
1º Fórum de Fomento ao Turismo Ferroviário inaugura novo marco férreo brasileiro (Ana Voss/Serra Verde Express)
O 1º Fórum de Fomento ao Turismo Ferroviário Brasileiro, organizado pela Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC), aconteceu entre os dias 21 e 23 de novembro, e trouxe à tona o compromisso público e as reivindicações de gestores e empresários para a revitalização dos mais de 15 mil km de ferrovias desativadas no Brasil. No encontro, participaram presencialmente e em formato online, mais de 600 pessoas.
“Embora existam cerca de 25 trens turísticos em operação no Brasil, estes atraíram, apenas em 2023, um público de 4 milhões de passageiros aproximadamente.Esse foi o último levantamento feito sobre o setor e podemos afirmar com dados atuais que os trens turísticos movimentam mais de R$2.5 bi nas economias locais”, declarou Adonai Aires de Arruda Filho, presidente da ABOTTC.
De acordo com o presidente da instituição, a última pesquisa realizada pelo Sebrae, há 15 anos, revelou que cada passageiro de trem turístico gastava, em média, R$600 na região. Durante o fórum, autoridades, gestores e representantes de autarquias públicas participaram de palestras e painéis, com debates sobre legislação, atualidades, dificuldades, possibilidades e impasses do setor.
“Terminamos o evento com o compromisso de todo o setor público em trabalhar no fomento, com o lançamento de uma Câmara temática no Ministério do Turismo. Esta união entre o governo e a iniciativa privada é inédita e marca uma nova era no mercado turístico férreo brasileiro”, completa Arruda.
Compromisso público
“Estamos há menos de 30 dias de instalar o novo Conselho Nacional de Turismo, no qual haverá câmaras temáticas. Uma delas será a subcâmara de Trens Turísticos”, afirmou Milton Zuanazzi, secretário de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade do Ministério do Turismo. De acordo com o secretário, o órgão técnico dedicado ao setor vai reunir entidades como DNIT, ANTT, ABOTTC para uma grande discussão sobre o reaproveitamento da malha férrea ociosa.
Outra autoridade que se comprometeu a engajar o setor foi José Eduardo Guidi, Diretor de Infraestrutura Ferroviária do DNIT. Em seu discurso, o diretor ressaltou o poder do turismo de influenciar vários setores da economia. “A cadeia turística é muito forte, é um dinheiro à vista, autossustentável. E o DNIT está de portas abertas para discutirmos as melhores políticas públicas e soluções urgentes para o setor”, afirmou.
Turismo férreo nacional
“Depois da Medida Provisória 1065 de 2021, que institui o marco legal do transporte ferroviário, nós da ABOTTC estamos considerando este evento como o marco turismo ferroviário brasileiro”, afirmou Arruda Filho. “A partir do que foi discutido e das portas que foram abertas nestes três dias de fórum, podemos dizer que este evento é um divisor de águas”.
O presidente da instituição refere-se à MP 1065/21, que simplificou o processo de autorização para a exploração de trechos férreos sem operação, devolvidos, desativados ou ociosos. A partir dela, passou a ser possível a escolha dos operadores através de um chamamento público pelo Ministério da Infraestrutura, o que foi considerado um avanço histórico para o setor.
Para o presidente da ABOTTC, a partir do que foi discutido no fórum e dos compromissos firmados por todas as instituições presentes, o setor ganha força para que mudanças e novos produtos sejam criados com mais velocidade. “O fórum abriu portas e mentes. Temos agora instituições importantes ao nosso lado e temos certeza de que o turismo férreo brasileiro inaugura uma nova fase”, completa Arruda Filho.