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Como ficará o Turismo para brasileiros na Argentina após eleição de Javier Milei?

Com o novo governo, será que perderemos o tão desejado poder de compra? Será que a Argentina deixará de ser aquele país barato para fazer compras, para comer nos melhores restaurantes e se divertir como nunca antes na história? (Angelica Reyes/Unsplash)

A Argentina elegeu o candidato de extrema-direita, Javier Milei, como seu novo presidente. Ele assume o país no próximo dia 10 de dezembro de 2023. Eleito com cerca de 56% dos votos, ele assume o lugar de Alberto Fernandez com muitas promessas e desafios gigantescos, como a própria inflação desenfreada. Com uma pauta ultraliberal, o economista tem propostas no mínimo polêmicas, como dolarizar a economia, fechar o Banco Central e até cortar relações comerciais com o Brasil.

Com o Dólar MEP ou Dolar Blue, o brasileiro está de fato rico na Argentina. É inegável o tamanho do nosso poder de compra por lá, em meio a uma das maiores crises financeiras da história, com inflação que supera os 140% ao ano. Mas, com o novo governo, será que perderemos o tão desejado poder de compra? Será que a Argentina deixará de ser aquele país barato para fazer compras, para comer nos melhores restaurantes e se divertir como nunca antes na história?

Conversamos com entidades e associações que acompanham de perto este movimento, como é o caso de Magda Nassar, presidente da Abav Nacional (Associação Brasileira das Agências de Viagens), Marina Figueiredo, presidente-executiva da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Viagens), e Alexandre Sampaio, presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

DÓLAR MEP E DOLAR BLUE – No primeiro dia de abertura de mercado após a eleição, o dólar MEP (ou dólar da Bolsa), que envolve mecanismos de mercado de ações para obtenção dessa moeda por meio da venda de títulos e ações, foi negociado a uma média de 930 pesos argentinos. Já o dólar informal, também conhecido como dólar blue, que é negociado no mercado paralelo, operou a cerca de US$ 1.025 para compra e US$ 1.075 para venda nesta terça-feira (21).

Abav Nacional

Magda Nassar, presidente da Abav Nacional (Eric Ribeiro/M&E)

De acordo com Magda Nassar, independente do governo, a gente sempre viveu um balanço com a Argentina. Segundo ela, há momentos que a Argentina está melhor para os brasileiros e há momentos que o Brasil está melhor para os argentinos. “Essa balança nunca impediu que a Argentina deixasse de ser o destino internacional número um dos brasileiros e que o Brasil deixasse de ser o destino líder para os argentinos. Históricamente, isso não muda”, disse Magda.

São destinos irmãos, que se complementam, então a presidente da Abav Nacional não acredita que a mudança de governo na Argentina seja de fato um problema. “Deve mudar, pode ser que mude o cenário, e temos que entender como fica a economia e o tempo que isso demora para maturar, para implementar uma nova política, uma nova economia, talvez essa balança comece mesmo a se mexer de novo já no ano que vem”, destacou Nassar.

“Deve mudar, pode ser que mude o cenário, e temos que entender como fica a economia e o tempo que isso demora para maturar, para implementar uma nova política, uma nova economia, talvez essa balança comece mesmo a se mexer de novo já no ano que vem”

Ainda são incertas as mudanças cambiais previstas, algo que não depende só da Argentina, mas do Brasil também, da nossa economia para 2024. “É cedo para falarmos alguma coisa, mas temos que ficar de olho nesta balança no ano que vem. O que consigo ver hoje é que o Brasil ficou caro para os argentinos, logo acabamos recebendo menos turistas e isso afeta nossa economia. Os turistas argentinos são muito importantes para o Brasil”, complementou a presidente.

Braztoa

Marina Figueiredo, presidente executiva da Braztoa (Eric Ribeiro/M&E)

A presidente executiva da Braztoa, Marina Figueiredo, mantém os pés no chão. Ela afirmou que ainda não tem estimativas ligadas à eleição, já que leva um tempo até o cenário começar a se consolidar. A ideia é ter perspectivas em breve. “O que tenho aqui são comentários sobre como a Argentina se destaca entre os brasileiros. No nosso último levantamento, que traz dados do primeiro semestre, a Argentina está entre os destinos mais vendidos”, destacou Marina.

“Temos a questão do câmbio favorável, que possibilita um upgrade nos serviços, com excelentes hotéis, restaurantes, vinhos e passeios a custos abaixo do que normalmente seriam”

Ainda segundo a executiva, o país, em especial Buenos Aires, é um destino atrativo economicamente para os brasileiros. “Temos a questão do câmbio favorável, que possibilita um upgrade nos serviços, com excelentes hotéis, restaurantes, vinhos e passeios a custos abaixo do que normalmente seriam. Isso já aconteceu outras vezes e, sempre que isso ocorre, vemos a demanda aumentar. Esses fatores fazem com que o destino tenha um atrativo a mais, além de tudo que ele já oferece e as pessoas adoram, e seja cada vez mais procurado”, complementou a presidente da Braztoa.

Cetur

Alexandre Sampaio, presidente da Cetur da CNC (Marcelo Freire)

Alexandre Sampaio, presidente do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por sua vez, disse que é muito difícil prever qual vai ser o futuro da economia argentina com as promessas de Milei. No entanto, ele acredita que, mesmo com as ações do novo presidente, em meio a concorrência internacional, a Argentina continue sendo barata para os brasileiros.

“Eu diria que, com uma economia mais liberal em termos de importação, pode ser que os produtos argentinos, em face da competição internacional, continue sendo baratos para os brasileiros que viajam ao país”

“É muito difícil prever qual vai ser o futuro da economia argentina. Eu acho que se o novo presidente implementar tudo que está dizendo, a economia tende a ter um controle inflacionário, que eu acho que é o mais importante. Esse controle inflacionário não significa que os preços vão se estabilizar rapidamente, já que isso demanda um tempo. No entanto, eu diria que a economia ficará mais estável”, destacou Sampaoio.

Ele lembra que os custos de produção na Argentina são tão complexos quanto no Brasil. “Eu diria que, com uma economia mais liberal em termos de importação, pode ser que os produtos argentinos, em face da competição internacional, continue sendo baratos para os brasileiros que viajam ao país”, frisou.

A preocupação está com a questão da dolarização da economia. “A questão da paridade cambial é que tem que ser analisada, porque se Javier Milei realmente dolarizar a economia, apesar de não ter hoje reserva para isso, logicamente os custos para brasileiros ficarão exponenciais. Vamos aguardar, porque por enquanto tudo é uma incógnita”, finalizou Alexandre ao M&E.

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