Quem acaba de assumir a presidência do Rio Convention & Visitors Bureau é o hoteleiro Fernando Chabert, que traz na bagagem a experiência acumulada à frente do grupo Othon. Para ele, o Rio de Janeiro recuperou sua imagem frente ao mercado beneficiando o setor de Turismo e a economia da cidade. Ao mesmo tempo, o CEO e presidente do Conselho de Administração do Grupo Othon reconhece que é preciso ainda superar alguns desafios para que os mega eventos programados até 2016 possam ser um sucesso e as oportunidades venham a se transformar num legado positivo para a cidade e o estado.
MERCADO & EVENTOS – O que megaeventos como a Copa e as Olimpíadas podem gerar de oportunidades para o país? E quais os principais desafios a serem superados?
Fernando Chabert – Além da imensa visibilidade mundial, que manterá o interesse dos visitantes pelo nosso país por muitos anos após os eventos, existirá o legado das obras de infraestrutura que certamente beneficiarão a população e os visitantes. Mas temos desafios. No que se referem à qualificação da mão de obra, os programas oferecidos ainda não são suficientes. A iniciativa privada terá que fazer a sua parte, formando profissionais nas suas unidades. Os três principais desafios do Rio de Janeiro face aos mega eventos que vêm por aí são a qualificação da mão de obra, e os investimentos em infraestrutura aeroportuária e rodoviária, que hoje já são largamente deficitárias.
M&E – A hotelaria do Rio vive um bom momento. Como este crescimento deve prosseguir para que não sejam construídos elefantes brancos? E quanto à rede Othon, quais os planos de crescimento?
Fernando Chabert – A hotelaria do Rio atravessa um das melhores fases de sua história. Quanto ao crescimento da oferta hoteleira no futuro, tanto a ABIH-RJ como as autoridades locais têm acompanhado de perto este assunto com muita prudência e sensibilidade. O crescimento na oferta previsto corresponde neste momento à demanda que será gerada pelos grandes eventos confirmados para o Rio de Janeiro nos próximos anos. A própria rede Othon tem planos de expansão. Seguiremos no fortalecimento de sua marca como tradicional operadora e administradora hoteleira com a ampliação de seu portfólio de hotéis para um total de 30 unidades já no final do ano que vem – uma ampliação de 50% das unidades até o fim de 2012. O hotel Olinda, na Avenida Atlântica, será vendido e deixará de integrar a rede a partir do final deste mês. Em 2012, também será consolidado o Othon Business, programa voltado ao atendimento do mercado corporativo, e o Othon Special Guest, programa de fidelidade com pontuação e benefícios globais, além dos contratos com a Worldhotels e com o Ideas – sistema de revenue management. Outros hotéis do grupo como o Bahia Othon e o Belo Horizonte Othon também terão reformas, e o Califórnia Othon Classic será transformado em um hotel boutique com serviços diferenciados.
M&E – O novo sistema de classificação proposto pelo Governo pode ajudar? O que precisa ser melhor avaliado neste processo? Como as novas tecnologias podem ser aliadas na promoção e comercialização?
Fernando Chabert – Hoje em dia existem vários meios que permitem ao consumidor avaliar, não somente a classificação dos hotéis. A verdade é que as opiniões e experiências de seus freqüentadores também devem ser levadas em consideração o que torna a classificação oficial apenas mais um índice. Quanto às novas tecnologias elas podem vir a ser um aliado importante dos hoteleiros na busca de um maior padrão de qualidade. Vou mais além, creio que as novas tecnologias são fundamentais não somente na gestão, comercialização e operação hoteleira, como também no relacionamento com os clientes.
M&E – O grupo Othon sempre foi uma cadeia independente. Como tem enfrentado a concorrência de grandes cadeias internacionais e que resultados obteve neste primeiro semestre?
Fernando Chabert – A melhor forma de enfrentar as grandes cadeias foi dotar o grupo dos recursos mais modernos em termos de tecnologia, e pessoas capacitadas a utilizar essa tecnologia de forma eficiente e produtiva. Hoje estamos a par das grandes cadeias nas melhores técnicas de administração, operação e comercialização dos nossos hotéis. A prova disso é que no primeiro semestre deste ano o nosso lucro operacional bruto apresentou um crescimento de 43% em relação ao mesmo período de 2010, o que comprova que estamos no caminho certo.
M&E – Como novo presidente do Rio Convention, de que forma a cidade pode utilizar sua beleza e infraestrutura na captação de eventos? Como trabalhar mais o mercado de incentivo?
Fernando Chabert – Acabo de ser eleito. Terei que me reunir com o diretor executivo do Rio Convention & Visitors Bureau, Paulo Senise, que vem fazendo um ótimo trabalho à frente deste órgão, para acordarmos as prioridades para os próximos anos. De qualquer forma os eventos já programados para o Rio de Janeiro comprovam que a política atual está dando certo e os números demonstram isso. Quanto ao mercado de incentivo eu diria que os programas têm conhecido um decréscimo a nível mundial em função das sucessivas crises econômicas, e também pelo fato de que alguns países começaram a taxar esse tipo de bonificação, seja para os colaboradores da empresa, seja para seus clientes. Além de identificarmos os mercados potenciais de hoje para esse tipo de negócio, teremos que ter espaço nas conexões aéreas oriundas desses mercados, melhorar a infraestrutura turística, e criar atrativos que vão além da beleza das paisagens, e da simpatia do povo.
M&E – Como analisa a crise que envolve o Ministério do Turismo? Até que ponto o notíciário de desvios de verbas pode se refletir na imagem junto ao setor público e privado?
Fernando Chabert – A crise é lamentável na medida em que, tudo indica, existirá um desperdício de recursos e tempo que poderiam ser melhor empregados na promoção dos destinos turísticos, sobretudo nas vésperas da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Penso que o Governo está atento a esta situação, e tomando as medidas adequadas.