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Entrevistas

​Setor aéreo terá crescimento menor em 2015

Eduardo Sanovicz

Eduardo Sanovicz


A demanda total consolidada por viagens aéreas domésticas, na medida em passageiros-quilômetros transportados, cresceu 3,8% nos primeiros seis meses de 2015 em relação a 2014. O comportamento revela uma queda no ritmo de evolução da atividade de transporte aéreo dentro do país, que até maio registrava alta acumulada de demanda de 4,2%. É um crescimento menor. Mas o setor segue avançando e trazendo inúmeras inovações, mesmo com a atual situação econômica. Para o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, o cenário atual da economia merece uma maior atenção, especialmente por conta da queda de viagens corporativas. Por este motivo, ele acredita que o crescimento neste ano será menor do que nos anteriores.

M&E – Por que dificilmente repetiremos o resultado de 2014, de crescimento anual da ordem de quase 6%?
Eduardo Sanovicz –
Ele não será repetido. O ambiente econômico fez com que aproximadamente 40% do mercado corporativo parasse de viajar. Outro fator é o valor do bilhete aéreo, em média, 20% abaixo do ano passado. Além disso, no início de agosto, o dólar bateu na casa dos R$ 3,50, o que impacta em 60% os nossos custos. Isso compromete diretamente no nosso resultado.

M&E –  Em relação aos preços dos bilhetes aéreos. O valor médio vem caindo nos últimos meses. Você acredita que eles diminuíram mais?
Eduardo Sanovicz –
Nossos preços não são altos. Atualmente, mais de um terço dos passageiros pagam menos de R$ 300 para voar. A tarifa média caiu 50% ao longo dos dez anos, o que fez da aviação um transporte de massa no Brasil. E ele não cai mais ainda porque batemos no piso do preço mínimo como as nossas próprias ações. Hoje temos duas questões que nos impedem que os preços continuem abaixando, são elas: o preço do querosene, que é maior que a média mundial, representando 40% do preço das tarifas (na média mundial são 33%), e os custos ligados a tributos em infraestrutura, o que impacta diretamente no nosso resultado. Nossa Agenda 2020 aponta caminhos para mercado do transporte aéreo brasileiro ultrapassar 200 milhões de passageiros.

MERCADO & EVENTOS – Quando efetivamente o acordo de céus abertos (“Open skies”no jargão do setor) assinado em 2011 pelos governos dos EUA e Brasil entrará em ação?
Eduardo Sanovicz –
A cada ano o número de voo das companhias aéreas norte-americanas aumenta consideravelmente. Atualmente, são mais de 160 frequências semanais para o Brasil. O cenário dos números aumentará ano que vem e em 2017. Em 2018, ele será ratificado de vez.

M&E – Muito se fala que a crise continua em 2016. Você acredita que mesmo com os Jogos Olímpicos será um ano ruim para a aviação no país?
Eduardo Sanovicz –
As Olimpíadas serão positivas para a imagem do Rio de Janeiro e consequentemente do Brasil. Ela vai ser para melhorar o posicionamento do país em relação a realização de grandes eventos. Na verdade, para as companhias aéreas, a competição esportiva será como a Copa do Mundo, o tráfego de lazer aumenta um pouco. Em relação a números, nos Jogos de Pequim, em 2008, o tráfego aéreo, no período, caiu 3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2012, em Londres, caiu 1,51%. Isso porque naturalmente em um evento esportivo dessa magnitude, o segmento corporativo, que é regular, cai e o lazer sobe um pouco.

M&E  – A Copa do Mundo melhorou efetivamente a infraestrutura dos nossos aeroportos?
Eduardo Sanovicz – 
Sim. A entrega dos aeroportos para o evento esportivo melhorou a experiência do viajante. Os que chamam mais atenção são: o terminal 3 de Guarulhos, Brasília e Natal. Os demais que passaram por concessão (Confins e Galeão) ainda estão em um estágio um pouco inferior. A nossa expectativa é que eles também caminhem e melhorem no quesito atendimento. E essa percepção não é só minha, no início de agosto deste ano foi divulgada uma pesquisa de satisfação dos usuários dos aeroportos, onde os passageiros, em geral, aumentaram em 20% após a Copa do Mundo.

M&E – O aeroporto RIOgaleão, que será o principal aeroporto das Olimpíadas, caiu nesse ranking divulgado pela Secretaria de Aviação Civil. Isso preocupa?
Eduardo Sanovicz –
Não. A concessionária ainda não conseguiu colocar ele numa forma satisfatória de funcionamento, como Guarulhos e Brasília, mas espero que isso ocorra como planejado.

M&E – O que falta para chegarmos ao “primeiro mundo” da aviação?
Eduardo Sanovicz –
Acho que falta pouco. O que precisamos, de verdade, é fazer com que todos os nossos aeroportos tenham uma qualidade de atendimento que deixem os passageiros satisfeitos. Acredito que temos de ter qualidade de serviços em todos os nossos aeroportos. No ponto de vista dos serviços oferecidos pelas companhias aéreas brasileiras, de acordo com a pesquisa de satisfação, eles são muito superiores aos demais. Logo, diria que as empresas possuem uma qualidade serviço igual ou melhor do que as dos outros países. Porém, esperamos que os outros agentes econômicos cheguem no mesmo nível que o nosso.

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