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Entrevistas

Público nacional é solução para superoferta na hotelaria

Enrico Fermi, presidente da ABIH Nacional

Enrico Fermi, presidente da ABIH Nacional


Um dos tópicos mais discutidos no setor de hotelaria quando o tema são os grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil nos próximos anos, especialmente a Copa do Mundo de 2014, é o risco da superoferta de unidades após as competições. O Placar da Hotelaria, estudo realizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) e pela Hotel Invest, apontou risco em sete das 12 cidades. Em entrevista ao M&E, Enrico Torquato Fermi, presidente da ABIH Nacional, aponta que há alternativa para que este diagnóstico não seja terminal: o investimento no Turismo nacional. Além disso, o executivo reafirmou a posição da entidade sobre a questão da flexibilização de tarifas durante estes grandes eventos, apontando que a hotelaria não é a vilã da situação e que está disposta a trabalhar em parceria com o Ministério do Turismo.

MERCADO&EVENTOS – Fala-se muito sobre a superoferta hoteleira durante a Copa.  A ABIH tem algum posicionamento sobre isso?
Enrico Fermi
: Um hotel não é equipamento que recebe um investimento com retorno a curto prazo. Leva-se acima de 20 anos para recuperar o valor. Então, ninguém faz um meio de hospedagem pensando em tirar lucro ali em 40 dias. Na realidade, o grande motivador para o investidor tanto nacional quanto para o internacional, para a construção de hotéis, é o nosso crescente mercado consumidor. A expectativa é que tenhamos na nossa base de consumo do Turismo mais 50 milhões de brasileiros até 2020. Isso mostra nosso potencial. É visando esse crescimento do mercado interno que os investimentos estão surgindo.

MERCADO&EVENTOS – A pesquisa do Fohb aponta que há esse problema em algumas cidades. Como você enxerga isso?
Enrico Fermi:
É uma preocupação. O estudo do Fohb diz que existe, digamos assim, uma luz amarela em Belo Horizonte (MG). Existe hoje também uma luz amarela acendida pela ABIH da Bahia com relação aos muitos projetos que estão sendo desenvolvidos lá. Mas achamos que trabalhando bem este mercado interno, motivando este turista a gastar aqui, deixar divisas aqui, nós vamos conseguir fazer com que isso não aconteça. Não é uma situação irreversível. Muito pelo contrário, nós temos dois destinos que, hoje, perdem eventos em função da falta de apartamentos, que são o Rio de Janeiro e Recife. São gargalos que já estão sendo resolvidos. O Rio deve ganhar 36 novos hotéis e Recife, 10 mil novos apartamentos. Isso deve amenizar esta questão.

MERCADO&EVENTOS – Quanto à polêmica em relação aos preços abusivos da hotelaria durante os grandes eventos esportivos, o que tem a dizer?
Enrico Fermi:
Toda essa polêmica foi gerada pelo episódio da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no ano passado. Relembrando: na ocasião, havíamos sido consultados sobre a melhor maneira de proceder em relação à venda dos pacotes para o evento, e sugerimos que a Braztoa era o melhor caminho. O Itamaraty, em vez disso, optou por fazer uma licitação e acabou contratando a empresa Terramar. Eles não tinham nenhum conhecimento do mercado de Turismo, colocaram o lucro lá em cima (30%) e fixaram o pacote em sete dias. Quando a coisa estourou e as delegações internacionais passaram a dizer que não viriam, o Itamaraty “rasgou” a licitação e liberou os quartos para venda. Na ocasião, a hotelaria saiu como vilã da Rio+20, sendo marginalizada. Um erro. Na Embratur, o Flávio Dino usou este fato como um fato político, de forma equivocada.

MERCADO&EVENTOS – O que está sendo feito para os próximos eventos – Copa das Confederações e Copa do Mundo?
Enrico Fermi:
A Match Hospitality, que é a empresa que negocia toda a parte de hospedagem para a Fifa, já está vendendo quartos e vem fechando pré-contratos com hotéis desde 2007 – muito antes desta polêmica da Rio + 20. Nós, da ABIH, nos posicionamos frente ao MTur de maneira muito clara: não temos o objetivo de resolver a questão de lucro e investimento que foi feito nos hotéis recém-construídos. Foi como expliquei, este tipo de investimento deve ser a longo prazo. Nosso papel é ajudar a coibir a prática dos preços abusivos. Queremos trabalhar junto com o Ministério, nosso discurso é de parceria.

