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Redação ME

Peru: mais que histórico, mais que natural

Mario Brizon

Imagem clássica da cidade perdida entre as montanhas

A equipe do MERCADO & EVENTOS esteve neste mês, no Peru, para realizar a cobertura da Peru Travel Mart (PTM), principal bolsa de turismo daquele país. Em nossa viagem visitamos alguns dos principais destinos turísticos do país, a capital Lima, com toda sua história; a cidade de Cusco, a 3.339 metros de altitude, capital do Império Inca, que mistura bem os restos arqueológicos daquela civilização e a forte influência da colonização espanhola, marcante principalmente no interior de suas impressionantes igrejas e praças; e também Machu Picchu, na Selva Amazônica, a cidade perdida dos Incas, templo da paz. Em meio à floresta virgem, dois mil turistas ao dia sobem de microônibus a estrada de terra das montanhas escarpadas para ficarem totalmente embevecidos com tamanha beleza e impressionados de como os Incas puderam construir aquela cidade mágica, naquele local, com tecnologia tão rudimentar para época, mas com muito conhecimento, especialmente astrológico e de agricultura e engenharia.

Plaza San Martin

Na equipe do M&E, este jornalista que escreve nunca antes tinha estado no Peru. Meus dois acompanhantes, por sua vez, já tinham estado em anos anteriores. De nós três, ao final da viagem, emergiu um sentimento uníssono: de que o Peru é um país único, singular, com diversos atrativos turísticos, que muito bem combina turismo histórico, arqueologia, ecoturismo, praias, uma gastronomia invejável, uma excelente rede hoteleira e um acesso aéreo bem facilitado para os brasileiros. Há opções de voos pela Tam, Lan e Taca.

Vale Sagrado dos Incas, com a cidade de Urubamba

Em Saqsaywaman, Cusco, uma típica peruana e uma alpaca

Seus principais problemas ainda residem no fato de o transporte interno não estar totalmente modernizado. Na capital, Lima, ônibus e táxis em mau estado de conservação podem gerar uma má impressão, nada que não seja compensado pelo jeito de bem receber do peruano. No interior, rumo aos destinos do sul, as estradas bem pavimentadas levam ao Vale Sagrado dos Incas, e uma oferta excelente de trens transporta os turistas para Machu Picchu.

Peruanas com roupas típicas em Lima

Confira, abaixo, algumas impressões de viagem sobre estes que são os principais destinos turísticos do Peru:

Lima

A Cidade dos Reis possui oito milhões de habitantes e está localizada em um deserto, às margens do Oceano Pacífico. Um lugar onde a chuva praticamente não aparece, mas que vive sob uma camada espessa de nuvens entre os meses de abril a novembro, resultado da evaporação do oceano que fica represada pela cadeia de montanhas da Cordilheira dos Andes. A água que abastece a cidade provém do degelo dos Andes e chega à capital através do Rio Rimac. Não fosse isso, Lima seria uma cidade inabitável. Na Plaza de Armas, em meio a prédios de arquitetura espanhola, destaque para o prédio da prefeitura e a sede do Governo do Peru. Já na Plaza San Martín, há uma grande estátua do general Don José San Martin, El Libertador, que em 6 de janeiro de 1535, Dia de Reis na Religião Católica, adentrou a cidade e a libertou dos conquistadores espanhóis.

Catedral de Lima

Tropeçando em história e momumentos por todos os lados, é obrigatória uma visita à Catedral de Lima, à Igreja e Convento de São Francisco de Assis e à Plaza de la Reserva, onde todas as noites é exibido uma projeção de vídeos, ao som de música clássica e regional, projetados em painéis de águas dançantes dos chafarizes. Este parque, totalmente revitalizado, possui mais de uma dezena de fontes, algumas até com interatividade para o público. Vale a visita.

Plaza de la Reserva - Circuito das Águas

A magnífica Catedral de Lima data de 1655. Foi construída sobre um templo Inca, produto da evangelização promovida pelos espanhóis, que cultuavam São João Evangelista e que também visava ocultar e destruir os símbolos incas. A fachada da Igreja tem pedras de colorações diferentes, produto das restaurações feitas por ocasião de terremotos que a destruíram parcialmente. Fica localizada na Plaza de Armas, onde também estão o prédio da Prefeitura de Lima e o Palácio do Governo peruano, onde antes havia sido um palácio Inca e depois a casa de Francisco Pizarro.

Basílica e Convento de São Francisco

Já o Convento de São Francisco de Assis data de 1546, quando começou a ser construído, tendo ficado pronto em meados do Século 18. Também passou por restaurações, principalmente nos pavimentos superiores, em função dos sismos. Em sua arquitetura predomina a arte moura, com azulejos de Sevilla e teto talhado em madeira de cedro, encaixada como um puzzle, que o fez suportar aos vários abalos. Cinco frades ainda residem no convento que está aberto para visitação.

