
Marcio Favilla, durante palestra no evento.
Os impactos da Covid-19 no turismo e a expectativa pela retomada do setor foram traduzidos em números durante a apresentação de Márcio Favilla, sócio-fundador da Daelex e ex-diretor da Organização Mundial do Turismo (OMT).
O economista destacou a queda de 73% no número de chegadas internacionais no ano passado, interrompendo uma sequência de dez anos consecutivos de crescimento. Favilla também pontuou o impacto das viagens corporativas neste número e também a queda de receitas no setor, que gerou um impacto de US$ 928 bilhões.
Além de 2020, ele também pontuou para a continuidade da crise no início de 2021, com uma queda de 83% nas chegadas internacionais nos primeiros meses do ano. Entre os fatores que contribuíram para este cenário de estabilidade, Márcio Favilla pontou a manutenção de fronteiras fechadas, proibição de eventos e um número baixo de países com queda inferior a 50% nos números do turismo.
“Este período tivemos um grupo muito pequeno de países onde a queda foi inferior a 50%. Quer dizer, que até dois meses atrás a situação era apenas uma continuidade de 2020”, analisa. Entre os países com menor impacto ele destacou México, Maldivas e República Dominicana.
RETOMADA
Apesar do cenário difícil no início do ano, o executivo pontuou um otimismo para os próximos meses, baseado no avanço da vacinação, aumento do turismo interno e flexibilização das restrições.
“A OMT tem um painel de especialista que são sondados a cada quatro meses para dar sua percepção sobre o que vai acontecer nos quatro meses seguintes. O último painel, pela primeira vez, mostra uma confiança na recuperação. Espera-se que no verão do hemisfério norte ocorram muitas viagens”, ressalta Favilla.
O ex-diretor da OMT ainda fez uma menção ao certificado digital de viagens da Europa, que passa, já em implementação em diversos países, mas que passa a valer a partir de 1º de julho. Para Favilla, apesar de não representar uma obrigatoriedade, mas apenas ser um balizador para que países adotem suas políticas, o certificado tende a ser uma exigência.
“Há um exemplo de um museu na Áustria que vai exigir a apresentação do certificado e esse é apenas um caso. O que se vai ver é uma disseminação da exigência de apresentação deste certificado”, pontua.
O economista ainda pontuou alguns desafios do setor, como os ritmos diferentes de vacinação em todo mundo, a necessidade de criação de um certificado global, restabelecimento da malha aérea e a necessidade de recuperar toda a cadeia de valor perdida com a pandemia.
“A reflexão que fica não se ou quanto vamos crescer, mas como vamos crescer. Essa retomada deve se basear em cinco palavras-chaves: confiança, segurança, digitalização, experiência e sustentabilidade”, finalizou.