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O segmento marítimo brasileiro movimentou R$ 1;3 bilhão na economia na temporada 2010-2011. Desse total; R$ 791;6 milhões foram gerados pelas armadoras e R$ 522;5 milhões pelos cruzeiristas nos portos. “Enquanto os combustíveis foram responsáveis por R$ 290 milhões; as taxas e os impostos corresponderam a R$ 215 milhões dos gastos totais das companhias marítimas”; afirmou Airton Pereira; coordenador de Estudos do Turismo do Departamento de Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV); ao apresentar na manhã desta segunda-feira (30/05); durante o SeaTrade South America Cruise Convention; um estudo sobre o impacto do mercado de cruzeiros no Brasil.
As comissões; por sua vez; representaram R$ 122 milhões do montante gasto pelas armadoras. Esse diagnóstico; segundo Ricardo Amaral; presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar); contribuirá para o governo; as empresas marítima e a iniciativa privada a pensarem e novas estratégias para o desenvolvimento do setor. “Queremos mostrar que a melhor forma de se viajar é a bordo de um cruzeiro marítimo”; destacou Amaral.
Ao longo de seis meses; a pesquisa mapeou um universo de quatro mil questionários e os cinco portos que receberam mais de 80% das escalas de navios na temporada 2010-2011 – acima de 100 escalas. Os portos de escala movimentaram R$ 525 milhões. Entre aqueles que mais obtiveram renda com os cruzeiristas estavam: Búzios com R$ 57 milhões e Salvador com R$ 43 milhões. “Se contabilizarmos destinos menores; esse índice chega a R$ 189 milhões. Consideramos apenas os gastos dos turistas nas cidades e não a bordo dos navios ” esclareceu Pereira.
O estudo apontou ainda a geração de 20.638 postos de trabalho; sendo 5.603 tripulantes brasileiros e 15.035 gerados de forma direta e indireta pelos gastos dos turistas nas cidades portuárias e na cadeia produtiva de apoio ao setor. Pela legislação local; todo navio em operação no país deve ter 25% da tripulação brasileira. “Também analisamos o perfil do turista que viaja de cruzeiro. Cerca de 55;8% são do sexo feminino; 54;4% são casados; 58;1% têm ensino superior e 33;7% compõem a nova classe média. Isso mostra que com condições de financiamento e forte presença publicitária; esse público já integra um importante hóspede para os cruzeiros no Brasil”; explicou o coordenador.
Além disso; 88;9% dos hóspedes desceram dos navios em; pelo menos; um porto de escala durante a viagem. Em média; as embarcações visitam de dois a três destinos por viagem. “O estudo demonstrou ainda que mais de 50% dos turistas tiveram uma imagem melhor da cidade visitada depois que realizaram o cruzeiro e 90% revelaram o desejo de retornar ao destino em outras ocasiões”; completou Airton Pereira. O mercado de São Paulo é o grande emissor de cruzeiristas – 61;1% embarcaram em Santos na temporada 2010-2011.
Oportunidades e Desafios – De acordo com Airton Pereira; o diagnóstico serve de suporte para definir as novas oportunidades para o setor marítimo no país como a promoção dos destinos turísticos; a geração de novos postos de trabalho e a movimentação da cadeia de turismo e serviços. No campo de desafios; a infraestrutura portuária ainda é o principal entrave para o crescimento do setor.
“A dificuldade para o hóspede descer do navio; a falta de sinalização nas cidades e os impostos foram considerados os principais problemas do segmento. Essa situação reforça a necessidade do governo; da Receita Federal; da Anvisa e das armadoras acompanharem a velocidade com quem vem crescendo o mercado de cruzeiros”; argumentou.
Airton Pereira, da FGV; Ricardo Amaral, da Abremar, e Chirs Hayman, do Seatrade