A Igreja de São Francisco de Assis faz parte do conjunto e data de 1672. No seu subsolo, em três níveis, existem tumbas seculares com milhares de ossos de frades e também famílias abastadas de séculos passados. Somente o primeiro nível abaixo da terra está aberto para visitação. Grossos pilares de 10 metros de profundidade sustentam toda a infraestrutura, além de um imenso vão central circular, tudo feito para suportar terremotos. A grande obra de engenhosidade foi de autoria do arquiteto português Constantino de Vasconcelos.

Reza a lenda que sob Lima há uma infinidade de túneis subterrâneos que ligam alguns dos principais prédios da cidade, com a igreja, o convento e o palácio.

Mas a capital do Peru também possui modernidade, principalmente nos bairros de San Isidro e Miraflores. O primeiro é o mais suntuoso, com grandes casas e prédios modernos, além de um golfe clube. Já Miraflores fica no alto de uma falésia, e é um bairro litorâneo, com atividades esportivas ao ar livre. Ambos os bairros possuem excelente oferta hoteleira e gastronômica.

Dica de hospedagem – Miraflores Park Hotel – Av. Malecón de la Reserva, 1.035. Tel.: +51 (1) 610-4000. Site: www.miraflorespark.com. E-mail: perures.fits@orient-express.com. Um cinco estrelas de frente para o Oceano Pacífico que possui spa, restaurante oriental no térreo, e restaurante observatório, piano bar, piscina de borda infinita, sala de fitness.

Miraflores Park Hotel

Dica de restaurante– La Rosa Nautica – Espigón 4, Circuito de Playas, Miraflores. Tel.: +51 (1) 445-0149 / 447-0057 / 447-5450. Site: www.larosanautica.com. E-mail: reservas@larosanautica.com. Restaurante feito de madeira sobre um quebra-mar, é detalhadamente decorado com motivos marinhos. De entrada peça um tradicional ceviche, acompanhado da bebida nacional, o pisco sour. Como prato principal, saltado de lomo ao pisco, lenguado Pozo Santo ou arroz com mariscos Rosa Nautica.

Restaurante La Rosa Nautica

Cusco

Capital do Império Inca, cidade está localizada no vale do Rio Watanay, a 3.360 metros de altitude. Possui 500 mil habitantes e foi fundada em 1.100 pelo inca Marqo Quapaq. É o primeiro lugar geográfico onde se registrou o início da cultura Inca. Em 1534 foi conquistada por Francisco Pizarro, que fundou sobre as bases incas uma cidade de características espanholas, fechando templos, residências e palácios incas de diferentes épocas. O nome da cidade provém do termo no idioma quecheua “Qosqo”, que significa umbigo. Para os incas, Cusco era o centro de Tawantinsuyo, centro da civilização Inca.

Saqsaywaman, no alto de uma montanha em Cusco, que serviu de fortaleza para os incas

A cidade recebe cerca de 800 mil turistas por ano e a meta para 2012 é chegar a um milhão. A maioria é de americanos, com cerca de 40%, seguido dos alemães, ingleses e franceses. Da América Latina, os principais mercados emissores são o Brasil, Argentina e México. Neste mês de maio já se percebe grande movimentação de turistas na cidade e no aeroporto, mas a alta temporada vai de junho a setembro. Nos demais períodos do ano, as estações são mais chuvosas. Cusco possui 15 bons hotéis, sendo três de cinco estrelas (Libertador, Monastério I e Monastério II, esse último recém inaugurado em 25 de maio). Há ainda 280 hospedagens, sendo que 157 podem ser consideradas de boa categoria.

Estátua do inca Pachakúteq

No centro da Plaza Mayor há uma estátua em homenagem a Pachakúteq, um dos maiores líderes do povo Inca, líder, estadista e guerreiro, cumpridor de suas promessas, amante da verdade e solidário com os desamparados. Nesta praça também fica a Catedral de Cusco e a Companhia de Jesus. O início da construção da catedral foi em 1560 e seu término foi em 1654. Seu interior, em muito se assemelha à Catedral de Toledo, na Espanha. Sua nave central possui um altar em prata. A imagem principal é da virgem de Assunção, padroeira da cidade. Há 38 esculturas e também um magnífico órgão colonial trazido da Alemanha. Há uma grande pintura da última ceia, onde apenas Judas aparece olhando para fora. A obra de impressionismo dá a sensação de que o olhar de Judas acompanha o visitante. E olhando em movimento da esquerda para a direita, parece que Judas vira a cabeça sobre os ombros para seguir com seu olhar. Para visitar a catedral, o valor é de 25 sóis.

