embarques resultaram em uma redução de 35,6% no tíquete médio das viagens domésticas, de R$ 1.520 para R$ 978. O valor mais alto ficou com a região Nordeste, R$1.101, seguido pela Sul, R$ 824. As regiões foram as únicas a ficar acima da média.

Faturamento e embarques por região