
.
Em café da manhã com jornalistas no dia 10 de setembro; o novo presidente da Embratur; Mário Moysés; falou sobre as ações a serem implementadas para o próximo ano com um reajuste já definido de 40% sobre a verba de promoção internacional que deve chegar a R$ 180 milhões. Nesta entrevista; ele destaca o novo material promocional que começa a ser divulgado nas feiras internacionais a partir da WTM; em novembro; em Londres; que inclui folheteria e um novo layout; com destaque para um mosaico das 12 cidades-sede.
M&E – Ao assumir; quais as prioridades que pretende adotar neste final de governo e como fica o planejamento já para o próximo ano?
Mário Moysés – A primeira preocupação é manter a orientação do ministro Luiz Barretto e não interromper a política da Embratur. Estamos cuidando já das próximas feiras como FIT e WTM e definimos uma programação de marketing até o final deste ano priorizando os mercados da América do Sul. Nas próximas semanas irei com o ministro ao Peru para estudar ações voltadas para esse mercado. Também estamos focando mais a internet e o trade marketing junto aos operadores nos países emissores. Precisamos conhecer mais o mercado local e regional conhecendo o perfil deste cliente. Isso se faz com pesquisa e avaliação para conhecer suas expectativas. Acho que precisamos mostrar novos destinos e oferecer mais produtos junto a estes consumidores; como é o caso do mercado argentino; que já busca o Nordeste. Também temos que oferecer preços mais acessíveis e isso deve ser trabalhado junto com a iniciativa privada. Outra questão é a sazonalidade. Podemos perfeitamente oferecer produtos com preços mais competitivos na baixa temporada. Já o orçamento para o próximo ano terá um reajuste substancial chegando a R$ 180 milhões; o que corresponde a um aumento de 40% em relação aos últimos 12 meses.
M&E – Dentro desta estratégia; como estão os investimentos realizados em promoção e o que está previsto para 2011?
Mário Moysés – Os nossos investimentos em promoção em mercados como a América Latina cresceram 300% em gastos com publicidade. A campanha ‘Brasil Te Chama’ terá continuidade e este mês entramos com uma estratégia para explorar o mercado da internet. Este mês no New York Times haverá uma edição especial sobre o Brasil com distribuição de 300 mil óculos para que os leitores possam assistir no nosso canal do YouTube filmes em 3D. A campanha que está nas ruas é um convite para que as pessoas venham conhecer o Brasil; sua cultura e diversidade. Também estamos trabalhando uma nova decoração no estande de feiras da Embratur; que apresentaremos na WTM em Londres com o mosaico das 12 cidades da Copa. As fotos despertarão emoção e sentimentos de desejo para visitar aquele lugar. Mesmo no turismo de negócios podemos explorar e despertar o interesse do turista pelo destino onde acontece o evento. O mercado é muito competitivo e no turismo de lazer temos que ter muita sensibilidade quanto a isso.
M&E – Quais são os mercados considerados prioritários hoje? Quais as ações previstas?
Mário Moysés – Além dos países próximos temos aí definidos os países que fazem parte do Plano Aquarela. Alguns mercado precisam ter uma atenção maior como é o caso do mercado norte-americano. Precisamos criar facilidades no processo de emissão de vistos com a flexibilização dos mesmos.O americano tem interesse pelo Brasil; mas tem ainda enorme dificuldade para vir ao Brasil. Temos também que ajustar o mercado ao perfil do consumidor; como a questão dos resorts; que pode ser bem explorado naquele mercado.Existe o projeto na Câmara para agilizar os procedimentos de emissão de visto e temos que buscar novas parcerias com empresas aéreas para que neste mercado possamos ter um volume mais expressivo de visitantes. Já o mercado europeu; que sofreu uma retração; tem ainda espaço de crescimento; especialmente com a Copa e as Olimpíadas. Além deste fator; lembro que a imagem política do Brasil no exterior ajuda também para mostrar um país com estabilidade e que tem modernidade e oferta de serviços diversificados. Temos muito ainda a trabalhar; mas a percepção do Brasil melhorou bastante nos últimos anos e vamos investir no trabalho dos EBTs; dando ênfase também aos programas de Relações Públicas no exterior; que nos permite aprimorar o nível da informação. Pretendemos dobrar os investimentos em RP para 2011 já que o retorno tem um custo bem menor do que o gasto em publicadade. Os programas Caravana Brasil também terão continuidade. Já em relação aos mercados emergentes e mais distantes; nossa ideia é oferecer sempre roteiros integrados; além de trabalhos cooperados em parceria com países vizinhos; como temos feito com a Argentina. Esta cooperação minimiza os custos de investimentos; como tem sido o caso na China e na Rússia; onde devemos investir mais em pesquisa para conhecer o consumidor. O mesmo se dá em relação ao Leste Europeu. A metodologia não pode ser a do achismo.
M&E – A questão aérea sempre preocupa. Que medidas podem contribuir para facilitar o acesso a destinos turísticos num país com grandes distâncias como o nosso?
Mário Moysés – Temos discutido novos voos e temos mantido diálogo com empresas como a American Airlines e outras. As empresas aéreas nacionais também têm que abrir sua oferta usando novos hubs como Brasília; que pode atender bem aos mercados no Norte e Nordeste. Temos que pensar em oferecer maior diversidade de portas de entrada para o turista e investir na melhoria dos aeroportos para aumentar a capacidade. Isso já está previsto em aeroportos como Guarulhos. Também devemos dar uma atenção especial à aviação regional; onde a abertura e manutenção de aeroportos em lugares como Bahia e Ceará tem favorecido o acesso às regiões turísticas. Nós temos que trabalhar também a questão do Airpass para que seja um produto atraente para o turista estrangeiro. A fusão de empresas como a Lan e Tam também vai ampliar a acessibilidade; e isso deve ser sempre uma prioridade.
M&E – Em relação aos futuros governantes; como o turismo no país deve ser visto a partir das mudanças ocorridas nos últimos anos?
Mário Moysés – Este deve ser um processo tranquilo já que a política atual foi construída a partir de um amplo diálogo. É preciso dar continuidade à parceria com o setor privado. Havia uma preocupação de não haver uma quebra por isso foi apresentado o Estudo Referencial; que vai facilitar o trabalho dos futuros governantes; mostrando tudo o que já foi feito; assim como metas e diretrizes. Isso não significa querer fazer com que os futuros governantes estejam numa camisa de força; mas mostra uma maturidade construída a partir de diálogo com o Fornatur e o Conselho de Turismo. Sobre o futuro da Embratur sou favorável a se estudar mecanismos que possam tornar a empresa mais ágil; seja criando uma agência ou mesmo uma fundação; e isso poderá ocorrer no próximo governo.
M&E – Quais os desafios do Brasil para a Copa e as Olimpíadas em 2016
Mário Moysés – Uma delas diz respeito à necessidade de uma melhor qualificação. Já avançamos muito; mas temos que oferecer uma qualidade de serviço melhor; tanto na mão de obra quanto na oferta de serviços. Neste processo se insere a hotelaria; que vem investindo em modernização e ampliação a partir da linha de R$ 1 bilhão em crédito para o setor. Também preocupa a mobilidade urbana. O legado deixado a partir destes investimentos nos deixa confiantes.