
Flávio Dino
A exemplo do ministro do Turismo, Pedro Novais, o ex-deputado federal, Flávio Dino, que acaba de assumir a presidência do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), não tem experiência anterior no setor. Mesmo assim, garante que sua bagagem política aliada ao trabalho da equipe técnica podem gerar um trabalho de resultados expressivos na promoção do Brasil no exterior. Otimista, em seu discurso de posse garantiu que o turismo no país está no caminho certo e chega a prever que com a realização dos mega eventos esportivos e as ações estratégicas da Embratur os resultados começarão a aparecer até o final desta década, rompendo a barreira dos dez milhões de turistas estrangeiros e triplicando o volume de gastos realizados pelo turismo internacional no país. Confira a entrevista onde fala dos seus planos para o setor.
MERCADO & EVENTOS – Como o senhor recebeu sua indicação para o cargo, levando-se em conta o fato de não ter experiência anterior no setor e de ser um político que ficará responsável pela condução das ações de promoção do país no exterior?
Flavio Dino – Me senti muito feliz pela oportunidade de poder cumprir um dever cívico com a nação. O fato de ser um político em nada irá me impedir de realizar um bom trabalho. Afinal de contas, pretendo utilizar a minha experiência política aliada ao trabalho da equipe técnica da Embratur. O importante é termos uma gestão pública que agregue o político e o técnico. Este é o nosso objetivo. Temos, na Embratur, uma equipe capacitada e o nosso objetivo é congregar este trabalho com os objetivos políticos da Nação, ou seja, tem tudo para dar certo.
M&E – Qual sua análise do momento do turismo no Brasil e quais as principais conquistas e desafios?
Flávio Dino – Eu diria que nos últimos anos avançamos muito. Hoje temos linhas de recursos para o setor hoteleiro com mais de R$ 1 bilhão e programas de capacitação. Estamos agora voltados para a realização de mega eventos, fato que dará ao Brasil uma nova visibilidade no exterior. Para isso estamos buscando estabelecer uma interface com o Ministério dos Esportes para um trabalho conjunto, já que com eventos como a Copa e as Olimpíadas acredito que vamos consolidar a política de turismo num novo patamar. Estamos com a expectativa de apenas no período da Copa receber 600 mil turistas estrangeiros e o papel da Embratur é justamente fazer com que estes turistas voltem ao país e venham cada vez em número maior ao Brasil, possibilitando assim um legado importante para o pós-evento. Acredito que possamos dobrar o número de turistas consolidando a imagem do país como um dos grandes destinos no cenário mundial. Temos desafios como a necessidade de investir cada vez em infraestrutura e na melhoria dos principais aeroportos. Mas estou otimista. Lembro que apenas para os aeroportos estão previstos investimentos de mais de R$ 5,5 bilhões e a ideia é que todo este trabalho deixe um legado permanente para o país. Precisamos também intensificar nosso trabalho de promoção no mercado internacional e tenho certeza que vamos superar todas as dificuldades. Para isso, precisamos aproveitar esta nossa diversidade de atrativos como nosso grande ativo e buscar a segmentação de produtos que é uma estratégia comercial fundamental neste processo de divulgação.
M&E – Em seu discurso de posse o senhor falou das diversidades de atrativos do Brasil. Por que o Brasil recebe ainda um volume pequeno de turistas do exterior, em comparação a outros países?
Flávio Dino – Eu acho que nós conseguimos alcançar um patamar bastante bom porque temos que levar em consideração o contexto da crise internacional a partir de 2008, quando houve uma queda no fluxo do turismo mundial. Este ano já teremos resultados mais expressivos. Também acredito que com os mega eventos, vamos ter resultados cada vez melhores na captação do turismo internacional num crescimento contínuo em relação tanto ao volume de turistas, quanto de divisas internacionais.
M&E – Um dos entraves para vinda de turistas, como os norte-americanos, tem sido a burocracia que exige a emissão dos vistos. Qual sua opinião a respeito dos mecanismos que levam muitos turistas a desistirem de viajar para o Brasil? O senhor também é favorável à flexibilização dos vistos?
Flávio Dino – Temos que respeitar o processo da reciprocidade. Mas é importante que não haja mecanismos de embaraços, pois os Estados Unidos são um importante destino emissor e atualmente ocupam o segundo lugar no ranking dos países que mais enviam turistas para o Brasil. Estamos alinhados com a política do Ministério do Turismo que defende uma flexibilização dos vistos beneficiando assim a vinda de mais turistas ao nosso pais.
M&E – Em sua gestão será dada continuidade a uma política de promoção com foco maior na América do Sul? Alguma coisa muda? E em relação à participação nas feiras internacionais, também teremos alguma mudança?
Flávio Dino – A América do Sul tem se revelado como o nosso principal mercado emissor e não há porque mudar nossa estratégia e nossas ações promocionais junto a destinos como a Argentina. Também é o que apresenta maior crescimento como mostraram os últimos números e além do mais, esta política se alia à estratégia do governo de buscar cada vez mais uma integração com os países da América do Sul. Em relação às principais feiras internacionais, temos um calendário até o final deste ano a cumprir. Quanto ao modelo adotado, vamos avaliar para realizar os aprimoramentos e as mudanças que se fazem necessários e, para isso, estamos discutindo esse tema sempre preocupados em atender aos atores que fazem parte destes eventos, além do fato de as feiras serem um importante instrumento de exposição para o nosso país.