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Entrevistas

Abav: hora de estabelecer novas relações com o mercado e os agentes

A mudança da diretoria da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav Nacional), eleita no final de novembro último não se limita a troca de nomes. O atual presidente, Antônio Azevedo, planeja em sua gestão um novo relacionamento com o mercado e os agentes de viagens. Nesta mudança também estão previstas a reconfiguração da Feira das Américas e do Congresso da Abav. Confira, nesta entrevista, suas propostas para este novo modelo de gestão que tem como objetivo consolidar a Abav Nacional como uma entidade de maior representatividade com o governo e iniciativa privada.

MERCADO & EVENTOS – Muitos dizem que a Abav só se preocupa com as grandes agências quando na verdade boa parte do mercado é de pequenas agências. Como mudar esta percepção?
Antonio Azevedo – As agências de viagens de menor porte representam a maioria esmagadora da nossa classe e, por isso, não podemos ser elitistas e deixá-las de fora desse processo de desenvolvimento. Desde o início, na concepção de nosso plano de gestão, colocamos em pauta este assunto na ordem das prioridades sugeridas a cada uma das Abav’s estaduais e do DF. A tecnologia, por exemplo, tem que deixar de ser vista como vilã para ser aliada da pequena, média e grande agência. Hoje, em maior ou menor escala, todas as agências já utilizam os recursos de informática. A questão chave é como cada uma delas deve agir para obter máxima rentabilidade e vantagens competitivas. Além disso, outras ações que serão promovidas em nossa gestão permitirão facilitar as relações de consumo entre as chamadas agências de pequeno porte e os seus clientes, através da criação de ouvidorias. Ser empreendedor em uma pequena agência, como é o meu caso, muitas vezes significa ter mais agilidade e mais flexibilidade para as mudanças que se fazem, também, cada vez mais necessárias. Vale lembrar que, o mercado vivencia a formação de alianças estratégicas, fusões e aquisições. Por isso, também, a Abav renova a sua importância como representativa dos interesses da maioria. Ser pequeno não é sinônimo de estar desinformado, muito menos sinal de fragilidade, desde que estejamos todos focados em reais oportunidades de negócios; unidos como categoria e fortalecidos pela consecução de objetivos associativos de interesse coletivo. Repito, para mim, o mais importante é que todas as nossas associadas possam ostentar, com orgulho, a marca Abav. Para tanto, ampliaremos benefícios às agências abavianas e daremos máxima visibilidade aos benefícios já existentes, mas nem sempre conhecidos ou aproveitados da melhor maneira por nossas associadas.

M&E – Uma carta da Abav para a Tam revelou a nova postura da diretoria da Associação cobrando o diálogo como forma de entendimento. Como será esta relação na nova conjuntura?
Antonio Azevedo – Todos nós queremos e precisamos reduzir custos e ampliar ganhos. Difícil é entender quando ocorre o contrário. Ao abrir o diálogo com a Tam, que decidiu criar em seu site um canal próprio de compras coletivas, o que procuramos destacar foi exatamente isso, ao afirmar que é difícil entender como a companhia aérea irá se posicionar em um mercado sem regras e sem limites, competindo consigo mesma, deixando de assegurar a sua rentabilidade. Queremos sim manter um relacionamento de equidade e dialogar sempre de maneira franca, direta e objetiva com todos os players do mercado. O maior ganho que se pode ter, em cenário que é marcado pela profusão dos canais de venda; de tarifas promocionais e uma infinidade de regras, restrições e multas, é a conquista da confiança do consumidor. Cada vez mais, pessoas físicas e jurídicas identificam nas agências de viagens associadas a Abav os atributos da competência técnica e comercial para atender suas necessidades e superar suas expectativas. Portanto, independente do cenário econômico, apostamos na capacitação e qualificação como diferenciais competitivos que fortalecem e valorizam o agente de viagens.

M&E – Paulo Wiedmann, ex assessor jurídico da Abav, diz que os agentes de viagens não conhecem leis e acabam prejudicando seu negócio por falta deste conhecimento. Como mudar este quadro?
Antonio Azevedo – Criamos uma estrutura de serviços, de apoio administrativo e técnico na Abav Nacional voltada para atender as Abav´s estaduais e melhorar a comunicação funcional. Por exemplo, além de disponibilizar consultas gratuitas da Assessoria Jurídica para todas as Abav´s estaduais, apoiamos e multiplicamos as atividades de comunicação do sistema Abav, contemplando a criação de canais voltados à comunicação interna e externa. A rede de comunicação Abav está em pleno funcionamento. Ainda, no primeiro semestre de 2012, instalaremos também modernos recursos de webvídeo e de telefonia Voip, permitindo, inclusive, a realização regular de tele e videoconferências. Essas e outras ações, voltadas à difusão do conhecimento e que aprimoram a interatividade, favorecerão, certamente, todas as associadas. Com foco em aspectos legais, estratégias de marketing, relacionamento com a mídia, incluindo uso de redes sociais, por exemplo, os canais de comunicação da Abav tendem a gerar uma participação mais ativa na mobilização dos agentes de viagens em todas as ações e eventos propostos pela entidade, como o Congresso e Feira das Américas.

