A complementariedade entre servir e ser servido é o motor propulsor do mundo moderno, de acordo com Vinícius Lummertz. O presidente da Embratur destaca que “sociedades complexas e bem-sucedidas têm a marca do bom serviço, tanto público quanto privado”. Contudo, ele pondera que “não queremos é ser maltratados”. Confira a reflexão do dirigente no artigo a seguir:
O brasileiro que servir e ser servido
A solução para os problemas do mundo está nos serviços. Sem exageros. O progresso e a ordem dependem disso. A paz mundial depende disso. Neste momento, após a Olimpíada e Paralimpíada do Rio de Janeiro, nas quais servimos ao mundo, perguntam-nos se valeu a pena. Sim, há 100 anos participamos dos Jogos Olímpicos, quando sempre nos servimos. Desta vez prestamos o serviço ao planeta. Demos continuidade ao fluxo, fizemos a roda andar.
Hoje é assim que nos sentimos: eufóricos e felizes, pois temos a convicção, bem como reconhecimento externo, de que servimos bem. E é nos serviços que todos os sistemas e lógicas se encontram. Sistemas objetivos como o capitalista se baseiam no serviço e no servir. Sistemas religiosos complexos, do budismo ao catolicismo, também. O mundo em paz funciona assim. E é isto que está em jogo neste momento no Planeta. Servir ou não servir, eis a questão!
Sociedades complexas e bem-sucedidas têm a marca do bom serviço, tanto público quanto privado. Os países escandinavos, que ostentam os melhores índices de felicidade, junto com cidades do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia, Suíça e Áustria, têm esta marca, na qual está incluída a cortesia como signo e significado nas relações humanas.
O melhor item avaliado na Olimpíada do Rio pelo visitante estrangeiro, com recorde de 98,6% foi a amabilidade do brasileiro – mesmo contrariando o pior item de avaliação, onde apenas 45% da nossa população se virou em língua estrangeira. Fomos muito bem nas avaliações de serviços em hotéis, bares e restaurantes.
O Brasil se descobriu neste ciclo de grandes eventos, de 2007 até agora, como um país de serviços, turismo, cultura, eventos, organizações sob a égide do maior patrimônio natural do planeta: o Brasil, e sua reconhecida população, simpática, curiosa e amiga do servir. Nossa rotina está voltando ao normal, ainda diante dos Jogos Paralímpicos, em que buscaremos ser a 5ª maior potência planetária. Este evento será outro indicativo de bons programas executados com recursos escassos, mas com lógica, força e sentimento.
Desde 2013 o povo brasileiro tem uma mensagem forte aos nossos governos e elites. Querem servir, poder servir e ser servidos. Em junho daquele ano um jovem líder dos movimentos das manifestações de rua disse em entrevista que não aceitava ser identificado com nenhuma ideologia. Havia viajado para a Flórida, nos Estados Unidos, e queria que o Brasil funcionasse como lá. Só isso! E quanto mais brasileiros viajam para países cujos serviços funcionam bem, mais vão querer o mesmo aqui.
Está dito. Dissemos ao Brasil e ao mundo que queremos servir. O que não queremos é ser maltratados. Não queremos viver em um País de péssimos serviços e juros de até 500% ao ano. Não queremos pagar mais de um terço do consumo em impostos e ainda ter de pagar por serviços privados para compensa-los.
O brasileiro quer viver numa grande simbiose, a mais eficiente possível – não quer ser vítima de um modelo predador. Não quer um capitalismo selvagem. Quer algo próximo de uma social democracia sob um capitalismo eficiente do servir o bom serviço. Fora disso não tem negócio!