Altar mór da Catedral de Cusco

Catedral de Cusco

Como em Lima, a catedral foi construída sobre um símbolo Inca, o Palácio de Wiracocha. Edificada com pedras e blocos de granito levados da fortaleza Inca de Saqsaywamán, no alto da colina considerada pelos incas como a cabeça do puma, uma vez que a cidade Inca foi concebida segundo o desenho de um puma. Saqsaywamán é o maior templo dedicado ao sol, onde todos os anos acontece a festa Inti Raimi (festa do sol), sempre em 24 de junho para comemorar o solstício de inverno.

Igreja de San Blas, altar do Cristo moreno utilizado na Santa Inquisição

 

Catedral de Cusco, detalhe do coral adornado em madeira

Outro ícone religioso, cultural e arquitetônico de Cusco é a Igreja de San Blas, a mais antiga da cidade e está situada no bairro de mesmo nome, no Centro Histórico de Cusco, numa região habitada por artistas, artesãos, pintores e intelectuais da cidade. A igreja data do Século 17. Possui um magnífico púlpito totalmente talhado em madeira de cedro com várias representações. Uma surpreendente obra de carpintaria artística de estilo churrigueresco espanhol. Na parte inferior, os afrescos representam o inferno, com chamas que queimam os protestantes. Subindo há representações de anjos e da Virgem Maria, purificando os pecados.

Na parte central está San Blas e na parte superior os santos da igreja e o Pai Eterno. Uma obra indescritível. Nas lojas de artesãos da cidade, é possível comprar miniaturas deste púlpito. Os preços variam de 900 a 1.500 sóis (moeda peruana). Mas esta pequena igreja pode surpreender ainda mais. No altar principal, todo em madeira pintada a ouro, está San Blas. Num altar menor, do lado esquerdo, está um Cristo Crucificado, de pele morena, que foi utilizado na Santa Inquisição. Ele teria a cabeça móvel e, num julgamento, dependendo para que lado penderia, decidia quem deveria ser queimado na fogueira. Para visitar essa igreja, paga-se 15 sóis.

Dica de hospedagem – Inkaterra La Casona – Plaza Nazarenas, 113. Site: http://es.inkaterra.com. E-mail: directsales@inkaterra.com. Funcionando em um prédio Histórico que chegou a servir de residência para Simón Bolívar, este hotel boutique tem o conceito de fazer com que o hóspede se sinta em casa. É o único de Cusco com este conceito. São 11 suítes ricamente decoradas. Valor médio da diária é de US$ 720. O hotel está no centro histórico, na Plaza Las Nazarenas, onde também ficam a igreja e o convento do mesmo nome, bem como o Museu de Artes Pré-Colombianas.

Inkaterra La Casona

Dica de restaurante – Chi Cha – Calle Plaza Regocijo, 261, 2º andar. Tel.: +51 (84) 240520. Site: www.chicha.com.pe. E-mail: restaurantechicha@gmail.com. Restaurante especializado em comida cusqueña, que também possui filiais em Arequipa e Trujillo. De entrada peça uma algarrobina, bebida à base de pisco. De entrada a sugestão é True Crue Alpaca, espécie de rosbife de carne de Alpaca, com emulsão de mostarda e salada de espinafre. No prato principal prove o delicioso Rocoto Relleno, dois pimentões recheados de lombo em bolo de batata. Para beber, chicha moradas, espécie de suco de milho roxo ou suco de tumbo. De sobremesa, profiteroles.

Rocoto Relleno, prato típico da cozinha cusquenha, no restaurante Chi Cha

Machu Picchu

Depois de percorrer um total de 112 quilômetros, primeiro de van até Olamtaytambo e de lá no trem Inca Rail (www.incarail.com.be) até Machu Picchu Pueblo/Águas Calientes, chegamos ao pé das montanhas escarpadas que dão acesso à cidade sagrada de Machu Picchu – a Cidade Perdida dos Incas, que no idioma quechua significa “Montanha Velha”. A cidadela está a 2.430 metros de altitude, dentro do Parque Nacional Arqueológico de Machu Picchu.

Machu Picchu Pueblo ou Águas Calientes

 

Inca Rail, na Estação de Olantaytambo, a caminho de Machu Picchu

Na base das montanhas, beirando o Rio Vilcanota – Urubamba, está o povoado de Machu Picchu / Águas Calientes, há 2.000 metros de altitude. Do povoado para a cidadela, são necessários percorrer mais oito quilômetros de estrada sinuosa em microônibus refrigerados. Estão disponíveis, variando conforme a temporada, de 20 a 30 veículos, com capacidade para 21 pessoas. A construção da cidadela data de 1.250, mas sua descoberta pelo arqueólogo americano Hiram Bingham aconteceu em 1911. O ingresso ao Parque Nacional, Patrimônio Cultural da Humanidade, custa S./ 142. É importante estar munido de garrafa de água, chapéu ou boné e protetor solar.