MERCADO&EVENTOS – O Ministério do Turismo mencionou a possibilidade de punir os hotéis que praticarem tarifas abusivas. Qual a posição da ABIH?
Enrico Fermi:
Não tive conhecimento disso ainda, mas acredito que não existe legislação para aplicar multas neste caso. Se você quer vender o seu carro e pede R$ 2 milhões por ele, quem vai te multar? A multa, a punição, neste caso, é a falta de compradores. A posição da ABIH é trabalhar na informação e conscientização dos hoteleiros em relação às tarifas. Não podemos determinar o que vai ser feito em cada meio de hospedagem, mas buscamos o melhor para o mercado, a união dos profissionais pelas causas comuns. Ninguém quer que o Brasil seja visto como um destino onde os hotéis têm preços abusivos.

MERCADO&EVENTOS – Qual será o grande desafio da hotelaria para os próximos anos?
Enrico Fermi:
O grande desafio da ABIH, se eu pudesse resumir em poucas palavras, eu diria que é a qualificação. Este é o grande legado que nós esperamos ter destes grandes eventos. É o nosso grande desafio para que possamos atender bem este turista que vai chegar aqui, para que possamos ter a casa arrumada. Houve uma paralisação nos esforços neste sentido depois do que aconteceu em 2011 no Ministério do Turismo. Agora, tivemos um aceno deles de que realmente vão  retomar este tempo perdido, utilizando as instituições como parceiras. O MTur enxergou que não tem como fazer a qualificação se não for com o apoio das instituições – Fohb, Resorts Brasil, Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação e nós. Já temos capilaridade para chegar nos colaboradores e qualificá-los. E queremos que isso aconteça em breve, porque nós já temos a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude neste ano. Em 2014 é a vez da Copa do Mundo.

MERCADO&EVENTOS – Dentro da ABIH, quais as frentes de trabalho a serem desenvolvidas durante este ano?
Enrico Fermi –
Estamos trabalhando para consolidar essa nova visão que criamos dentro da entidade, que é uma visão comercial. Potencializá-la, visando fortalecer as parcerias comerciais privadas. O reflexo disso são as duas parcerias que foram fechadas recentemente, com a Ecolab, que é a maior empresa de produtos de limpeza do mundo, e com o Clube de Hotéis, que é uma nova central de reservas de vendas de diárias. Por fim, queremos também fortalecer nosso congresso – o Conotel – e a nossa feira, que acontece em paralelo ao congresso, a Food Hospitality World.

MERCADO&EVENTOS – Por falar em Conotel, quais as novidades e expectativas para o evento deste ano?
Enrico Fermi:
O Conotel é o grande evento da hotelaria brasileira, um momento no qual podemos discutir assuntos pertinentes ao nosso setor e fazer nosso networking, manter contato com profissionais que encontramos. A grande novidade deste ano é a parceria com a Food Hospitality World, grande evento de produtos voltados para a hotelaria. O congresso acontece entre 25 e 27 de março, em paralelo com a feira, que vem pela primeira vez ao Brasil. Teremos, no primeiro dia, uma cerimônia de abertura, seguida de uma palestra do economista Delfim Netto, e a feira. Encerramos o dia 25 com uma festa promovida pelo Estado de Pernambuco, que divulgará sua ações e atrativos, com show do Alceu Valença. Na terça e quarta teremos painéis sobre diferentes temas, para a
tender a vários interesses, além palestras sobre os megaeventos e sobre a classe C, esta última proferida pelo consultor Stephen Kanitz.Nossa estimativa é receber entre 1.000 e 1.200 hoteleiros, provenientes não só do eixo Rio-São Paulo, mas do Rio Grande do Norte, Ceará, Rondônia, Alagoas, Pernambuco, entre outros Estados.

Juliana Bellegard

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