
Nelson Pellegrino com edições do Mercado & Eventos e da Folha do Turismo
Com quatro mandatos de deputado federal, o advogado soteropolitano Nelson Pellegrino é o novo secretário do Turismo da Bahia. Filiado ao Partido dos Trabalhadores desde 1980, ele foi candidato a prefeito de Salvador quatro vezes e sempre teve atuação destacada na Câmara Federal, sempre figurando entre os mais influentes da casa. No Executivo, também já comandou a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos no governo de Jaques Wagner entre 2009 e 2010. Agora, à frente da Secretaria do Turismo da Bahia (Setur), pretende recuperar o Centro de Convenções, por em prática o projeto de infraestrutura da Baía de Todos-os-Santos e ampliar a promoção do Estado no Brasil e no exterior.
Em entrevista exclusiva ao MERCADO & EVENTOS, o secretário destacou que vai debater o custo Bahia para saber os valores pagos para ir a lugares similares e o que poderá ser feito para reduzir esse custo e aumentar a competitividade do estado que é o terceiro destino mais procurado pelos turistas, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
MERCADO & EVENTOS – O senhor citou a recuperação do Pelourinho como uma das primeiras medidas. Como isso se dará?
Nelson Pellegrino – Na primeira reunião com o secretariado, o governador Rui Costa pediu que trabalhássemos com o conteúdo da transversalidade e essa será minha tônica aqui na secretaria, que tem uma interseção muito grande com as outras pastas, inclusive o Pelourinho. Lá, por exemplo, incide a secretaria de Desenvolvimento Urbano, secretaria Pública, de Cultura e Desenvolvimento Social. O primeiro passo da Setur será uma reunião com todas essas secretarias para análise do projeto e estabelecimento das etapas a serem executadas. Mas o governo tem investido na recuperação do Pelourinho como igrejas, prédios, iluminação, sinalização. Ao todo já foram investidos R$40 milhões. O Pelourinho é uma região especial, é patrimônio da humanidade e tem que ser tratado de forma especial. É necessário elaborar um projeto que dê vida ao local. Deve-se associar comércio, hotel, bares, restaurantes, moradia, projetos culturais. Além de ter uma intervenção social, pois a abordagem dos vendedores ambulantes, dos guardadores de carro, também afasta os freqüentadores do local.
M&E – E em relação aos investimentos na Baía de Todos os Santos?
Nelson Pellegrino – Para a requalificação da Baía de Todos-os-Santos, os investimentos serão da ordem de US$ 84 milhões para realizar as obras de infraestrutura que consiste em construção e recuperação de atracadouros, píeres e terminais hidroviários, além de outras ações como a capacitação profissional para atender à demanda náutica, além de beneficiar 14 municípios.
M&E – Qual o estágio das obras do aeroporto?
Nelson Pellegrino – Tive uma reunião agora com a Infraero e já decidi que vou levar uma delegação a Brasília para conversarmos com o Ministro Eliseu Padilha e, se for o caso, vou até a presidente Dilma para concluir esta etapa que teve investimentos de R$114 milhões. Já tem o plano diretor elaborado pela Infraero para a construção da segunda pista, que dará capacidade para 35 milhões entre embarque e desembarque, hoje operamos com 9 milhões, e ampliação de 11 fingers para 42, entre outras melhorias.
M&E – Como está o processo de captação de novos voos? Alguma novidade?
Nelson Pellegrino – Nossa primeira estratégia é para não perder o que já temos, como os voos da TAP, Aerolineas Argentina, América Air line. Além disso, fazer uma disputa que tem a ver com o fluxo emissor. No caso da América do Sul, Argentina e Chile, América do Note, os Estados Unidos, e a Europa, que é o nosso segundo emissor. Também vamos discutir a disputa dos voos de longo curso, que têm tendência mundial de ampliação de 5,6% até 2020, contra 3.8% dos voos regionais. E para isso o aeroporto de Salvador tem que estar equipado também. O que está em fase de conversação é com a Air France. Que seriam voos para Paris. A nossa proposta é que a Bahia se torne um hub no Nordeste.
