Crie um atalho do M&E no seu aparelho!
Toque e selecione Adicionar à tela de início.
Portal Brasileiro do Turismo

Opinião

​As feiras podem determinar o fim das entidades?

Nem me lembro há quanto tempo ouvimos sobre a possibilidade de as entidades se unirem e realizarem uma única feira/exposição ao ano. Para mim esta ‘possibilidade’ é uma necessidade premente. As entidades que vivem de feiras (a maioria, aliás) devem dar atenção aos alertas que são emitidos – em alto e bom som – a cada edição.

As feiras estão minguando, deixando de ser atraentes tanto para os fornecedores que não se contentam mais com o reduzido interesse do público alvo – que mantém corredores vazios e festas lotadas; e também para os grandes compradores (agentes de viagens) – já que a maioria dos eventos se transformou em exposição de pequenos hotéis (nem são redes hoteleiras) ou ainda o que é pior: com espaços para estandes de bijuteria, maquiagem e sapatos – estes sim, lotados.

Aos grandes expositores que sobram (e são poucos) resta distribuir bebida alcoólica ou contratar ‘globais’ para que os estandes permaneçam lotados. E que ninguém se engane ao imaginar que estas inquietações são exclusivas do Juarez Cintra: trata-se do consenso entre os expositores, que ainda prestigiam estes eventos. É o tema de nossas conversas nos corredores das feiras, que também atesta: hoje, a maioria vai para ter contato pessoal com os agentes e até com outros fornecedores.

Poucos são os visitantes realmente interessados no material distribuído aos agentes de viagens. É usual ver os lounges lotados (espaços que os organizadores não conseguiram vender e se transformaram em áreas de descanso…) de agentes fazendo o descarte do material recolhido.
E cá para nós: realmente para que carregar peso, se está tudo na internet e os promotores fazem visitas constantes às agências? Só a imprensa nos procura querendo saber de novidades e lançamentos. Os “pseudo agentes” param nos estandes à procura de brindes e sequer nos dão a chance de explicar algo sobre os produtos.

Acham que estou pessimista em relação ao assunto? Então me digam onde estão as companhias aéreas? As grandes empresas do setor, com exceção de duas ou três âncoras? O processo de banalização das feiras é gradativo, mas muito perceptível.

Nos dois últimos anos participei de nada menos que 15 feiras: cinco nacionais como expositor e sete, internacionais, como comprador. No Pow Wow e na Fitur, por exemplo, houve a redução do espaço físico, já que os pequenos expositores caíram fora por causa do alto custo. Esse filtro, ao invés de afastar, atraiu os grandes compradores, o que manteve a qualidade e o interesse pelo evento.

No Brasil, as principais entidades/feiras como Abav, Avirrp, Aviesp, Braztoa e Festival de Turismo de Gramado têm que se conscientizar que o expositor não tem mais fôlego para arcar com o pagamento do valor do metro quadrado de estande, mais caro do que o metro quadrado de um apartamento de bom padrão! Ou simplesmente não quer mais contabilizar esta despesa. Na contramão de todo este cenário mais uma feira vem por aí: a WTM-LA. Não esqueçamos ainda que a Abav vem para São Paulo, o que deverá enfraquecer ainda mais as outras feiras.

E por que os grandes compradores deixaram de marcar presença nas feiras? Porque existem os eventos das empresas como Ancoradouro, CVC, Nascimento, Agaxtur, Visual entre outros; que garantem contatos, capacitação, negócios.

É necessário que se reveja este modelo de negócios, urgentemente, com pena de as feiras acabarem em pouquíssimo tempo e, com elas, assistiremos a extinção de entidades tradicionais da indústria turística. De minha parte avalio que as entidades devam investir mais na realização de fóruns e congressos.

Em relação às feiras fica claro que a maioria dos fornecedores e grandes compradores já escolheu do que quer participar. O resto é festa o que, aliás, é muito divertido, mas não paga as contas no final do mês!

Juarez Cintra Filho é presidente do Grupo Ancoradouro

Juarez Cintra Filho

Receba nossas newsletters
[mc4wp_form id="4031"]