Em 2015 ele completa 20 anos à frente da empresa. O empresário uruguaio Juan Pablo de Vera, presidente da Reed Exhibitions Alcantara Machado diz que a decisão de investir cada vez mais no mercado brasileiro está baseada numa demanda de mercado e no crescimento sustentável do segmento de feiras. Em 2007, com a joint venture firmada entre a maior promotora de feiras do mundo – a Reed Exhibitions – e a maior da América Latina – a Alcantara Machado Feiras de Negócios, os projetos e negócios se multiplicaram. E o Brasil, com a estabilidade econômica e um crescimento lento, mas gradual, passou a ser visto como um mercado promissor. Em fevereiro do ano passado, a Multiplus Feiras & Eventos foi incorporada também ao grupo. Com isso, a promotora ampliou seus eventos nos setores de agronegócios, enérgico e moveleiro.
Depois de ter atuado diretamente nos principais eventos nacionais, como a Feira das Américas e o Salão do Turismo – Roteiros do Brasil, a Reed decidiu diversificar sua atuação no país. Em 2013 realizará pela primeira vez a WTM Latin America e a Equipotel. Além disso, a empresa acaba de inaugurar em Recife um escritório regional, o primeiro no país. O motivo, segundo o dirigente, é a demanda de mercado e o fato de se trabalhar com uma expectativa de crescimento de 20% projetada para este ano. O escritório da Reed em São Paulo já é o sexto de toda a rede em volume de negócios no mundo.
MERCADO & EVENTOS – Vocês decidiram abrir o primeiro escritório regional da empresa no país e escolheram Recife. O que levou a empresa a esta decisão?
Juan Pablo de Vera – Nos últimos anos temos prospectado sempre boas oportunidades de negócios com o objetivo de ampliar o nosso leque de atuação no mercado. Percebemos que o Nordeste apresentava todas as características para se atrair uma clientela e tivemos por parte do governo de Pernambuco e da Prefeitura de Recife uma resposta bastante positiva e ágil que atendeu prontamente as nossas expectativas e a proposta de abrir aqui nosso primeiro escritório regional. Sem dúvida, a abertura deste escritório será fundamental na captação de novos clientes e para a realização de grandes feiras. A abertura da Reed Exhibitions Alcantara Machado Nordeste é fruto de uma decisão amadurecida que foi tomada com base no grande potencial de turismo desta região e com isso esperamos contribuir também para o desenvolvimento econômico do Nordeste.
M&E – O que levou a Reed a decidir investir na criação da WTM Latin America e posteriormente na compra da Equipotel?
Juan Pablo – Sem dúvida estas decisões estão baseadas em pesquisas e demandas de mercado. O Brasil de fato não teve em sua economia o impacto registrado por outros países em função da crise econômica mundial. Há boas oportunidades de negócios e também um crescimento sustentável. Quando tomamos decisões deste porte isso está baseado em pesquisas realizadas junto aos nossos clientes, seja no país, como no exterior. Desde 1996, quando decidimos vir para o Brasil, acreditávamos no grande potencial deste país e a maior prova disso é que atualmente este país é a sexta economia do mundo. É até algo curioso porque nós também crescemos e hoje já somos o sexto escritório em volume de negócios da Reed em sua rede mundial. A decisão de comprar a Equipotel segue a mesma linha de raciocínio na estratégia de investimento da Reed. A Equiopotel é maior feira de hotelaria e gastronomia da América Latina, e realizada em duas edições: São Paulo e Nordeste. Com a aquisição, as feiras passam a fazer parte de um calendário internacional de eventos, o que amplia as oportunidades de negócios para visitantes e expositores. A transação coloca o Brasil entre os líderes do setor de hotéis e hospitalidade, dentre todos os países em que o grupo Reed Exhibitions atua. Internacionalmente, nós já detemos a marca francesa Equip’Hotel, o que irá ajudar a alavancar os eventos no Brasil. O objetivo é manter no Brasil o mesmo padrão de qualidade de todas as nossas feiras ao redor do mundo. Já em relação à WTM Latin America isso também foi fruto de uma pesquisa e estamos falando do principal destino emissor da América Latina. A decisão de realizar este evento no primeiro semestre visa atender a quem vende o destino, pois desta forma as pessoas podem se programar para o restante do ano e acreditamos que o mercado internacional vê o Brasil hoje com uma nova visão e tem grande interesse. Além disso, tivemos boas experiências tanto na realização da Feira das Américas, como no Salão do Turismo – Roteiros do Brasil.
M&E – Existe atualmente um volume significativo de consumidores da nova classe média no mercado. É importante manter eventos como o Salão do Turismo para atender este mercado?
Juan Pablo – Sem dúvida que é. Tudo o que puder contribuir para ajudar no desenvolvimento do turismo no país é bem vindo e isso beneficia vários setores entre os prestadores de serviços, seja aviação ou hotelaria, agências e operadoras. Se existe demanda do turismo doméstico então é preciso criar produtos e encontrar meios de fazer estes chegarem ao consumidor. O Salão do Turismo Roteiros do Brasil cumpriu durante alguns anos esta tarefa e os resultados foram bastante positivos. Não importa o modelo dos futuros eventos que venham a ser realizados, mas sim que eles possam corresponder à expectativa do público que precisa de fato ter acesso aos mesmos e conhecer novos produtos e destinos como aconteceu nas primeiras versões do Salão quando o público teve acesso a produtos e destinos que até então não tinha muito conhecimento.
M&E – Uma das preocupações do setor de captação de eventos e feiras no país diz respeito a necessidade de novos investimentos principalmente em infraestrutura. Qual sua opinião a respeito?
Juan Pablo Vera – Compartilho também desta preocupação. Se queremos realizar grandes eventos é preciso que haja também uma infraestrutura capaz de atender a demanda cada vez maior. Não há como reduzir investimentos principalmente nos chamados setores essenciais como mobilidade urbana e outros. Se você realiza uma feira de grande porte é preciso ter não apenas os equipamentos necessários e o espaço adequado. É preciso que haja bons hotéis, aeroportos que funcionem, enfim tudo que permita ao visitante um bom atendimento. O desafio das autoridades responsáveis é justamente manter estes investimentos como uma prioridade de fato. Nos próximos anos o Brasil vai ganhar maior visibilidade em função dos grandes eventos esportivos e temos que nos preparar de modo adequado para isso. Decidimos realizar a WTM Latin America em São Paulo porque é o maior centro de negócios da América Latina. Mas é preciso que se invista em novos equipamentos para grandes feiras. O nível de desenvolvimento que as expositoras têm apresentado nem sempre é compatível com a qualidade da infraestrutura que grande centros como o Anhembi apresenta. A cidade de São Paulo merece um centro de convenções e exposições de acordo com seu potencial e estamos trabalhando junto às autoridades municipais para dar nossa contribuição nesse sentido.
Anabel Moutinho