
Guilherme Dietze, economista da FecomércioSP e Giovana Jannuzzelli, diretora-executiva da Alagev (Eric Ribeiro/M&E)
SÃO PAULO – O setor de viagens corporativas no Brasil deixou de faturar R$ 100 bilhões durante a pandemia. O dado foi apresentado por Guilherme Dietze, economista da Fecomércio, e Giovana Jannuzzelli, diretora-executiva da Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas, na 17° edição do Lacte, nesta quarta-feira (9).
O estudo considera os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o período de 2019 e 2021, avaliando o panorama pré e durante a pandemia. O levantamento constatou ainda que, somente em 2020 houve, queda de 64% no setor, enquanto em 2021, o número representou alta de 46%.
“Não estamos falando de resultado financeiro e sim de receita, porque é possível ter um aumento do faturamento, mas com prejuízo devido a alta nos custos. Estou dizendo que é possível ter um aumento no faturamento, mas com eficiência na empresa, podendo trazer a recuperação para o setor de viagens corporativas”, elucida.
O levantamento da Fecomércio em parceria com a Alagev aponta ainda, que em 2021 a receita do segmento corporativo foi de R$ 48,6 bilhões, no entanto, a cifra ainda está 47,6% abaixo de 2019. “No final de 2021 vimos uma recuperação, principalmente porque não havia perspectiva de uma nova variante da Covid-19 ou guerra na Ucrânia, apenas uma demanda reprimida. Hoje, vemos que a tendência é de crescimento, porém o ritmo terá menos intensidade do que o esperado anteriormente”, endossa Guilherme.
O executivo aborda também que durante a pandemia houve uma mudança no perfil do viajante corporativo, fazendo com que a tendência seja de viagens mais eficientes, realizadas a partir da relevância do deslocamento, ainda mais por conta dos reflexos econômicos que já estão vigentes por conta da pandemia e que tendem a ser acentuados em decorrência da guerra.
Um dos exemplos citados por Guilherme é a alta do preço do barril de petróleo, que reflete no valor do combustível de aviação e consequentemente na alta do bilhete aéreo. Diante dessa análise, o economista diz que outro critério que será levado em consideração para a viagem é a duração, tendo em vista a diminuição de gastos.
“Temos que ver esse cenário como positivo, porque estamos vivendo em terras arrasadas, mas com oportunidades de recuperação. Veremos números mais razoáveis para fazer uma análise a partir de 2023. Agora, teremos variações muito positivas em relação a 2021, e apesar de termos uma base de comparação ainda fraca, vimos um crescimento de 92% em dezembro do ano passado, quando comparado ao mesmo mês de 2020”, reforça.
ABRACORP – Em dezembro, dados da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) revelaram que o setor de viagens corporativas, por sua vez, já apresentava resultados animadores em novembro, após as dificuldades em 2020 com a paralisação da economia. O faturamento do segmento no penúltimo mês do ano tinha atingido R$ 672,3 milhões, praticamente 70% do obtido em 2019 (R$ 967,1 milhões).