Parque Arqueológico de Olamtaytambo, no Vale Sagrado dos Incas

Cerca de duas mil pessoas por dia visitam a cidade. O parque nacional funciona das 6 h às 17 h. Do ponto final dos ônibus, onde está o único hotel localizado na parte superior da montanha, o Machu Picchu Santuary Lodge, da rede Orient Express, os visitantes terão ainda que subir uma pequena trilha a pé. Dependendo da disposição de cada um, de 10 a 20 minutos depois descortina-se a cidadela, um pouco abaixo, com a magnífica montanha em formato de pico Waynapicchu (ou montanha jovem, no idioma quechua) em destaque. Dali muitas pessoas já podem ter a visão mais tradicional da cidadela, aquela que aparece na maioria dos álbuns fotográficos. No entanto, há muitos ângulos ainda a serem explorados pelos visitantes.

Waynapicchu, a montanha em destaque, com a cidade sagrada dos incas

Na nossa viagem, até então, não tínhamos encontrado brasileiros, mas em Machu Picchu isso mudou. É possível afirmar que, junto com americanos e franceses, os brasileiros eram maioria no alto da montanha. E é possível notar ainda o turismo de inclusão na cidade. Obsevamos cadeirantes e vários grupos de deficientes visuais percorrendo as ruas de pedra da cidadela.

Natureza e arqueologia deslumbrantes

Machu Picchu é uma experiência única e cada cidadão deste planeta deveria, um dia, ter direito a vivenciar esta sensação de perto. Alguns de seus sítios arqueológicos merecem destaque, como a Casa do Vigilante e bem perto a Pedra Funerária. Por todas as encostas destacam-se as “terrazas”, onde os incas faziam suas plantações. Essas construções serviam ainda para evitar a erosão.

Templo Sagrado

Casa das Três Janelas

Já a Praça Principal é um grande gramado, onde havia um monolito de pedra, hoje enterrado. O Templo Principal, a Casa das Três Janelas e a escultura em pedra que marca exatamente os quatro pontos cardinais estão na Praça Sagrada. Há ainda o Templo do Sol e o Templo do Condor, onde nos deparamos com um grupo de místicos brasileiros.

Intiwatana, no alto da colina sobre as casas

Outro lugar que tem que ser visitado é Intiwatana, onde há um relógio solar e era considerado o observatório dos incas. É interessante notar que, no amanhecer do dia 21 de junho, quando acontece o Solstício de Inverno, um raio de luz é projetado através do monumento Intiwatana, iluminando um círculo concêntrico com uma luz em forma triangular. Quem quiser, pode ainda subir ao topo da montanha Waynapicchu. E é muito comum encontrar vários viajantes que chegaram à cidade através da trilha Inca, por entre a mata.

Templo do Sol

Mas, em Machu Picchu, há muito que explorar. Grande parte dos visitantes fazer um passeio bate e volta. Chegam de trem pela manhã e voltam para Olamtaytambo no final da tarde. Com tempo, permaneça em Águas Calientes por uma ou duas noites, isso propiciará mais de uma visita à cidadela de Machu Picchu, para explorar mais áreas e com mais calma.

Dica de hospedagem – Inkaterra Machu Picchu Pueblo Hotel – Site: http://es.inkaterra.com. E-mail: directsales@inkaterra.com. Tel.: +51 (84) 21 1122. Call Center: +51 (1) 610 0404. Hotel está localizado em meio à Selva Amazônica peruana, às margens do Rio Vilcano, ao lado da ferrovia, bem próximo da estação de Águas Calientes e no limite da vila de Machu Picchu Pueblo. Com piscinas naturais aquecidas e hospedagem em 87 quartos separados por toda a área de 12 acres. Possui spa, sauna, boutique, restaurante, café, e visitas guiadas ao orquidário e até a um casal de ursos que vive na montanha.

Inkaterra Machu Picchu Pueblo Hotel

Dica de restaurante – Tinkuy Buffet Restaurante – Anexo ao Machu Picchu Sanctuary Lodge, único hotel que fica no alto da montanha sagrada. Refeição buffet ao valor de US$ 45 sem bebidas alcoólicas.

Restaurante Tinkuy, junto ao Machu Picchu Sanctuary Lodge

Câmbio – De acordo com a cotação cambial de 30 de maio, R$ 1 é igual a 1,35 sóis.

N.R.:a matéria completa estará publicada na edição da revista Folha do Turismo do mês de julho, inclusive com mais dicas de hospedagem e restaurantes.

Praça Principal de Machu Picchu

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