M&E – O que muda na próxima edição da Feira da Abav para tornar este evento mais atraente para o agente?
Antonio Azevedo – Este ano o evento Abav comemora sua 40ª edição e proporcionará aos expositores e aos visitantes condições mais atrativas para a realização de negócios. O planejamento da próxima edição está baseado em criteriosa pesquisa, realizada com expositores e visitantes. Rodadas de Negócios, nacionais e internacionais, assim como a criação de salas onde expositores e visitantes poderão interagir, com incremento das atividades de networking, são algumas das medidas que estão aprovadas para ampliar ainda mais a promoção e compreensão dos diferenciais que qualificam e recomendam os produtos, os destinos e os serviços no evento. A maioria absoluta (de expositores e visitantes) não cogita a possibilidade de abrir o evento à visitação pública. Mas tudo é muito dinâmico e nada impede que o evento possa ser aberto ao público. Para os estados e os demais expositores o objetivo é proporcionar aos agentes motivos de sobra para estarem presentes em número cada vez maior, priorizando o comparecimento dos executivos e colaboradores com poder de decisão comercial.

M&E – Além das mudanças na Feira, o que será feito em relação ao Congresso?
Antonio Azevedo – A experiência acumulada, apoiada nas pesquisas que realizamos com os participantes do último Congresso permite orientar e executar adequações, assim como manter o que deve ser mantido, com a segurança de atender as reais necessidades das agências de viagens e de superar as expectativas de todos, inclusive dos mais críticos. Posso adiantar que serão implementadas importantes inovações, no que diz respeito ao formato e à dinâmica do Congresso. Embora inéditas, sabemos que as mudanças responderão plenamente a todos os reclamos dos agentes de viagens, que, em sua grande maioria, cabe ressaltar, elogiaram o temário e o perfil dos palestrantes que foram convidados no ano passado. As melhorias para a próxima edição são de caráter logístico e prevêem mais tempo para debates.

M&E – E quanto à regulamentação da atividade. Entra ano e sai ano e nada se consegue. O que a Abav pretende fazer a respeito?
Antonio Azevedo – O reconhecimento profissional dos agentes de viagens se impõe perante as autoridades e o mercado como um todo em razão da crescente importância dos serviços de consultoria que prestam aos consumidores, que também demandam cada vez mais orientação, frente à diversidade de opções, canais de venda, políticas tarifárias entre outros fatores que, na prática, valorizam a nossa atividade. A falta de regulamentação, após tantos anos de luta e esforços empreendidos no sentido de conscientizar a classe política sobre essa necessidade, atualmente, às vésperas da Copa do Mundo – evento de maior visibilidade midiática global – ecoa como sinal de incompetência parlamentar e dos órgãos públicos “competentes”, no âmbito dos poderes executivo e judiciário. Vamos sim manter a luta em busca de avanços no marco regulatório conquistado com a aprovação da Lei Geral do Turismo. Aliás, por coincidência do destino, fui eu que em 2001, como vice presidente do Goiaci (Guimarães), encaminhei o projeto para o Congresso Nacional, através do deputado Alex Canziani, que aguarda entrar em pauta, para a votação final, há quase três anos. Espero ter a alegria de que ele seja aprovado em minha atual gestão.

M&E – Já que ainda falta uma cultura nos agentes para atrair o mercado emergente da nova classe média, como isso pode se dar?
Antonio Azevedo – Através da capacitação, tanto dos empresários das agências de viagens, como de seus colaboradores, diretos e indiretos. Não é de hoje que a classe média emergente se interessa por viagens, inclusive internacionais. Isso é um processo que vem acontecendo há alguns anos e trabalhamos em paralelo para desenvolver habilidades e serviços adequados a este perfil de demanda, que atualmente representa 58% da base de consumo dos produtos turísticos no Brasil. Ao mesmo tempo em que mais e novos consumidores passam a compor demanda, o mercado de turismo também se adequa para oferecer os melhores serviços. A capacitação é algo que vai estar presente ativamente em toda a minha gestão e, aliado a ela, vamos viabilizar pesquisas de mercado para entender melhor o consumidor, independendo de ser das classes A, B, C ou D. O papel da entidade inclui a oferta de informações às agências de viagens, apontando as tendências de mercado, novas oportunidades de negócios, fontes alternativas de receita e meios de ampliarem os melhores resultados. Enfim, não será por falta de apoio que qualquer uma de nossas associadas deixará de contar com atendimento e orientação compatíveis com a realidade de mercado. Modernamente posicionados como consultores de viagens, não há como acalentar ilusões. Estar atento aos fatos e procurar nos antecipar a eles, sempre com foco na satisfação do cliente, sintetiza o caminho a seguir, rumo à valorização dos serviços prestados pelos profissionais da rede de agenciamento e operações turísticas, sob a ótica de quem interessa: os consumidores.

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