M&E – Qual a expectativa do volume de turistas para esse Carnaval e quanto isso pode gerar para a Bahia?
Nelson Pellegrino – Expectativa de ampliação em relação ao ano passado em pelo menos 10%, ou seja, esperamos receber entre 518/530 mil turistas.
No verão, em torno de 1,5 milhão e durante todo o ano uns 4,5 milhões de turistas.Nós somos o terceiro destino mais procurado, só perdemos para São Paulo e Rio de Janeiro, no entanto, em permanência, nós ultrapassamos esses dois estados.
M&E – Pensa em reeditar o Salão Baiano em sua Gestão? Que modelo adotaria? Existem planos para um calendário turístico formatado para a Bahia?
Nelson Pellegrino – Pretendo fazer o salão todos os anos, inclusive para vender nossos produtos turísticos. Outro plano é retornar a feira do interior, que era muito boa e reunia em um único lugar vários municípios. Eles tinham a oportunidade de apresentar os seus produtos como culinária, artesanato, manifestações culturais, dentre outros. Ampliar o festival gastronômico da Bahia e fortalecer produtos turísticos como São João da Bahia. Quanto ao calendário, a proposta é incluir os eventos que já se consolidaram no estado a exemplo do Festival de Verão, além de criar uma agenda anual de eventos artísticos e culturais. Inclusive, a proposta é requalificar o Centro de Convenções para associar o calendário de eventos com as atrações.
M&E – E como está o projeto de requalificação do Centro de Convenções?
Nelson Pellegrino – Os Centros de Convenções são fundamental para a captação de eventos para o estado. Por isso estamos analisando para verificarmos qual a melhor opção: construir ou requalificar. E o projeto não contempla apenas Salvador, mas municípios como Ilhéus e Porto Seguro também terão a renovação desses equipamentos.
M&E – E em relação aos circuitos turísticos. A Bahia acabou de lançar o programa Estrada Real. Existem novos roteiros. E como está o desenvolvimento desta nova etapa da Estrada Real?
Nelson Pellegrino – Um produto interessante e eu vou dar continuidade, pois nestes trechos possuem um projeto associado às manifestações culturais, gastronomia, produção de cachaça.
M&E – Como vai funcionar o modelo de gestão da Setur com o fim da Bahiatursa? Quem ficará responsável pela promoção internacional?
Nelson Pellegrino – A Bahiatursa se transformou em superintendência, mas que tem autonomia. Vai fazer um trabalho integrado e ser incorporada pela Setur para haver uma comunicação permanente com ela, para que tenha uma estratégia única da secretaria, que seja do estado.
M&E – Qual o projeto de promoção da Bahia junto ao mercado doméstico?
Nelson Pellegrino – Temos que ser mais agressivos, já tem um plano de promoção elaborado pela Bahiatursa, mas vamos analisar para ver o que deve ser acrescentado. Mas temos planos de agenda de fixação de turistas, investir na requalificação da cidade, dos destinos turísticos. Em Salvador, requalificar alguns pontos como Lagoa do Abaeté, Parque são Bartolomeu (que recebeu investimento R$100 milhões de reais (segundo parque de mata atlântica do Brasil). E, principalmente a orla. Fazer uma praia dia e noite, pois a economia as
sociada à “areia” é muito alta e é um compromisso meu submeter essa demanda ao governador, pois 37% dos turistas vêm por causa das praias e 26% pelas belezas naturais.
M&E – E em relação a um novo portal? Como está o uso das mídias sociais e da internet para divulgação da Bahia?
Nelson Pellegrino – Está no plano estratégico da Bahiatursa, mas eu quero que isso seja feito aqui com a secretaria e, pela importância desses meios, tem que ter um trabalho agressivo de ocupação das redes sociais. As redes sociais são fundamentais. Hoje as pessoas compram passagens aérea pela internet, reservam hotéis, fazem pesquisa de turismo, tudo através da internet.
Sineia Coelho, de Salvador (BA)