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Entrevistas

​Com Airtkt, consolidadores buscam padronização e diálogo com mercado

Cassio Oliveira, diretor-executivo da Airtkt

Cassio Oliveira, diretor-executivo da Airtkt


No final de janeiro,  Ancoradouro, Esferatur, Flytour, Gapnet e Rextur Advance se uniram para criar a Associação Brasileira dos Distribuidores de Passagens Aéreas e Serviços de Viagens, a Airtkt. A nova entidade será comandada por Cássio Oliveira, que deixou a Rextur Advance após mais de 20 anos para ser diretor executivo da associação. Juntas, essas cinco empresas são responsáveis por aproximadamente 70% das emissões internacionais e movimentam cerca de R$ 9 bilhões por ano. Oliveira recebeu a reportagem do M&E e falou sobre os planos da entidade e como será a atuação da Airtkt. Veja abaixo a entrevista:

MERCADO & EVENTOS – Como surgiu a iniciativa de criação da Airtkt e quais foram os principais motivos que levaram as cinco maiores consolidadoras a se unir nesta associação?
Cássio Oliveira –
A verdade é que toda vez que existe um projeto de implantação de um produto novo, como a implantação de um web service da Gol, a migração da Avianca para o BSP ou a migração de uma companhia aérea para um determinado GDS, por exemplo, as companhias já faziam reuniões conjuntas com clientes que têm o mesmo perfil, que são os distribuidores. Dentro deles, temos estes cinco maiores, que têm mais ou menos a mesma realidade: são empresas grandes e que têm um volume grande de funcionários e uma responsabilidade fiscal, tributária e social muito grande. Isso foi gerando demandas conjuntas e já vinhamos nos encontrando e conversando muito sobre os problemas do dia-a-dia.

M&E – Quando essas conversas tiveram início e quais serão os principais objetivos da entidade?
Cássio Oliveira –
Desde abril de 2014 estávamos conversando com mais frequência e chegamos a conclusão de que era necessário nos posicionar sobre uma série de questões, como processos e a forma como nós nos relacionamentos com fornecedores e nossos clientes. Aí surgiu esta ideia de criar uma associação nossa para conversarmos de uma forma só com esses dois públicos, com contratos padronizados, que protejam e sejam vantajosos para todos os lados. Vamos buscar um modelo que seja comum, adotar critérios iguais e trazer isso como benefício para os nossos associados e agregar valor ao mercado.

M&E – Embora os cinco fundadores respondam por quase a totalidade deste mercado, outras consolidadoras serão bem vindas?
Cássio Oliveira –
O mercado de consolidação é responsável por cerca de 50% das emissões internacionais dentro do Brasil e existem hoje mais de 40 consolidadores no país. Estes cinco sócios-fundadores respondem por cerca de 70% disso. No entanto, temos que buscar um alinhamento de processos que inclua também consolidadores de médio porte e outros também grandes que não fazem parte desses cinco. Já estamos conversamos com eles. Só não fizemos isso antes, porque seria muito difícil aprovar um estatuto com 64 artigos discutindo entre 20 pessoas. Fomos pelo caminho de criar um estatuto alinhado entre cinco empresas e depois chamar as demais. De fato queremos que eles venham, porque se eu quero falar como indústria, tenho que representar o grande e o pequeno também. A única coisa que queremos é que eles pratiquem a mesma coisa que nós e aceitem o que vamos definir como padrões necessários.

M&E – Quando a entidade foi lançada, vocês falaram em buscar o reconhecimento dos distribuidores como parte deste mercado. Você acredita que hoje as consolidadoras não têm a sua importância reconhecida na indústria do Turismo?
Cássio Oliveira –
A primeira questão é que quando saímos do mercado de Turismo, chegamos em qualquer lugar e ninguém sabe o que é um consolidador. Enquanto na indústria alimentícia, automotiva e outras, existe a figura do distribuidor, que é o que fazemos de fato. É mais fácil buscar este paralelo usando este termo. Não temos nada contra o termo consolidador. Também tem o ponto de vista fiscal. Hoje temos um enquadramento como o de uma agência de viagens. Enquanto distribuidor eu posso chegar na Receita Federal e mostrar que uma companhia aérea me pagou 20% de comissão, dos quais 15 eu distribui para uma agência de viagem e fiquei apenas com cinco. Hoje, eu pago os tributos sobre esses 20% e como distribuidor, pagaria pelos cinco. O agente paga novamente sobre esses 15% que ele recebeu e há uma bitributação. Quando você chama isso de distribuição,  o cenário muda. Para isso acontecer, precisamos de alguém defendendo este ponto de vista enquanto associação, porque isoladamente não é possível fazer. Este é um dos nossos objetivos de longo prazo.

M&E – A entidade pretende interferir nos processos atuais das consolidadoras e agências de viagens para criar mecanismos que ofereçam garantias às companhias aéreas e aos agentes de viagens?
Cássio Oliveira –
Quando se fala em distribuidor, se sentir seguro com alguém que tem um volume grande de vendas com você é fundamental. É necessário ter confiança e por isso falamos em um processo padronizado de relatórios e de back office. Quando um fornecedor consegue entender que o sistema é seguro e auditado, ele confia. Teremos que conversar e saber que tipo de segurança o fornecedor quer ter na transação que faz comigo e a partir daí vamos construir juntos. A associação visa também estabelecer uma linha de comunicação bastante tranquila dos dois lados (cliente e fornecedor), tendo a gente como um elo imprescindível da cadeia. Todos os associados têm a certeza de que somos intermediários facilitadores e só existiremos se agregarmos valor dos dois lados. Porque um intermediário que não facilita nada e não agrega valor vai sumir. É assim com qualquer um. Esta é uma das coisas que temos em mente com bastante clareza. Entendemos que agregar valor hoje é tecnologia, conhecimento e treinamento. No passado era só dar crédito, mas o mercado evoluiu muito.

M&E – A figura do consolidador como existe no Brasil é única, mas em outros países há a atuação do distribuidor. Vocês têm algum espelho? Pretendem seguir boas práticas adotadas em outros mercados?
Cássio Oliveira –
O consolidador existe em outros lugares. No mercado norte-americano, por exemplo, quando houve o corte da comissão, teve uma série de fechamentos de agências e agora começou a crescer novamente por meio da figura do consolidador. Eles trabalham com pequenas unidades de agências, como empresas individuais prestando serviços de consultoria. Na Alemanha há a figura do consolidador, no México, Bélgica e Japão também. Até pouco tempo, o Japão tinha apenas dez Iatas. Temos alguns associados que têm uma experiência fora do Brasil e queremos conhecer um pouco destes mercados. Passarei por um processo de aprendizagem de como esses processos acontecem no exterior e buscar boas práticas. Vamos observar como eles são vistos pelo governo e como funciona com o fisco, por exemplo. Tem muitas questões que teremos que analisar e ver como isso funcionaria no Brasil.

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