
David Scowsill, presidente do WTTC
Em meados de março, o presidente do World Travel & Tourism Council (WTTC), David Scowsill, esteve em São Paulo, onde apresentou o mais novo estudo da entidade sobre nosso país. O M&E participou de um coquetel oferecido pelo WTTC e pela Trend Operadora, no qual teve a oportunidade de conversar com o executivo.
No último ano, o impacto econômico do Turismo no Brasil em comparação à 2011. Segundo os dados da pesquisa, a contribuição total do setor para o Produto Interno Bruto (PIB) do país foi de R$ 402 bilhões e deve crescer 5,7% neste ano. O total de empregos gerados foi de 8,2 milhões, ou 8,3% do total. David prevê que o crescimento nos próximos dez anos será entre 4% e 5% ao ano.
Neste cenário, o Turismo doméstico é ainda o principal responsável pelos bons números, com 94,5% do total. O que, para o dirigente, é um sinal de alerta. “O Brasil precisa incentivar as companhias aéreas a criar mais rotas e diminuir os impostos. A infraestrutura, particularmente dos aeroportos, pode ser um obstáculo para o crescimento”, disse.
No que diz respeito ao Turismo emissivo para o exterior, os brasileiros gastaram R$ 14,6 bilhões em 2012 e o crescimento esperado para este ano é de 7,5%. Ao mesmo tempo o receptivo de visitantes internacionais teve um incremento de 6,2%, sendo responsável por 5,5% da contribuição do setor para o PIB.
O M&E é media partner do WTTC no Brasil e embarca nos próximos dias para a cobertura completa do evento anual da entidade, que neste ano ocorre em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, entre os dias 9 e 10 de abril.
M&E – Como você vê o atual momento do Turismo no Brasil?
David Scowsill – O mercado brasileiro está crescendo muito rápido e é muito dinâmico. A projeção de crescimento para os próximos dez anos é de 4% a 5% ao ano. Mesmo assim, temos algumas preocupações quanto a este desenvolvimento. Isto é, quanto ao investimento em infraestrutura, como a construção de aeroportos e estradas, por exemplo. A infraestrutura dos aeroportos, particularmente, deve ser planejada para os próximos cinco ou dez anos, assegurando assim o crescimento no mercado doméstico, que ainda representa 95% do total do impacto econômico do Turismo no país. É preciso incentivar companhias aéreas na operação de novas rotas, com a cobrança de menos taxas.
M&E – E no internacional. Quais são os entraves para que este crescimento não seja maior?
David Scowsill – No caso do mercado internacional, temos três ou quatro pontos importantes. O número de estrangeiros que viaja ao Brasil se encontra estagnado em 5,2 milhões nos últimos cinco anos. O primeiro passo é tornar a obtenção de vistos mais fácil, com a emissão eletrônica. A segunda coisa são os impostos cobrados das companhias aéreas nos aeroportos. Eles precisam ser menores para estimular este crescimento. O terceiro ponto importante é a conectividade. É necessário ter mais acordos entre o Brasil e outros países. Com acordos de “céu aberto” teremos mais companhias voando no país, tanto estrangeiras como brasileiras. Essas três coisas são vitais para trazer mais passageiros para o Brasil.
M&E – Atualmente o WTTC conta com apenas um membro no Brasil, Luis Paulo Luppa, presidente da Trend Operadora. Com este crescimento e o potencial do mercado brasileiro vocês buscam mais membros no país?
David Scowsill – O WTTC é uma organização que reúne os principais CEOs do Turismo no mundo e produz importantes pesquisas. Nós precisamos de mais membros do Brasil, pois temos a intenção de realizar o nosso evento global no país em 2015.
M&E – O evento anual do World Travel & Tourism Council (WTTC) acontece em Abu Dhabi entre os próximos dias 9 e 10 de abril. Quais são as expectativas para esta edição?
David Scowsill – Nossa reunião explora as implicações para população e para o Turismo em consequência das mudanças radicais na economia mundial. Quatro meses depois que o mundo celebrou o seu bilionésimo viajante internacional, vamos analisar o que precisamos fazer coletivamente para nos prepararmos para o próximo bilhão.
M&E – Quais são os desafios para o setor em 2013?
David Scowsill – O WTTC prevê contribuição 3,2% maior do Turismo no PIB mundial em 2013. O ano de 2012 demonstrou novamente o quão resistente a indústria de viagens e Turismo é. Apesar de muitas dificuldades econômicas, no ano passado, pela primeira vez, vimos mais de um bilhão de viajantes internacionais passando por portos, aeroportos, estradas e estações de trem de todo o mundo, muitos pela primeira vez. Esta indústria é um importante motor para o desenvolvimento econômico dos países e para as estratégias de crescimento. Nossa indústria é responsável por criar empregos e tirar as pessoas da pobreza, ampliando horizontes. Mas nós precisamos que as instituições internacionais e governos reconheçam a sua força, para retirar vistos restritivos e mudar regimes fiscais, trabalhando com o setor privado para estimular esse crescimento.