O Museu da Inconfidência, por ser uma instituição cultural poderosa em Ouro Preto, com projeção nacional e internacional, de certa forma vem sendo vítima daqueles que mais o admiram. O período atual de chuvas, intenso e preocupante, nem de longe vem repetindo a calamidade que foi o de 1979. Mas ocasionou um drama de repercussão nacional. O desmoronamento que atingiu a rodoviária e causou a morte de dois taxistas.
Qual a relação dos outros estragos produzidos na cidade? No centro histórico houve corrida de terra de pequena expressão em dois locais: no Morro da Forca e na Praça Cesário Alvim. Na periferia aconteceram desabamentos localizados, pessoas ficaram desabrigadas. As estradas é que principalmente alimentaram o noticiário. Por uma semana, os dois acessos principais à cidade – a Rodovia dos Inconfidentes e a Estrada Real – estiveram fechados. Convenhamos, tudo isso pouco representa quando examinado com emoção sob controle.
Infelizmente, o Museu da Inconfidência, pela sua importância, parece que jamais pode ser encarado com serenidade. Aconteceu alguma coisa com ele? Absolutamente nada. No entanto, o Estado de S. Paulo, com a respeitabilidade de que goza, chegou a publicar até que o prédio da Casa de Câmara e Cadeia estava deslizando. Uma pessoa de Salvador, que dizia conhecer o Inconfidência, telefonou: “Para que lado ele pode descer?” Informou que a notícia havia sido ilustrada com a foto da Igreja de Santa Efigênia, que passava pelo prédio do Museu. Eu, que não vi a matéria, pergunto: se houve humor, no caso foi do jornal ou do leitor?
Rui Mourão