Brasil deve ser pensado e planejado de forma regionalizada Brasil deve ser pensado e planejado de forma regionalizada – M&E | Mercado e Eventos
Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.
Portal Brasileiro do Turismo

Entrevistas

Brasil deve ser pensado e planejado de forma regionalizada

Ao assumir no mês passado a presidência da Associação Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo das Capitais e Destinos Indutores (Anseditur); o atual secretário de Turismo de Porto Alegre; Luiz Fernando Moraes; confirmou que pretende defender; ao longo de sua gestão; a consolidação e profissionalização da entidade; como também uma política de incentivo aos programas de regionalização; que passam obrigatoriamente por políticas públicas e pelo fortalecimento da aviação regional. Para ele; é preciso descentralizar a malha aérea e criar novas opções de roteiros; de modo a facilitar o acesso aos municípios turísticos do interior. O dirigente confirmou também que a própria Anseditur pretende estimular a realização de encontros regionais e inaugurar; ainda este ano; sua sede em Brasília.

Mercado & Eventos – Como presidente da Anseditur; quais suas prioridades?
Luiz Fernando Moraes
– Assumimos a presidência apresentando uma representatividade regional e a participação de destinos indutores junto com as capitais. Na verdade; a Anseditur é uma entidade com apenas três anos de atuação; mas já temos alguns programas; como o Plano de Marketing; onde recebemos do Ministério do Turismo recursos na ordem de R$ 4 milhões para 20 cidades pré-selecionadas na primeira fase do programa. Nossa ideia agora é estruturar a entidade e; para isso; é importante ter uma sede própria que deve ser inaugurada até o final deste ano em Brasília; centro das decisões políticas. Para dar andamento aos projetos; contamos com a contribuição dos associados; num processo que foi finalizado neste início do ano. Também estamos pensando na profissionalização da Anseditur e em fortalecer as regiões por meio de encontros. Isso será decidido na reunião que vamos realizar em maio; em Natal; aproveitando a realização da BNTM; quando vamos apresentar um planejamento para o biênio 2011/2012. Queremos aproximar os municípios das capitais identificando as demandas de cada uma das cinco regiões do país.

M&E – Com as mudanças de cargos e pessoas em função do novo governo; muitos dos programas como o da regionalização acabaram sofrendo uma descontinuidade temporária. Há também questões como os cortes na pasta do MTur. Isso preocupa?
Luiz Fernando Moraes
– Eu diria que não se pode pensar o Brasil como forma de desenvolvimento turístico sem que seja organizado regionalmente em função do tamanho do país e das características de cada região. Isso é uma preocupação da Anseditur. Admito que o novo governo está; há apenas 90 dias no poder; e ainda é cedo para uma avaliação ou um juízo. Esperamos que aos poucos os programas já implementados sejam retomados e acredito que a regionalização tem que ter uma continuidade. Isso diz respeito também a questões como a da aviação regional; uma pauta antiga da Anseditur. Precisamos pensar de que modo vamos quebrar o modelo vigente que concentra os voos no Sudeste. Com isso; existe a possibilidade de se criar outra estratégia operacional a partir de hubs regionais tanto no Norte e Nordeste como na Região Sul. Considero esta questão do desenvolvimento da aviação regional como um fator fundamental no processo de desenvolvimento dos programas de regionalização; de modo a criar facilidades de acesso aos municípios com vocação turística; hoje restrito; em muitos casos; ao turismo rodoviário.

M&E – Durante muito tempo o Rio Grande do Sul e outros estados do Sul trabalharam muito a questão regional sem estabelecer uma ligação maior com outros centros do país. Como fica esta questão?
Luiz Fernando Moraes
– Temos avançado muito. Claro que houve motivos para isso como a questão das chegadas dos primeiros imigrantes e do modelo de colonização. Mas as barreiras foram sendo quebradas e hoje já estamos ampliando o leque das ações; promovendo uma integração maior não apenas com o mercado doméstico; como também para o exterior. Veja o caso do Rio Grande do Sul; que vai operar rotas para a Europa com a Tap e; em breve; também estamos iniciando operações com a Copa para o Panamá. O mesmo se dá em relação à integração com os países do Cone Sul. É um absurdo observar que apesar de sua localização geográfica; o Rio Grande recebe menos argentinos do que outros estados do país. Agora estamos estreitando laços e fechando parcerias. Depois de Rosário; na Argentina; estamos negociando este mês acordos com Buenos Aires e Montevidéu para ampliar o intercâmbio turístico e promover rotas integradas. O caminho é este. Também cabe aos estados buscar explorar novos segmentos como acontece agora com o Rio Grande do Sul; que vem realizando um trabalho para fortalecimento do turismo saúde direcionado a tratamentos médicos nos principais hospitais da capital; que já são uma referência. Lembro que os hospitais Moinhos de Vento; Mãe de Deus; Santa Casa e São Lucas; além da Federasul; estão unidos para atrair turistas estrangeiros que buscam tratamento médico e de saúde fora de seus países.

M&E – De que forma megaeventos como a Copa e as Olimpíadas podem contribuir para deixar um rico legado para o país?
Luiz Fernando Moraes
– Acredito que já estamos ganhando desde agora. Veja a movimentação do governo e da iniciativa privada para melhorar a infraestrutura na mobilidade urbana; aeroportos e capacitação. Mas com tudo isso devemos mesmo explorar esta hospitalidade típica do brasileiro de bem receber. Temos que pensar num planejamento levando-se em conta as características regionais de cada uma das cidades-sede da Copa; explorando o potencial delas. O Rio Grande do Sul tem a oferecer produtos; serviços e características diferenciadas ao Nordeste. Devemos pensar e respeitar as características de cada uma das regiões para passar uma imagem positiva já que o país terá maior visibilidade no exterior. Estou otimista de que estes mega eventos serão um marco divisor para a economia e a indústria do turismo e do esporte no país deixando um rico legado com práticas de inclusão social e benefícios para vários segmentos da sociedade. Também é preciso criar medidas que facilitem a vinda de estrangeiros ao país. Veja o caso dos norte-americanos que encontram dificuldades na emissão de vistos para visitarem o Brasil; seja a negócios ou a lazer e que deveriam ser flexibilizados. Esta intransigência do Itamaraty que se nega a discutir a questão é uma aberração já que o país só tem a perder em divisas para sua economia e imagem. Espero que o bom senso prevaleça e esta questão seja equacionada para podermos receber cada vez mais turistas estrangeiros.

Receba nossas newsletters
[mc4wp_form id="4031"]